O Remo voltou ao Mangueirão na noite de ontem e, ao contrário do que ocorreu no Re-Pa, deixou sua torcida contente. Ainda que bem menor do que na derrota para o Paysandu, o público de pouco mais de 6 mil pagantes saiu satisfeito pela vitória de 4 a 0 sobre o Gavião Kyikatejê, com gols de Val Barreto (duas vezes), Carlinho Rech e André. Foi a maior goleada do Parazão 2014 até aqui (a bem dizer, a única), em uma noite em que placares elásticos foram registrados nos outros dois jogos: Paragominas e São Francisco empataram em 3 a 3 e o Cametá derrotou o Santa Cruz por 3 a 1, resultado que garantiu o Cametá nas semifinais e eliminou o time de Cuiarana.
Com o resultado no Mangueirão, o Leão Azul recuperou, pelo menos temporariamente, a liderança do Campeonato Paraense e garantiu sua classificação antecipada para as semifinais do primeiro turno. Com 4 pontos e na vice-lanterna, o Gavião não tem mais chance de se classificar.
Embora tenha saído de campo com a primeira goleada do Parazão 2014, o Remo – é preciso dizer – não fez um grande primeiro tempo. Com três modificações e pressionado pela necessidade da vitória, o time mostrou visível nervosismo no começo. Os problemas, no entanto, não se restringiram à parte psicológica.
Taticamente, o Leão tinha setores muito distantes e deficiência na criação. Eduardo Ramos, de meia único, não funcionou. Muito marcado por conta do esquema adversário com seis homens no meio de campo (3-6-1), errou muitos passes e até domínio simples de bola. Assim, o Gavião aproveitou-se da instabilidade do Remo para começar melhor.
A principal oportunidade foi aos 9 minutos, com Edinaldo. O ex-remista recebeu na esquerda com liberdade, avançou e encheu o pé. Fabiano, com segurança, fez a defesa. Aos 16′, o time indígena apareceu de novo com perigo, em cobrança de falta. Não houve finalização, mas o bate-rebate dentro da área do Remo representou grande perigo.
No entanto, da mesma forma que cedia espaços para o contra-ataque, o Leão criava jogadas de perigo. Jogando com três volantes – Dadá e André na cabeça de área e Jhonnatan mais próximo do ataque -, o time azulino centralizava demais as jogadas. Por isso mesmo, tinha dificuldade para penetrar na defesa adversária. Somente aos 20 minutos, Eduardo Ramos recebeu lançamento na entrada da área e chutou para a defesa de Douglas.
Mas foi em uma bola parada que o time da capital abriu o placar. Aos 22′, em cobrança de falta da intermediária, o volante André acertou um míssil no ângulo esquerdo de Douglas. Um golaço. Leão 1 a 0. O jogador, porém, teve pouco tempo para saborear o bom momento. Aos 29′, André sentiu uma lesão e teve de sair. Em seu lugar, entrou o meia-atacante Zé Soares.
O tento deu um pouco mais de tranquilidade ao time do Leão – o que não significa que o time passou a jogar bem. O Gavião continuou ameaçando. Paulinho 47 deu bom passe para o atacante Gaguinho dentro da área, que bateu cruzado em cima de Fabiano. Boa chance do time indígena. O Leão também assustou. Aos 43′, Jhonnatan apareceu na frente com muito perigo, mas Douglas espalmou para escanteio.
Assim como nos outros jogos do Parazão – exceção contra o Paysandu -, o Remo foi ontem para os vestiários debaixo de vaias. Já no intervalo, Charles Guerreiro mexeu no time demonstrando querer ampliar o placar. O centroavante Leandrão deu lugar ao xodó da torcida, Val Barreto, mas foi o zagueiro Carlinho Rech quem mexeu no placar. Logo aos 2 minutos, ele completou, de cabeça, bola cruzada de Eduardo Ramos, fazendo 2 a 0.
Após sofrer o segundo gol, o Gavião tentou sair mais para o ataque e acabou dando o contra-ataque para o Remo. Logo na primeira oportunidade, aos 8′, Levy fugiu pela direita e cruzou na medida para Val Barreto, que só teve o trabalho de cabecear no contrapé do goleiro: Leão 3 a 0. “Valotelli” também marcou o quarto, aos 17′, escorando cobrança de falta de Eduardo Ramos.
Com a larga vantagem no placar, o Remo passou a controlar o jogo. Com Athos no lugar de Eduardo Ramos, o time ganhou fôlego para segurar o ótimo resultado no Mangueirão. Ainda dava tempo para mais gols, mas a goleada já estava definida.
Nas entrevistas após a partida, Val Barreto soltou o verbo e afirmou que a atuação destacada foi uma resposta às críticas de parte da imprensa sobre sua forma física neste início de temporada.
“Algumas pessoas disseram que estou gordo, que não estou bem e que não deveria estar no Remo, mas a torcida me apoia muito, sempre. O importante é ter essa confiança da torcida. Sei que estou fazendo o meu melhor e consegui fazer esses dois gols, ajudando meus companheiros”, declarou “Valotelli”.
O técnico Charles Guerreiro se mostrou aliviado com o resultado. “Fizemos um grande segundo tempo, encurralando o adversário em seu campo. Marcamos três gols, mas podíamos ter feito muito mais. O importante é que conseguimos aproveitar as chances criadas no ataque, o que não vinha acontecendo nos jogos anteriores. Assim conseguimos transformar a vitória em goleada para premiar a torcida que veio nos prestigiar”, disse Guerreiro.
Para o comandante azulino, as três mudanças realizadas (Levy, Carlinho Rech e Dadá) no seu time foram positivas e trouxeram o resultado esperado. “Essa é uma mostra de como nosso elenco é forte. Todos que entraram hoje (ontem) aproveitaram muito bem a oportunidade e vai ser assim até o fim do campeonato. Todos vão ter sua oportunidade em campo. No geral, as mudanças deram mais força na marcação e velocidade nas saídas de bola”, concluiu.
Para a partida de domingo, diante do Paragominas, na Arena Verde, Guerreiro não poderá manter a mesma equipe que entrou em campo ontem. O zagueiro Max e o meia Eduardo Ramos receberam o terceiro cartão amarelo e estão suspensos. O técnico remista, porém, não quis adiantar quem serão seus substitutos.
“Temos um grupo forte. Preciso definir se vamos com três volantes ou com essa formação do segundo tempo. Esse jogo com o PFC tornou-se um clássico, já tem história, por isso temos que ter respeito. Temos que ir focados para que a gente possa manter a primeira colocação”, explicou o treinador.
O Liberal, 30/01/2014