Desde a sua chegada ao Baenão, na época do então presidente Zeca Pirão, como o “Camisa 33”, com direito a descida de helicóptero no Mangueirão, até a recente eliminação na Série C, o meia Eduardo Ramos sempre foi muito cobrado e elogiado na mesma medida no Clube do Remo.
O “maestro” do Leão fez um balanço sobre a temporada e falou sobre algumas polêmicas, como salários atrasados e sua candidatura a vereador nas eleições deste ano.
Como você avalia a temporada de 2016?
Foi a pior possível, né? Dentro das nossas expectativas, do clube, do nosso torcedor. Não conseguimos nada daquilo que nós pretendíamos: um título estadual, em que tentávamos um tricampeonato; não disputamos a final da Copa Verde e a pressão foi muito grande na Série C por conta disso. Apesar de todas as dificuldades, a gente tentou, não faltou garra, não faltou luta. É um ano para se esquecer, que sirva apenas de aprendizado para que não volte a acontecer.
Como os problemas nos bastidores influenciaram dentro de campo?
Na verdade, isso vem desde o ano passado. A gente conseguiu um acesso nessas mesmas circunstâncias, só que este ano a gente não conseguiu conduzir de uma maneira bacana. A gente sabe que este tipo de situação é muito difícil, principalmente para jogadores de outro Estado. Não é sempre que vamos conseguir superar essas dificuldades. A gente sabe que isso atrapalha e dificulta muito. Este ano nós tentamos, mas infelizmente não conseguimos o tão sonhado acesso, mas que também sirva de lição. Que no extracampo, as pessoas possam deixar as vaidades de lado, possam se unir e deixar o Remo cada vez mais forte.
Como foram as conversas após o final da temporada?
Até o momento, não houve conversa, não houve acordo, não teve absolutamente nada ainda. Circulam os comentários na cidade, caso a caso, até alguns jogadores me chamam para saber de algo, mas a gente não tem resposta, nem expectativa nenhuma. Já se passaram mais de 20 dias e a gente não tem nada, nenhuma resposta, não tem solução. A gente aguarda talvez a eleição do clube. A situação é muito difícil, desde julho sem receber. A gente espera uma solução para estes problemas.
Uma das grandes críticas da torcida sobre sua conduta é que você não treina durante a semana. Por que isso costuma acontecer?
Às vezes, as pessoas não são bem informadas. Tem jornalista, não generalizando, que publica coisa que não tem nada a ver. Tenho um problema na cartilagem do meu joelho, na verdade, não tenho cartilagem. Então, depois de um jogo com muito desgaste, a recuperação é muito dolorosa. É sempre muito complicado. A gente treina em um campo muito duro, que não favorece e o impacto é muito grande. Não aguento de dor. Faço infiltrações 2 vezes por ano neste joelho. Faço isso para não faltar em campo e só fiquei de fora na temporada em 1 jogo, sempre com a cautela, de uma maneira que não fosse atrapalhar o time.
Como foi participar das eleições e como você avalia seu desempenho nas urnas?
Primeiramente, não tenho isso na minha veia. Nunca tinha essa pretensão, nunca planejei isso para a minha vida. Quando aceitei esse desafio, foi com a melhor das intenções. Tinha em mente poder encerrar a carreira pelo Clube do Remo e, consequentemente, ser um vereador da cidade, que respeito, e ajudar, não só o Remo, mas as crianças e os adolescentes. Desde que entrei, deixei nas mãos de Deus. Acho, realmente, que não era para ser e não pretendo passar por isso novamente. Deixa no passado, foi algo para aprender que, para mim, não vale a pena.
Como fica o seu futuro no Remo já que você tem contrato para 2017?
A gente não sabe nem a situação do salário de julho, a gente não sabe nada ainda. Tenho mais um ano de contrato e gostaria de cumprir, de renovar, de colocar este clube na Série B. Tenho um carinho pelo clube. Sei das cobranças, das dificuldades que a gente passa, mas acho que não dá para a gente dar um passo, sem saber de algo. Estamos todos dependendo desta eleição, também financeiramente falando. Espero que esteja no Remo no ano que vem, mais forte, renovado, para fazer algo diferente, com a ajuda extracampo, para que a gente esteja com um bom ambiente para trabalhar e que consiga colocar o Remo na Série B, que a torcida merece.
Diário do Pará, 08/10/2016