O Vilhena (RO) precisa apenas de uma vitória simples para conquistar o título rondoniense da temporada, seria o terceiro consecutivo. O adversário é o Genus (RO), time que tenta ser o dono da taça pela primeira vez. O VEC já tem garantida a vaga na Série D deste ano através da conquista do primeiro turno. Porém, fora dos gramados, passa por uma crise que pode, inclusive, complicar sua participação neste Brasileirão.
Um grupo de 12 jogadores recorreu à Justiça para cobrar salários atrasados e direitos trabalhistas, além de denunciar maus tratos e ameaças por parte do presidente Carlos Dalanhol. A Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) garante que a denúncia já foi comunicada à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Na denúncia protocolada no Ministério do Trabalho e Emprego e no Ministério Público do Trabalho de Rondônia, os atletas relatam que o último salário recebido foi de fevereiro de 2015, estando em aberto ainda os meses de março, abril e maio.
Com boa campanha durante todo o Estadual, o Vilhena (RO) fez o primeiro jogo da final do Campeonato Rondoniense no último sábado (27/06) e alguns atletas se recusaram a entrar em campo, o que teria motivado ameaças do presidente da agremiação, como despejo do alojamento e ainda interrupção da alimentação. Segundo Filipe Rino, advogado dos atletas, os jogadores não atuaram na partida e, por isso, receberam apenas macarrão e salsicha para comer.
Com a derrota no estádio Aluízio Ferreira, Filipe Rino conta que Dalanhol teria se enfurecido e os jogadores, alguns com esposas e filhos, ficaram com medo da violência e saíram durante a noite de Vilhena (RO), retornaram aos seus Estados de origem.
“Após a paralisação, respaldada pelo artigo 32 da Lei Pelé (Lei 9.615/98), a diretoria ameaçou despejar os atletas do alojamento e cortar a alimentação. Essa situação nós não vamos aceitar. A Fenapaf repudia todo tipo de ameaça e inadimplência”, ressalta Filipe Rino.
A Lei Pelé permite ao atleta profissional, em caso de salários atrasados, no todo ou em partes, no período de 2 meses ou mais, recusar-se a competir pela equipe.
Além dos salários atrasados, a denúncia traz ainda cobrança do depósito de FGTS e recolhimento de INSS que foram descontados nos pagamentos efetuados. Também relata que não foram entregues os contratos, federativo e o de direito de imagem, bem como também não houve registros nas Carteiras de Trabalho dos jogadores.
O documento ainda informa os valores repassados pela CBF pelas participações do Vilhena (RO) na primeira fase da Copa do Brasil (R$ 200 mil) e Copa Verde (R$ 30 mil) e, ainda, os valores repassados pela Federação de Futebol Rondoniense (FFER), pelo título do primeiro turno, que garantiu a vaga na Série D do Brasileirão (R$ 25 mil). O documento não menciona os valores de patrocínio e bilheteria.
A denúncia foi feita na quarta-feira, dia 24/06, pedindo que MTE e MPT apurem as eventuais irregularidades. No dia seguinte, a mesma denúncia foi encaminhada ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pedindo a intervenção da entidade.
Segundo a Fenapaf, a CBF garantiu que o Vilhena (RO) está proibido de inscrever novos jogadores até a resolução dos impasses com os contratados, podendo inclusive, impedir a participação no Brasileirão.
Segundo o advogado Filipe Rino, além dos jogadores, o ex-técnico do clube, Márcio Bittencourt e o assistente Júnior Martins, também recorreram à Justiça para receber os salários atrasados. O valor dos jogadores gira em torno de R$ 350 mil e dos membros da comissão técnica em R$ 150 mil. A folha de pagamento do clube, segundo a Fenapaf não ultrapassa R$ 50 mil.
Procurados, os atletas preferiram não se pronunciar a respeito do assunto. Os nomes dos jogadores foram mantidos em sigilo a pedido da Fenapaf.
O presidente da agremiação, José Carlos Dalanhol, contesta o fato de os últimos pagamentos terem sido feitos em fevereiro, informando que somente os salários de abril e maio ainda não foram quitados. Ele também rebateu as acusações de maus tratos, informando que a residência onde moram os atletas conta com piscina, TV por assinatura, internet, além de alimentação adequada. Entretanto, ele não descartou a hipótese de despejar os atletas que estão paralisados.
“Minha obrigação é com os meninos que estão vestindo a camisa, que estão treinando. O dinheiro que tinha que dar para eles (para os jogadores que entraram na Justiça) agora vou ter gastar com advogado. Vou depositar o FGTS deles e acertarei na Justiça”, destacou Dalanhol, informando que não assumirá as despesas para que os atletas retornem aos seus Estados de origem.
Para os demais jogadores, ele informou que irá vender um de seus carros para efetuar os pagamentos. Sobre a quantia repassada pela CBF pela participação na Copa do Brasil, o presidente afirmou que o valor foi gasto para quitar as primeiras folhas de pagamento da equipe.
Globo Esporte.com, 03/07/2015