Se o Remo vencer hoje vai quebrar dois tabus: o primeiro, e mais incômodo, o de não faturar um título estadual desde 2008. O segundo, de não ter vencido o maior rival neste ano.
Pela segunda vez consecutiva, a comissão técnica do Clube do Remo fechou o treinamento. A tática do “ninguém entra, ninguém sai” vem se tornando uma constante no trabalho do treinador azulino, Roberto Fernandes. No último treinamento da equipe antes do clássico Re-Pa que decidirá o segundo turno do Parazão 2014, a imprensa foi obrigada a se isolar em uma sala do estádio Baenão, longe do campo. Ar-condicionado, café e uma mesa redonda, mas nenhuma brecha para ver o principal, que era o treinamento do time. Somente por volta de 17h30, Roberto Fernandes deu o aval para a liberação de fotógrafos, cinegrafistas e repórteres.
Estrategicamente, a comissão técnica só liberou o registro em uma parte do treinamento, cuja tônica eram chutes a gol e bolas cruzadas para a área. Depois disso, uma pequena recreação, com titulares e reservas misturados em duas equipes. A tática foi clara: confundir a imprensa e qualquer observador. Antecipar os 11 titulares, então, virou uma tarefa difícil.
Arrancar uma declaração sobre o assunto também não foi simples. Questionado se entraria com o time da última partida diante do rival, Fernandes deixou a dúvida no ar. “Pode ser que sim, pode ser que não”, desconversou, mantendo-se calado. Instigado, o treinador evitou o tema, fugindo da pergunta, mais uma vez. “Pode ser o time do último clássico, mas estamos preparados para outras situações e o que queremos é quebrar este tabu”, disse, sobre os anos sem título estadual.
Roberto, no entanto, admitiu que o meia-atacante Ratinho foi cortado da delegação em virtude de uma contusão e não faz parte dos seus planos. Foi o máximo o que falou sobre o time, formação ou esquema tático.
O discurso entre os azulinos é um caso tão sério que jogadores como Thiago Potiguar e Leandro Cearense estão proibidos de falar com a imprensa. A dupla tem o perfil de dar declarações mais bombásticas, por isso, a comissão técnica vetou entrevista, de acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa do Leão.
Só quem quebrou um pouco o silêncio foram os jogadores de defesa. Um deles, o zagueiro Max. Sem bobear, ele também optou falar pouco e acabou se tornando evasivo. “Não tem muito que falar. Quem quiser ver como a equipe vai jogar, paga o ingresso e vai prestigiar o nosso time em campo”, disse, esbanjando bom humor.
O segredo é absoluto e nenhum dos escalados para entrevistas deu sequer uma pista. “Jogamos bastante neste ano contra eles, mas sempre tem um detalhe em clássico que pode fazer diferença. Isso faz parte. Nós sabemos o esquema deles, eles atacam muito bem e defendem bem, então temos que fazer de tudo para buscar a vitória”, falou o zagueiro Raphael Andrade.
Pelo que se pode deduzir, a mais provável equipe do Remo para o clássico Re-Pa de nº 726, hoje, na decisão da Taça Estado do Pará será a seguinte: Fabiano, Levy, Raphael Andrade, Max e Alex Ruan; Dadá, Ilaílson, Eduardo Ramos e Thiago Potiguar; Rony e Leandro Cearense (Val Barreto).
Amazônia, 28/05/2014