Na última reunião do Conselho Deliberativo do Remo, a mesma que decidiu pelo afastamento do presidente Pedro Minowa, dois documentos lidos diante dos conselheiros reunidos serviram de base para fomentar as investidas pela saída do dirigente. Ambas partiram diretamente de pessoas pertencentes à cúpula da atual administração.
O primeiro deles foi escrito pelo vice-presidente Henrique Custódio, que expõe seus motivos que o levaram a pedir licença de 6 meses do cargo. No conteúdo, o médico enumera várias questões referentes à falta de transparência e o isolamento ao qual foi posto por não concordar com algumas decisões tomadas pelo presidente e seus assessores mais próximos. Entre os pontos destacados por ele, o projeto Nação Azul, responsável pela gerência do programa Sócio-Torcedor, foi severamente criticado.
“Divergi veementemente da forma de administrar do Nação Azul, fazendo cobranças à empresa que administrava o programa Sócio-Torcedor, sobre as prestações de contas, porém nunca fui atendido”, disse.
Custódio faz um resumo de sua história no clube e por fim levanta outra crítica feroz, desta vez acerca da negociação envolvendo o atacante Rony, vendido a um empresário e posteriormente encaminhado ao Cruzeiro (MG).
“Se o Conselho de Futebol tivesse participado da negociação com o empresário do atleta Rony, não estaríamos enfrentando essa situação constrangedora. Foi uma decisão unilateral do presidente, não tendo sequer se dignado em dar ciência ao vice”, encerra.
[colored_box color=”yellow”]Coronel Maroja
O ex-diretor de segurança do clube, Coronel Maroja, também encaminhou ao Conselho Diretor um documento colocando o cargo à disposição, por conta de um episódio ocorrido nos jogos da chamada “casadinha”, no mês de março. No último jogo, em especial, o Remo enfrentou o Atlético (PR), na final da Copa Verde, onde o ex-chefe constatou irregularidades.
“Os ingressos confeccionados pelo Clube do Remo, em especial os realizados na promoção casadinha, resultaram em uma ausência de controle pelos que trabalham na fiscalização (…) sendo a clonagem uma constante e ensejando problemas exagerados na condução do jogo”, escreveu.
“Em nenhuma oportunidade – salvo na final do segundo turno – os ingressos obedeceram a previsão de chegada”, continua a carta de Maroja. “A impossibilidade, a ausência de mecanismos de controle e aferição, resultou em uma avalanche de acessos de torcedores com ingressos clonados”, continua.
Na partida contra o Cuiabá (MT), Maroja afirma que a Polícia Militar calculou um número estimado em 48 mil pessoas, muito acima dos 34 mil levantados no borderô oficial. Já pela estimativa do ex-diretor, mais de 50 mil pessoas podem ter entrado no Mangueirão.
Os questionamentos prosseguem em cima de desmandos dos diretores e encerram com um lamento sobre uma suposta crítica do presidente, feita pelo celular, onde Minowa teria dito que o coronel “atrapalha” o Remo.[/colored_box]
Diário do Pará, 21/05/2015