Baenão
Baenão

Em setembro de 2013, a diretoria do Clube do Remo promoveu um evento na sede social para apresentar o projeto do novo Baenão. As obras já haviam começado e entre as principais mudanças estava prevista a troca de todo o gramado, nova iluminação geral, instalação de alambrados de acrílico e novos camarotes.

O estádio Evandro Almeida teria capacidade para 20 mil pessoas e a previsão original é que a primeira etapa da obra fosse entregue em janeiro do ano seguinte. Hoje, junho de 2015, quase nada foi feito e o Baenão não está apto para receber partidas oficiais.

O gramado foi trocado, embora hoje se mostre totalmente prejudicado. O alambrado saiu para dar lugar a placas de acrílico, algumas já quebradas. Os prometidos dois novos lances de arquibancada nunca saíram do papel, sendo que a parte onde ficavam as “cadeiras vips” foram derrubadas, dando lugar a um tapume que esconde um matagal.

Desde 2014, o Remo tem que usar o Mangueirão em seus jogos oficiais, o que diminui sensivelmente os ganhos do clube. O estádio azulino está sem quase nenhum laudo para funcionamento.

O “quase” se deve porque há quase duas semanas o Corpo de Bombeiros esteve no local para uma vistoria e liberou parcialmente o Evandro Almeida. A arquibancada que fica para o lado da Avenida 25 de Setembro foi liberada para receber 2 mil torcedores, ao passo que as cadeiras foram abertas a 260 torcedores. Isso para jogos amadores, como o Campeonato Paraense Sub-20.

É muito pouco, mas toda caminhada começa com o primeiro passo. Para que haja alguma partida oficial, ainda é preciso de laudos da Polícia Militar, Vigilância Sanitária e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA).

Em parte isso se deve a um trabalho que é feito fora do espectro de comando da atual diretoria. O advogado e comerciante Hélder Cabral foi guindado ao posto de Diretor de Estádio no início do ano e a situação que encontrou no Baenão o incomodou demais.

“O que me levou a essa empreitada foi o descaso que encontrei aqui. Sou torcedor antes de ser diretor e não merecíamos aquele estado de destruição de nosso patrimônio”, comentou.

Sem dinheiro em caixa, com o clube vivendo um turbilhão político com a tentativa de deposição do presidente Pedro Minowa, a saída foi apelar a torcedores, empresários, enfim.

“Nunca pedi nada à torcida. Quando mostrar o trabalho, quero alcançar a massa. A torcida já viu tantos projetos que não saíram do papel, por isso quero primeiro mostrar serviço para trazê-la ao meu lado. Acredito que a torcida vai ajudar, mas acho que isso passa pela recuperação do time em campo, para chamar a atenção ao Baenão. Até o fim do ano, o estádio estará quase pronto, apenas sem a arquibancada da Travessa das Mercês”, completa Cabral.

Se o Remo engrenar na Série D do Campeonato Brasileiro, é líquido e certo que a torcida estará em peso no Mangueirão. Tem sido assim nos últimos anos de dificuldades. Com a galera do lado, Hélder acredita que possa ser feita uma campanha para levantar mais fundos para as reformas.

O trabalho nos “tobogãs” é dividido em 3 etapas, com as recuperações dos pilares, vigas e arquibancada. Há material para a primeira etapa da arquibancada para o lado da Avenida Almirante Barroso, mas falta dinheiro para a mão de obra.

Ao lado do dirigente, há um grupo de torcedores que tem arrecadado doações de materiais de construção e de dinheiro para este fim. O movimento “De Volta Para Casa #DeVoltaParaCasa” visa, obviamente, levar jogos de volta ao Baenão. De acordo com Hélder Cabral, esse retorno passa por uma união maior entre os azulinos.

“Não temos um apoio maciço, apenas de grupos isolados. Tudo o que tem aqui é bancado por colaboradores. Ainda não tivemos a contrapartida de remistas com maior poder aquisitivo. Não recebi sequer ligações. Estou esperando”, contou.

[colored_box color=”yellow”]Quem deseja colaborar com o projeto #DeVoltaPraCasa com doações em dinheiro ou em materiais, pode entrar em contato com o diretor Helder Cabral pelo telefone (91) 99219-5005 ou fazer o depósito diretamente em conta no Banco do Brasil, agência 3074-0, conta-poupança 51.337-7.[/colored_box]

Ao lado do também engenheiro José Zacarias, mestre em materiais de construção pela USP (Universidade de São Paulo), Evaristo Júnior faz parte de uma verdadeira força tarefa que vem trabalhando no Baenão.

Mestre em estruturas de construção civil e patologias pela UnB (Universidade de Brasília), Evaristo explica que o Evandro Almeida chegou ao ponto em que está por causa da falta de uma manutenção constante que a estrutura demanda.

“É um estádio antigo e nenhuma estrutura de concreto é eterna. Para tanto, é preciso um cuidado constante e manutenção de tempos em tempos”, confirmou o engenheiro.

“Baenão é um estádio médio e tem vários pilares de sustentação. O principal fator de deterioração é o tempo, assim como urina nos pilares, CO2 (dióxido de carbono) vindo dos carros, entre outros. Tudo isso entra na estrutura e vai prejudicando o estádio. A norma recomenda inspeções a cada 5 anos. O que posso dizer é que, se o atual trabalho for concluído, dentro de 10 anos não teremos nenhum problema, obviamente se, nesse período, houver um cuidado constante com o estádio”, completou.

Segundo o engenheiro, com manutenção e cuidados, a obra que está sendo feita tende a durar pelo menos 30 anos até uma nova reforma.

Amazônia, 07/06/2015