Marcelo Veiga diz ter na cabeça o time para enfrentar o ASA (AL), nesta segunda-feira, 30/05, no Mangueirão. Não quis detalhar a escalação, mas avisou que há um titular imexível: Yuri, como segundo volante.
Técnicos costumam fazer mistério quando não têm certeza do que irão fazer, mas neste caso específico, a definição do homem que vai atuar perto dos armadores evidencia mais um truque estratégico que uma hesitação quanto a nomes.
Yuri foi um dos raros jogadores que se salvaram da derrocada azulina no Campeonato Paraense. Indicado pelo ex-técnico Leston Júnior, o volante custou a se consolidar como titular, até porque quase ninguém conseguia se estabelecer no atrapalhado meio-campo remista.
Sob a direção de Veiga, Yuri se tornou peça importante, atuando improvisado na lateral-direita e até aparecendo como meia-armador em algumas jogadas. Sempre se desincumbiu bem das tarefas que lhe foram delegadas. Talvez por isso tenha ganho agora uma chance de verdade para agarrar a titularidade.
Dono de bom passe e marcador persistente, Yuri pode ajudar a fazer uma transição mais tranquila, dando suporte a Eduardo Ramos e Allan Dias. Michel Schmöller – ou Lucas Garcia – ficaria um pouco mais atrás, cuidando mais da proteção aos zagueiros.
Como o jogo deve ser de paciência, com o ASA (AL) entrando recuado, lutando pela chamada “uma bola”, caberá ao Remo desenvolver um sistema dinâmico na meia-cancha, revezando seus meias e buscando surpreender com Fernandinho pela direita e Ciro mais à esquerda.
A ausência de Edno, ainda não legalizado, tirou de Veiga a opção de encorpar as manobras ofensivas e roubou dos dirigentes um grande apelo junto ao torcedor. A estreia de Edno, principal reforço adquirido para a Série C, certamente iria assegurar um incremento substancial na venda de ingressos.
Sem Edno para se aproximar dos atacantes, Veiga mantém o formato usado contra o Cuiabá (MT), apostando em mais velocidade na saída para o ataque. Seu grande problema continua a ser a limitação dos alas Murilo e Fabiano, um tão confuso e pouco agressivo quanto o outro.
Na linha de proteção aos zagueiros está a única dúvida do treinador: Michael Schmöller ou Lucas Garcia. O primeiro é mais forte na cobertura, mas Lucas tem mais velocidade e é mais eficiente no desarme. Deve vencer a queda de braço pela posição. Chicão corre por fora, embora tenha perdido espaço no processo de montagem da equipe.
Outro dilema a ser enfrentado por Veiga diz respeito à eficiência ofensiva do Remo. Apesar de jogar quase sempre com dois atacantes de ofício e dois meias de aproximação, o time desperdiça muitas oportunidades. Em média, são 4 chances claras perdidas por partida. Foi assim desde a reta final do Parazão e também na Copa Verde.
A semana foi pródiga em treinamentos de finalização, mas o técnico sabe que questões relacionadas com o aproveitamento ofensivo têm muitas vezes um componente emocional. Sob pressão, a maioria dos atacantes tende a fracassar no instante decisivo. Ciro, que teve começo de temporada exuberante, sucumbiu às críticas e nunca mais foi o mesmo.
A Série C surge como derradeira oportunidade de reabilitação para o elenco azulino. Alguns devem mais, outros menos. Remanescentes da era Leston, atletas como Ciro, Eduardo Ramos, Fernando Henrique e Yuri, carregam um peso maior sobre as costas. Será sobre eles que se concentrarão os olhares da massa azulina, inclemente na avaliação de desempenho.
Por todos esses aspectos, será um jogo de afirmação de propósitos do Remo em relação ao sonho do acesso à Série B. Vencer é obrigação!
Blog do Gerson Nogueira, 29/05/2016