Botafogo-SP 1x0 Remo (Mateus Muller)
Botafogo-SP 1x0 Remo (Mateus Muller)

A derrota em Ribeirão Preto (SP) não chega a ser um resultado desastroso para o Remo, mas o desempenho do time deixou algumas preocupações no ar. É verdade que a ausência de Eduardo Ramos, principal organizador da equipe, deixou um vazio no meio-de-campo que facilitou bastante as ações do adversário no jogo, respondendo em grande medida pela pressão exercida pelos donos da casa. Porém, além dessa deficiência, o Remo não mostrou força para explorar contra-ataques, aceitando excessivamente o domínio territorial dos donos da casa.

Como a bola era constantemente rifada pelos meio-campistas do Remo, voltava sempre na forma de cruzamentos sobre a área, sobrecarregando o trabalho do trio de zagueiros. Apesar disso, Henrique, Ciro Sena e Igor João estiveram muito bem, resistindo até quase ao final, quando ocorreu a falha coletiva que resultou no gol do Botafogo (SP).

Mesmo sem ser criativo, o time da casa buscou o gol o tempo todo, mas encontrou pela frente uma firme zaga azulina e pecou pela insistência nas bolas aéreas visando o cabeceio de Nunes. Nas raras ocasiões em que diversificou suas manobras, levou algum perigo com o meia Guaru e o avançado Samuel Santos.

O Remo se defendia no 3-5-2, tendo inicialmente Felipe Macena deslocado para o meio e Chicão na ala direita. Depois, a situação se inverteu e Macena apareceu com destaque, combatendo e tentando organizar a saída para o ataque. Na esquerda, Mateus foi discreto no primeiro tempo e muito dispersivo no segundo, falhando seguidamente nas arrancadas em contragolpe.

Ratinho era o homem da ligação, mas se perdia em jogadas confusas, errando passes e passando a maior parte do tempo sem encontrar a faixa certa de atuação. Em consequência disso, Aleílson e Welthon desfrutavam de poucas oportunidades, enfrentando a dura marcação adversária.

O primeiro tempo decorreu sem grandes oportunidades de gol, que apareceram logo no início da etapa final. Caio acertou cabeceio fulminante, aos 4 minutos, para grande defesa de Fernando Henrique. Em seguida, aos 11′, Samuel recebeu livre na pequena área, mas finalizou por cima da trave.

Do lado azulino, Cacaio tirou Ratinho e lançou Juninho, que deu mais consistência às ações no meio. A primeira boa tentativa foi com Chicão, que acertou um chute longo aos 17 minutos, passando perto da gaveta esquerda de Neneca. Depois, desviando com o lado do pé, Henrique quase marcou, aos 29′.

O Botafogo (SP) insistia com os cruzamentos, mas os zagueiros do Remo respondiam bem, até que aos 35 minutos, Macena sentiu contusão e teve que deixar o campo. Na dúvida entre o lateral-direito Gabriel e o atacante Sílvio, Cacaio optou pela ousadia. Pagou por isso.

Sílvio não conseguiu explorar os contra-ataques e nem acompanhar o rápido Canela, que era vigiado de perto por Macena. Foi por ali que o time paulista chegou à vitória, aos 40 minutos, em finalização de Canela, depois que Fernando Henrique espalmou o cabeceio de Nunes. A indecisão entre o goleiro e os zagueiros facilitou a jogada.

A desvantagem mínima sabotou o plano de voo cuidadosamente traçado por Cacaio, que consistia de atuar fechado à espera da chamada “bola do jogo”. Deu certo contra o Operário (PR), em Ponta Grossa (PR), mas neste domingo (25/10) beneficiou o adversário na única falha de marcação e cobertura do trio defensivo remista.

É o risco natural de quem joga para se defender, com poucas alternativas de ataque. A estratégia de esperar o adversário é sempre perigosa. Pode funcionar, mas é sujeita a falhas pontuais.

O primeiro tempo da decisão de 180 minutos foi do Botafogo (SP) e a expectativa é de que o segundo pertença ao Remo, desde que jogue em nível de aplicação e ofensividade que permita reverter o placar adverso.

Depois do jogo, o técnico Marcelo Veiga observou que o placar havia premiado seu time, mas mencionou a preocupação com os reforços azulinos para a segunda partida. Referia-se, principalmente, a Eduardo Ramos. Tem razão o treinador do Botafogo (SP). Ramos fez muita falta ao Remo pela qualidade técnica e a liderança que tem em campo.

Ao mesmo tempo, o meia é o principal motivo de otimismo de Cacaio quanto à recuperação da equipe em Belém. Com ele, as jogadas fluem e fazem com que o time tenha um repertório menos previsível que o do adversário.

Blog do Gerson Nogueira, 26/10/2015