A pergunta é: por que os conselheiros, grandes beneméritos e associados do Remo não tomam uma atitude enquanto (ainda) há tempo de salvar o clube? O que falta para assumirem de verdade a gestão do clube? Um exemplo recente prova que é possível resolver os problemas.
No Campeonato Paraense, com grave crise no elenco e risco de eliminação do time, o Condel entrou em ação, garantiu o pagamento de salários e botou a casa mais ou menos em ordem. Graças a essa providencial intervenção, o Remo conquistou o bicampeonato, foi à final da Copa Verde e assegurou a vaga na Série D.
A situação se repete agora, a apenas um mês da estreia na Série D. Sem receber desde abril, os jogadores iniciaram um boicote aos treinos. Além do vexame público para a instituição, há o prejuízo de natureza técnica. O time não treina, deixa de cumprir a programação estabelecida e põe em perigo a campanha de busca do acesso à Série C.
Na quarta-feira, 10/06, os garotos do Sub-20 foram barrados no CT do Carajás por falta de pagamento. Não sequer há copos descartáveis para os jogadores e funcionários nas dependências do estádio Evandro Almeida.
Como consequência da briga entre gangues organizadas no estádio de Bragança em 2014, o Remo pegou 3 jogos de suspensão de mando de campo no julgamento realizado no STJD. Com isso, só poderá jogar em Belém a sua última partida pela primeira fase da Série D, em setembro. Com todos os patrocínios já bloqueados, como serão saldadas as dívidas mensais pelos próximos 3 meses?
Na Justiça do Trabalho, os advogados conseguiram a suspensão do leilão da área do Carrossel. Enquanto isso, novas ações continuam a chegar ao Tribunal. Heranças trágicas da gestão de Zeca Pirão, que se espraiam sobre a não menos aloprada administração de Pedro Minowa.
O Remo, a cada novo episódio surreal, parece confirmar o célebre princípio da Lei de Murphy: tudo que está ruim sempre pode piorar. Em meio à turbulência, ainda há dirigente falando em mais contratações!
Alguém precisa controlar os celerados que dominam o clube, fazer com que pelo menos cessem as sandices delirantes. Urge prestar contas também do dinheiro arrecadado, perto de R$ 2 milhões, nos jogos finais do Parazão e na decisão da Copa Verde no Mangueirão.
A essa altura, seria oportuno (e digno) que o presidente fizesse um exame de consciência ante o iminente colapso administrativo-financeiro. Se não há meios de gerir o clube, que entregue o bastão pelo bem da instituição.
E que o Condel se mexa, chame para si a responsabilidade neste momento grave da vida do clube, convocando nova eleição ou empossando uma junta governativa – de preferência sem ninguém ligado às duas últimas gestões.
Blog do Gerson Nogueira, 12/06/2015