José Carlos Dalanhol, presidente do Vilhena (RO)
José Carlos Dalanhol, presidente do Vilhena (RO)

Ainda não foi dessa vez que o Lobo do Cerrado deu seu último uivo no Brasileirão da Série D. Pelo menos é o que pretende o presidente do Vilhena (RO), Carlos Dalanhol. Conhecido como “Gaúcho do Milho”, o mandatário do VEC confirmou que entregou o clube no início da semana por problemas financeiros. No entanto, o restante do elenco, comissão técnica e torcedores da equipe não querem desistir da disputa.

“Tivemos uma reunião ontem (quarta-feira, 26/08) e expliquei mais uma vez a situação. Tínhamos 18 jogadores no time, mas dois estão lesionados e não jogarão mais. Outros dois não toparam a nova proposta que levei pra chegar até o final do campeonato. Então o VEC hoje só tem 14 atletas”, explicou, apontando que só dispõe de 2 goleiros e 12 jogadores de linha para o restante da temporada.

Na terceira posição no Grupo A1 do Brasileirão da Série D, com 5 pontos, uma posição a frente do Nacional (AM), o Vilhena (RO) ainda tem 3 jogos até o fim do campeonato. Mesmo com mais chances de classificação que os amazonenses, o presidente do Lobo do Cerrado acha que o time não tem mais condições de disputar o torneio.

“Entreguei o clube na segunda- feira (24/08). Estou até doente de tanto falar com a imprensa. Amo meu time, gosto do que faço. Jamais abandonaria o VEC assim, mas as coisas vão acontecendo e você vai perdendo as forças. Mais para frente vocês vão ver. Muita coisa ainda vai explodir mais para frente”, disse Dalanhol, ocultando fatos que o levaram a querer tirar o Vilhena (RO) do campeonato.

No domingo (30/08), o VEC encara o Náutico (RR), em Boa Vista (RR). Dalanhol afirmou que, como já havia tomado a decisão de deixar o clube, não reservou ônibus para levar a equipe de Vilhena (RO) até Cuiabá (MT) – local onde a delegação pegará voo até a capital de Roraima.

“De ônibus são 12 horas até o aeroporto de Cuiabá (MT). Nem reservei o ônibus, mas as passagens estão reservadas lá. Um goleiro tem uma caminhonete, um outro jogador tem outra, um rapaz da comissão técnica tem outra caminhonete. No total, são quatro caminhonetes. Vamos sair às 23h, meia-noite. São 8 horas de viagem. Vamos ver no que vai dar”, comentou o presidente do VEC, explicando a “odisseia” do time até chegar em Boa Vista (RR).

“Depois que chegarmos lá, pegamos o avião e vamos pra Guarulhos (SP), depois Brasília (DF), Manaus (AM), até chegarmos em Roraima”, disse Dalanhol, revelando um temor: perder mais jogadores durante a viagem.

“Nossa situação é difícil. Chegamos no fundo do poço. Estamos com salários atrasados. Tem medo alguns jogadores desçam em São Paulo e não embarquem mais”, comentou o mandatário, lembrando que alguns atletas moram no Sudeste do País.

A situação do VEC é tão precária que Dalanhol estava no Centro de Treinamento do clube tentando resolver um “problema” com a água no CT. Na verdade, o fornecimento de água acabava de ser cortado e até a casa dos atletas estava na “seca”.

“Dá até vergonha falar, mas acabei de saber que cortaram a água do CT. Vim aqui ver isso. Tem uma conta de R$ 833 que não foi paga”, revelou.

Depois do duelo com o Náutico (RR), será a vez de enfrentar o Nacional (AM), no dia 06/09, no estádio Portal da Amazônia, em Boa Vista (RR). Dalanhol deixou claro que, caso não tenha elenco suficiente para a partida, nem deixará o adversário sair de Manaus (AM). “Se não tiver como jogar, vou avisar o Nacional (AM). Não vou nem deixar eles terem esse trabalho”, avisou.

“Sei que vamos ser penalizados, passar 2 anos sem disputar competições, mas não tem jeito. Tem um grupo de torcedores na cidade tentando arrumar dinheiro para pagar os jogadores, mas está difícil. Na segunda- feira (31/08) digo se vamos continuar”, finalizou Carlos Dalanhol, se despedindo pra tentar a religação da água do CT do Vilhena (RO).

A Crítica, 27/08/2015