O Remo fez tudo o que um mandante não pode fazer na Série C. Jogou sem confiança, chutou apenas 2 bolas ao gol adversário, errou todas as cobranças de falta e se deixou dominar por um nervosismo que quase resultou na vitória do visitante. A bola chutada na trave por Assis, aos 2 minutos do segundo tempo, foi o mais claro lance de gol do jogo e poderia ter representado a repetição da derrota para o ASA (AL), há duas semanas.
Além das já conhecidas limitações do time quanto a entrosamento, desta vez o Remo sofreu também com o baixo rendimento de jogadores importantes. Eduardo Ramos, seu mais criativo meia, estava em noite infeliz, errando passes e não conseguindo superar a forte – e violenta – marcação paraibana. Levy teve lampejos pela direita, evidenciando ainda problemas de condicionamento. Ainda assim, foi um dos mais eficientes da equipe. Allan Dias, como terceiro volante avançado, foi improdutivo.
No primeiro tempo, o jogo esteve até favorável para os azulinos. Curiosamente, somente uma vez o time teve desprendimento para chutar em direção ao gol, com o zagueiro Brinner. Ramos cobrou uma falta rente ao poste direito de Michel Alves, levantando a torcida, mas logo o time voltou ao torpor inicial. Ficava tocando passes laterais sem aprofundar ou buscar alternativas para furar o bloqueio do adversário.
De sua parte, o Botafogo (PB) comportava-se como um típico visitante. Ficava sempre atrás, resguardado por duas linhas de quatro, expondo em jogadas de contra-ataque apenas Marcinho e Danielzinho, que pouco incomodaram o setor defensivo remista.
Na etapa final, confiantes diante da postura temerosa e atrapalhada do Remo, os alvinegros começaram a se assanhar. O disparo feito por Assis logo no recomeço da partida foi um dos três bons momentos da equipe. Ângelo e Marcinho também tiveram oportunidades – Fernando Henrique defendeu uma e a outra passou raspando.
Para desespero da torcida presente ao Mangueirão, o técnico Marcelo Veiga custou a mexer no time. Primeiro, substituiu Michel Schmöller por Ciro, sem qualquer resultado prático. Manteve ainda por penosos 20 minutos o atacante Fernandinho, que havia se contundido no final do primeiro tempo e se arrastava em campo.
Sílvio entrou com a voracidade habitual e com a inadequação de sempre – ou corre demais ou se atrapalha com a bola, nos raros lances em que a bola lhe foi passada. Para complicar, o perfil de um atacante velocista se adequa mais aos contragolpes, que o Botafogo (PB) em nenhum momento permitiu ao Remo. Era mais ou menos óbvio que Hériclis, um meia-atacante que sabe jogar pelo centro, seria mais compatível com a situação da partida.
Sem jogadas pela esquerda, onde Murilo fazia figuração e cobrava apenas arremessos laterais, o Remo desperdiçava os deslocamentos de Edno, pouquíssimo aproveitado no jogo.
No fim das contas, o 0 a 0 foi um placar justo para o desempenho dos times e um merecido castigo ao Remo, que quase conseguiu repetir o revés frente ao ASA (AL). Veiga, ao final da partida, disse que a pressão da torcida às vezes atrapalha no rendimento de alguns jogadores. Terão que se acostumar logo com isso. Acrescentou que o time se comportou bem, e só faltou o gol. Não. Faltou jogar bola!
Blog do Gerson Nogueira, 13/06/2016