A sexta-feira (20/03) reabriu a porta da desesperança no estádio Evandro Almeida. Explodiram, via diferentes fontes, as notícias de cisão na diretoria, com presidente e vice que mal se falam.
Diretores ameaçam pedir o boné e, em meio a isso, surge o risco de um motim a bordo do elenco de jogadores. A crise não podia eclodir em pior momento, quando o time acaba de renascer no campeonato estadual e está classificado à semifinal da Copa Verde.
Na verdade, tudo começou lá atrás, ainda em 2014. O pior dos cenários para o Remo, desenhado há meses, era o da malquerença interna. O conflito entre grupos políticos sempre ameaçou a estabilidade da gestão. A primeira eleição direta da história do clube foi feita, forçosamente, em dois turnos e Pedro Minowa emergiu das urnas como o grande vitorioso, reunindo novos e velhos azulinos em torno de uma plataforma confusa e mal explicada.
Como todos aprendemos a pensar que renovação é sempre saudável e sinal de vigor democrático, os “buracos negros” dos planos de governo de Minowa não foram levados em conta. Preferiu-se acreditar que tudo se arrumaria com o tempo. Ledo engano.
A herança de gastos e dívidas deixada pela diretoria anterior caiu sobre os ombros dos novos dirigentes. A reação de surpresa indica que não se informaram sobre a real situação contábil do clube. Com a necessidade premente de contratar um técnico e formar elenco, a diretoria tratou de engordar as dívidas.
Internamente, falava-se em discórdia entre o presidente e seu vice, Henrique Custódio. O que era apenas rumor, se confirmou nesta semana, depois que os jogadores começaram a se manifestar, incomodados com o distanciamento em relação aos dirigentes. O técnico Zé Teodoro ainda conseguiu represar as insatisfações do elenco, mas na sexta-feira eram fortes os rumores de que alguns atletas estariam insatisfeitos.
A coisa degringolou de vez com a notícia de que Flávio Caça-Rato e Mateus Carioca teriam sido despejados de um hotel e abrigados às pressas em outro, por consideração de um dos abnegados do clube.
De erro em erro, o Remo vem cavando sua própria desgraça, diretoria após diretoria. A de agora apenas reproduz um velho script. O torcedor, que nada tem a ver com a incompetência dos gestores, a tudo assiste, impotente, sem ter como agir.
As mazelas administrativas conspiram até mesmo contra as possibilidades de receita. Além da queda, o coice: os ingressos para a partida contra o Princesa do Solimões (AM), neste sábado (21/03), chegaram com muito atraso, prejudicando consideravelmente a venda.
Blog do Gerson Nogueira, 22/03/2015