Remo 5x5 Tapajós (Rony e Eduardo Ramos)
Remo 5x5 Tapajós (Rony e Eduardo Ramos)

Seis jogos de invencibilidade. Quatro vitórias e dois empates. Vaga na semifinal da Copa Verde encaminhada e líder do grupo no Parazão após a 1ª rodada. Um cenário animador, sem dúvida, em termos de resultados. Por outro lado, temos também um time instável em todos os setores, que passa a impressão de que pode desmoronar a qualquer momento. O Remo se equilibra entre esses dois extremos. A linha é tênue e ainda não dá para saber para qual lado o clube irá pender ao final. O fato é que vivemos uma “paz armada”. Não há motivo concreto para tanto desespero, mas não podemos evitar o domínio da tensão por conta de uma possível tragédia, baseados no histórico recente e, claro, pela qualidade do futebol apresentado.

O empate em 5 a 5 do último domingo (15/03) contra o Tapajós foi o retrato perfeito da atual situação azulina. As falhas e as virtudes do time mostraram a sua cara na mesma proporção e facilidade com que os gols saíam. O lado positivo foi o poder de reação. Empolgou a torcida que já dava o jogo como perdido e é algo que o Remo não tinha há um tempo. E não foi caso isolado. Contra o Princesa de Solimões (AM) também fomos buscar a virada. Sempre na raça. Sim, porque organização tática anda em falta. Esse é o lado negativo. É impressionante como o Remo demora a se encontrar em campo, é bagunçado, se deixa dominar, mostra imaturidade. O “vamo que vamo” é a estratégia. E ela seria altamente condenável. Se não estivesse dando certo.

A minha posição é clara: não podemos escolher como ganhar – ou empatar nesse caso, o que, dadas as circunstâncias, não foi de todo mal. O Remo precisa ser campeão. Se for para ser na base do abafa, aos trancos e barrancos, que seja. Quantas vezes já não jogamos certinho, acumulando vitórias fáceis e fechando o Parazão na ponta da tabela em número de pontos, mas perdemos a vaga à Série D no mata-mata? Quero título, resultado. Jogar bem ou jogar mal pouco importa a essa altura do campeonato. Tenho mil ressalvas quanto às escolhas e decisões de Zé Teodoro, mas não o tiraria. Até porque o campeonato é curtíssimo. Um novo técnico viria e não ia ter tempo nem para decorar o nome dos jogadores. Então, para o bem ou para o mal, o técnico é Teodoro. Cobre-se dele, mas sem deixar de incentivar, sem torcer contra, como muitos fazem.

Voltando ao jogo, pode-se reclamar de qualquer coisa, mas ele valeu o ingresso. Não é todo dia que assistimos a 10 gols numa única partida. Até porque a maioria dos times brasileiros segue o padrão de que o mais importante é não tomar gol. Fazê-los, apenas se possível, sem correr riscos. E vários riscos foram assumidos neste Remo x Tapajós, tornando-o um confronto franco, gostoso de se ver, principalmente para o espectador que estava de fora. Para o torcedor do Remo, a sensação é de ter assistido uma disputa de pênaltis de 90 minutos, com direito àquela agonia incontrolável. Ver o time tomar gols, o adversário abrir 4 a 2, e saber que o seu ataque tem por regra desperdiçar chances, deixava tudo ainda mais difícil.

Mas chegamos lá. Com Eduardo Ramos, que segue sendo decisivo, o melhor jogador do time disparado. Com Alberto, que pode ter sumido do jogo e dado brechas na defesa, mas a patada que deu para deixar o placar igualado fez com que fosse impossível não perdoá-lo. Com Paty, que deu uma forra, aleluia. E com Val Barreto, que voltou a dar as caras. Saiu de uma incompreensível geladeira com estilo e deve ter mais chances agora, assim espero. Na verdade, poderia até ser o centroavante titular, deslocando Caça-Rato para a sua posição original, pelas pontas, onde, quem sabe, ele possa sair das sombras do marketing e, enfim, jogar futebol. Fora que Rony precisa de um tempo no banco. É bom de bola, mas vai acabar se queimando. A falta de opções é um complicador, mas é preciso tentar.

Um pênalti bobo no finalzinho do jogo manchou o que poderia ter sido uma virada histórica e fator de motivação para o grupo e torcida. Entre as inúmeras coisas que faltam ao Remo, a carência de equilíbrio foi notadamente o que mais pesou. Quando o time consegue fazer 5 gols em um jogo, a defesa tem uma tarde sofrível. Quando sobra vontade e empenho, cadê a técnica e a inteligência? Assim, fico ansioso e apreensivo pela próxima partida, contra o Cametá, quarta-feira (18/03). Será mais uma decisão que o Leão irá cumprir. Todos os jogos serão assim, terão esse clima de tensão à flor da pele. Ainda mais quando sabemos que o time azulino está envolto em uma cortina de fumaça. Resta saber se o seu efeito vai durar até quando precisarmos.

Confraria Azulina, 16/03/2015

Clique aqui e assista aos melhores momentos de Remo 5×5 Tapajós