A exigente torcida remista não demora a mostrar seu descontentamento quando as coisas não vão bem para o time. Por várias vezes esse descontentamento foi manifestado com gritos pedindo a entrada de Val Barreto, que a torcida canta como seu artilheiro e goleador. Ontem, a voz das arquibancadas se mostrou certa: sem Leandrão, machucado, o Remo foi de Val Barreto no ataque. Foi dele o gol que garantiu ao Leão um título que pode até ser simbólico, mas foi comemorado efusivamente.
É difícil não crer que a opção de Charles Guerreiro pela entrada de Val Barreto não teve um dedo do Fenômeno Azul. Afinal, a primeira opção do treinador na ausência de Leandrão era Leandro Cearense, como Charles demonstrou no time que enfrentou o Paragominas pela primeira partida da Copa Verde. Leandro Cearense marcou neste jogo, mas já no segundo a vaga ficou com “Valotelli” – que, inclusive, fez gol e deu passe na classificação para a segunda fase da competição.
Foi no jogo de volta da Copa Verde que Val Barreto disse ter sentido que o título viria. Ele diz que enquanto se preparava para a partida, já imaginava a Taça Cidade de Belém vindo para os braços azulinos. Ontem esta “visão” começou a se tornou realidade quando, aos 28 minutos do primeiro tempo, ele marcou para o Leão, aumentando a vantagem azulina na decisão.
A conquista da Taça Cidade de Belém foi uma espécie de redenção para o jogador, que depois de um ano como xodó da torcida, iniciou esta temporada em baixa e sofrendo críticas, mas deu a volta por cima e ontem viveu um dia de sonho.
Qual a emoção de fazer um gol que pode reiniciar uma época de conquistas para o Remo?
Passamos por tanto tempo sem conquistar nada, que vejo esse título como uma coroação ao nosso trabalho. Sempre trabalhei forte e com profissionalismo. Deus me honrou com este gol e um título, que foi maravilhoso. Isso é bom, principalmente para quem ficou do ano passado para cá. Passamos por muitas dificuldades e lutas. Quero oferecer este título ao meu amigo Henrique (zagueiro do Remo), que hoje ficou em casa. Levante a cabeça que Deus vai te abençoar também.
Fora o apoio da torcida, de onde você tirou forças para reencontrar o bom futebol?
Do trabalho mesmo. Todos os dias após os jogos vou para a academia e me cuido. Sabemos que os campos são pesados, até senti um pouco no fim do jogo de hoje (ontem), então é preciso se cuidar. Deus abençoa quem trabalha. Posso pegar pelo excesso de trabalho, mas nunca por não trabalhar. Cansei de alguns questionamentos de pessoas que não entendem o que passamos e falam coisas tentando nos entristecer. Confiava no meu trabalho e sabia que a hora chegaria.
O que passou pela cabeça enquanto dava a volta olímpica e a torcida gritava o seu nome?
Isso coroa o nosso trabalho. A torcida sempre nos apoiou e estou acostumado com isso. No último jogo, contra o Paragominas, vi a taça ali no meio, comecei a focar a taça pensando em hoje (ontem). Não estou surpreso. Sabia que a gente ia conquistar pela fé em Deus, pelas promessas que fazemos. Sem desmerecer o Paysandu, que tem grandes jogadores e trabalhadores. Soubemos respeitar o adversário e colocar em prática nosso jogo.
Amazônia, 24/02/2014