Enquanto tenta contratar um novo técnico e formar elenco para a próxima temporada, a diretoria do Remo convive com outros problemas, igualmente sérios e urgentes. Alguns relacionados à própria dinâmica política de um clube de massa. É o chamado “fogo amigo”, que pouco contribui e muito tumultua, como a recente entrevista do ex-diretor Sérgio Dias, tornando públicas diversas situações de ordem interna.
Segundo Dias, apesar de ter 4 competições a disputar em 2016, a realidade azulina é menos risonha do que parece. Além da falta de técnico e time, o Leão pode ficar sem estádio (Baenão deve entrar em obras) e é provável que fique também sem presidente, diante das dúvidas quanto ao novo pleito, ainda não marcado.
Colaborador da gestão atual atuando no Departamento de Futebol, Sérgio Dias expôs problemas crônicos existentes no clube. Afiançou que existem hoje 5 grupos disputando espaço político. O que poderia ser um sinal de vitalidade democrática é também um tremendo empecilho para o diálogo e o esforço conjunto.
Até prova em contrário, as afirmações de Dias são verdadeiras. A dúvida é quanto ao objetivo e à oportunidade de exibir tanta roupa suja. Quando um dirigente há anos ligado às engrenagens internas do Remo revela tantas mazelas é porque o clube continua dividido, à mercê de interesses individuais e pouco comprometidos com a instituição.
O fato é que, restando 2 meses para o início das competições oficiais (Campeonato Paraense começa no dia 31/01), o Remo está longe do que seria a preparação ideal para começar bem a temporada. Ao mesmo tempo, não pode se entregar ao açodamento de empresários e seus intermediários, ávidos em vender gato por lebre, encarecendo mais as negociações.
Ao contrário dos últimos anos, o Campeonato Paraense não é determinante para o calendário do clube em 2016. Isso permitirá que a primeira fase do torneio seja aproveitada como laboratório para a montagem do time para a disputa da Série C. Até lá, o Departamento de Futebol terá que se empenhar em fazer contratações pontuais.
Como pondera um experiente benemérito azulino, a farra de contratações deve ser definitivamente banida da agenda do clube. Deve-se a ela o grande débito trabalhista que o Remo contraiu nos últimos 7 anos.
Quanto ao estádio Evandro Almeida, dirigentes, conselheiros e torcedores devem descartar sua utilização. A maioria dos camarotes e parte das cadeiras foi vendida durante a gestão de Zeca Pirão e não haverá dinheiro suficiente para ressarcir seus compradores.
Em 2016, o Baenão deve funcionar como CT improvisado e o clube terá que apostar tudo na fidelidade de sua torcida, única capaz de tirá-lo da precária situação financeira atual. Para isso, obviamente, o time de futebol não pode decepcionar em campo.
É em busca deste delicado equilíbrio, entre eficiência técnica e bilheteria lucrativa, que os gestores do Remo devem empregar toda a sua capacidade criativa.
Blog do Gerson Nogueira, 25/11/2015