O técnico Valter Lima foi o comandante azulino na campanha da garotada do Sub-20, que rendeu o 6º lugar na Copa do Brasil da categoria. Além disso, foi o responsável pelo título da Copa Norte e o grande responsável pelo resgate do atacante Rony, negociado com um grupo de empresários e hoje no Cruzeiro (MG).
Valtinho saiu do Remo no início do ano, mas o clube ainda tem uma dívida com o treinador, que aceitou negociar, mas até agora não recebeu o que foi prometido.
Na sede social do Remo, na Avenida Nazaré, o ex-técnico azulino conversou sobre a dificuldade no acerto financeiro e sobre as condições de trabalho nas categorias de base do Clube do Remo.
Você se sente desvalorizado pelo Remo?
Tenho histórico de trabalho no Remo desde 2005, quando o time disputou a Série C e foi campeão, então existe um registro, um carimbo no clube. De lá, estendeu-se à base, onde não preciso nem pontuar as conquistas a nível de título e de revelar jogadores. Fiz minha parte, fiz o que tinha que ser feito, mas você espera a contrapartida e ela não vem.
Você passou 2 anos e meio no clube. Qual é o retrato da base do Remo?
A base tem um déficit muito grande de mentalidade, estrutural, de conceito em relação à base. Por conta disso precisa ficar contratando e existe uma indústria para contratar. O que vejo sobre a base do Remo é que tem déficit de modo geral, mas a base do Remo não acaba porque tem muitos garotos que são torcedores do clube e tem o sonho de serem jogadores de futebol para melhorar sua vida, mas a estrutura é praticamente zero para o que exige um clube profissional.
O que falta para o Remo ter outros Ronys, Ameixas, e o clube ter retorno em campo e financeiro?
Falta estrutura e mentalidade. A base está tão próxima do Baenão, mas eles preferem procurar em lugares tão distantes. Se tiver condição e capacitar os profissionais, remunerando todos, vão ter jogadores até melhores que o Rony.
Como está sua situação hoje com o Remo?
Me desvinculei no início do ano e a dívida ficou. É uma situação que não atinge só a mim, mas outros funcionários sem receber. As pessoas não se sentem nem na responsabilidade de informar que não vão pagar e a gente tem que correr atrás, como uma obrigação, como um trabalho meio que escravizado. Ficou pendência em que fiz “acordo do acordo” entre pessoas sem que fosse acionada a Justiça. Não foi cumprido. Essa é a situação e não vou mais procurar.
Vai acionar a Justiça?
Não sei, vou pensar, mas não vou mais procurar e, como falei para eles, faz de conta que isso foi uma vitória para eles, não pagar, como sempre fizeram com outros. Eles acham que não pagando a pessoa vai procurar a Justiça, sem nenhuma responsabilidade. Por isso que o clube está nessa situação, com uma dívida tão grande, que onera e atrapalha qualquer ideia de melhorar. Não pagam porque não querem. Eles acham que o melhor caminho é a Justiça.
Qual sua sensação indo na sede social e não saindo com o que foi acordado?
Não me sinto chateado. Sei como é o futebol e o “modus operandi” do Remo. É assim! Já estava prevenido para isso, então o choque é menor. Só sinto que o meu caso é igual a tantos outros que se estendem na Justiça, porque eles preferem assim. Achando que não pagando é um dinheiro que sobra para fazer as loucuras deles lá na frente. Não tenho raiva, não tenho mágoa. Deixa eles para lá!
Portal Arquibancada, 15/05/2015