O jogo tecnicamente refletiu o nível geral do Campeonato Paraense. Sem lances de maior inspiração e com aquele festival de chutões já conhecido. O Remo entregou-se à luta em busca da vitória, foi melhor em boa parte da partida, mas se perdeu na afobação, tendo desperdiçado 4 excelentes oportunidades – com Ciro, Luiz Carlos, Levy e Eduardo Ramos – quando o placar lhe era favorável.
Nos instantes derradeiros, o estreante Marcelo Veiga resolveu jogar com 3 volantes. O time fraquejou e cedeu o empate, novamente em lance de cobrança de falta. O resultado foi amargo para os azulinos, que estão fora do Parazão. O Leão não sai em função do jogo deste domingo (03/04), mas pela trajetória errática ao longo de toda a disputa. O Paysandu deixou o campo festejando a eliminação do maior rival e o êxito no esforço final para obter o empate.
O fato é que a história do 735º jogo entre os dois titãs foi novamente definida em detalhes. As equipes exibiram as limitações conhecidas no aspecto coletivo, com pouquíssimas variações para tentar envolver o oponente e apostando muito nos contra-ataques e cruzamentos para a área.
Acuado pela marcação bicolor adiantada nos primeiros 20 minutos, o Remo só foi conseguir sair do cerco quando optou por jogadas rápidas de infiltração com Eduardo Ramos, Ciro, Marco Goiano e Luiz Carlos. Bastou encaixar a troca de passes para que o ataque passasse a se beneficiar. Foi o que ocorreu aos 37 minutos. Em lance de velocidade, Luiz Carlos deu bela assistência para Ramos entrar livre na área para abrir o placar.
A estratégia do jogo de toques durou até a metade da etapa final. Nesse período, com apenas 2 volantes (Chicão e Yuri), o time azulino mostrou aproximação poucas vezes vista na era Leston Júnior. Não dá para cravar que já seja influência de Marcelo Veiga, mas é fato que os lampejos revelam mais envolvimento por parte dos jogadores.
Com extrema dificuldade para conter as manobras ofensivas do Remo, que criava seguidos lances de perigo na área, principalmente quando Eduardo Ramos e Ciro caíam pela esquerda, Dado Cavalcanti sacrificava a criação com a insistência em manter Bruno Smith, peça decorativa enquanto esteve em campo. O setor de armação só funcionou quando Marcelo Costa substituiu Smith, passando a distribuir o jogo com mais competência.
Ciro, lesionado, foi substituído pelo volante Arthur, em mudança na qual Veiga pareceu homenagear seu antecessor, fã ardoroso do sistema com 3 homens de marcação. Foi quando o Paysandu passou a pressionar com o trio Leandro Cearense, Betinho e Wanderson. Faltava jeito, mas sobrava esforço. O gol de Betinho nasceu em escanteio, aos 34 minutos, aproveitando saída em falso do goleiro Fernando Henrique.
Aos 45′, Levy ainda teve chance preciosa em rebote de Emerson, mas chutou em cima da zaga. Apesar dos 3 volantes, o Remo se defendia precariamente, como nos tempos de Leston, mas o rival bicolor não tinha forças para explorar. Resultado justo para um jogo sem brilho. Como expressão máxima do futebol paraense, o clássico serviu pelo menos para ligar vários sinais de alerta – para os dois lados.
[colored_box color=”yellow”]O prejuízo das escolhas infelizes
Um dos lances mais bizarros dos últimos anos no Mangueirão aconteceu quanto restavam 4 minutos para o fim do Re-Pa. O atacante Potita recebeu livre pelo lado direito, levantou a cabeça e, quando se preparava para cruzar, furou bisonhamente. A bola saiu mascada pela linha de fundo.
Logo em seguida, o volante Arthur falhou feio em duas jogadas dentro da área, quase entregando o ouro a Betinho e Leandro Cearense.
Com jogadores desse nível, não surpreende que o time azulino seja eliminado precocemente da disputa e perca a chance de disputar Copa do Brasil e Copa Verde em 2017.
A dúvida aqui é saber se o clube irá responsabilizar os gestores que avalizaram a contratação de atletas tão limitados, com o endosso do ex-técnico Leston Júnior. O que a dupla Potita-Arthur fez é motivo mais do que suficiente para derrubar gestor incompetente.[/colored_box]
Blog do Gerson Nogueira, 03/04/2016