Falar do estádio Evandro Almeida, mais conheci como “Baenão”, é um tema que atualmente desperta sentimentos antagônicos. O estádio que completa 100 anos na terça-feira (15/08), por um lado é símbolo da força e arrojo do Clube do Remo em seus primeiros anos, construindo o primeiro estádio particular da região Norte. Sua realidade remete ao estado de abandono que boa parte do patrimônio azulino sofre e tanto preocupa a torcida.
Embora a boa parte dos jogos históricos e fundamentais do Leão tenham sido disputados em seu estádio, ele hoje em dia sequer está autorizado a receber jogos oficiais pelas condições precárias de segurança que oferece. Sem estrutura de iluminação, demolida na “reforma” de 2014, atualmente sequer pode abrigar treinos ou atividades após o pôr-do-sol.
Para falar do Baenão, é preciso separar da realidade atual os dias gloriosos, quando o estádio era o segundo maior do Pará, recebia decisões de competições e jogos de apelo gigante – como um amistoso contra o Santos (SP) de Pelé ou a estreia de Tostão pelo Vasco da Gama (RJ).
A história do Baenão começa em 1917, quando o Remo, que então reinava absoluto no futebol local com 4 títulos estaduais seguidos, decide que após anos atuando em estádios privados ou campos de Belém, era hora de ter seu próprio espaço.
“No 6º ano da reorganização do Remo, o clube comprou o terreno e edificou seu estádio. Na época, com arquibancadas de madeira e capacidade para 2,5 mil pessoas, é o mais antigo estádio particular do Norte do País”, relembra o conselheiro e historiador azulino Orlando Ruffeil.
Chamava atenção na época da inauguração, como ainda hoje chama, o tamanho da área do estádio. Além do gramado, com dimensões de 105×70 metros (acima das atuais medidas padrão) e arquibancadas, a área no entorno era grande e havia potencial para expandir as edificações. No registro da inauguração, o extinto jornal “A Folha do Norte” citava que o clube tinha planos de construir no mesmo complexo uma quadra de tênis e piscinas para a disputa de polo aquático e outros desportos aquáticos.
“Esses planos acabaram não indo em frente e a área do estádio seria dedicada apenas ao futebol”, comenta Ruffeil.
A inauguração, curiosamente, não envolveu um jogo do Remo, mas uma seleção de atletas paraenses, com jogadores de todos os clubes da liga na época, contra uma seleção da reserva naval. Os registros históricos não guardam o placar do primeiro jogo, mas descrevem em detalhes a grande cerimônia de inauguração, com direito a “salva de 21 tiros do corpo de fuzileiros navais”, relembra a matéria publicada pelo jornal.
O primeiro jogo do Remo seria disputado no mês de setembro, já valendo pelo Parazão 1917, quando o Leão conquistaria o pentacampeonato. Daí em diante, o estádio ganharia várias melhorias nos anos seguintes. Torres de iluminação foram instaladas nos anos 40, arquibancadas maiores e de concreto tornariam a praça a segunda do Estado, até a construção do Mangueirão. Até o início dos anos 2000, o Baenão ainda era o grande “caldeirão azulino”. Os problemas começaram a partir de 2008, com o rebaixamento do time da Série C.
Quando o presidente Amaro Klautau assumiu a presidência do Remo, em 2009, com o time sem vaga garantida em competições nacionais, o dirigente buscou uma forma de arrecadar dinheiro e modernizar o clube. Pretendia negociar o estádio Baenão com um grupo de construtoras que, em troca, pagariam a dívida do clube e ofereceriam um novo estádio mais moderno e outros benefícios. O negócio esteve perto de ser confirmado, mas acabou cancelado.
Em um dos momentos mais pitorescos da história do estádio, o dirigente mandou derrubar, a marretadas o escudo do clube talhado na fachada histórica, na Avenida Almirante Barroso, para descaracterizar e impedir que, após vendido, o comprador não pudesse alterar a área por restrições do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Entre 2009 e 2012, o Remo fez campanhas erráticas no Parazão e competições nacionais. Embora o estado precário da estrutura do estádio já chamasse atenção, não chegava a comprometer os jogos do clube. No final de 2013, o vice-presidente Zeca Pirão assume o clube após a renúncia de Sérgio Cabeça e chega com um projeto de “modernização” do estádio, derrubando os alambrados e um dos setores de arquibancada e cadeiras laterais para construção de novos camarotes e estrutura.
Em maio de 2014, com um tapume cobrindo a área destruída, o Baenão foi reaberto para seu único jogo oficial após a reforma. Cerca de 10 mil pessoas testemunharam a vitória por 4 a 0 sobre o Independente, no estádio com alambrado de vidro temperado e novo gramado.
Por meses a torcida se perguntava por que o time mandou seus jogos restantes todos no Mangueirão, no resto do ano. Quando Pedro Minowa venceu a eleição para presidente do Remo, em 2015, fez uma análise da condição do estádio e abriu a “caixa-preta”. O Baenão não tinha condições de ser utilizado. O novo gramado é de qualidade inferior ao prometido e já estava se deteriorando. Os vidros temperados não tinham as especificações necessárias, trincaram e passaram a oferecer risco. O pior: a estrutura interna das arquibancadas dos tobogãs estava completamente comprometida e oferecia risco para jogos.
Entretanto, nem tudo está perdido. Diversos torcedores azulinos se organizaram no movimento “O Retorno do Rei ao Baenão”. Sem relação com a direção do clube, os torcedores vêm arrecadando fundos e promovendo algumas obras na parte estrutural do estádio. Segundo Igor Souza, membro do projeto, a iniciativa quer ajudar a recuperar o Baenão.
“Recebemos da diretoria autorização para trabalhar. Temos conseguido mobilizar torcedores na capital e interior para fazer doações e contribuições e esperamos, já nesse dia 15/08, entregar uma boa parte do projeto concluído”, comentou.
O planejamento de reforma está dividido em 10 etapas, onde as mais importantes são as 2 primeiras: recuperação das arquibancadas da Almirante Barroso e 25 de Setembro.
“A longo prazo, pretendemos erguer os camarotes, mas nossa meta principal é liberar o Baenão para receber jogos oficiais”, afirmou Igor. “Nossa expectativa é ter o estádio preparado para receber jogos a tempo do Parazão 2018”, completou.
Diário do Pará, 13/08/2017
Nem meu time de pelada jogava como meu leão jogou sem dar um chute no gol time senvergonho jogadores sem raça!
Ta uma merda esse time,Inicio da merda Diretoria,Presidente deu muita moral a Josue,que iniciou a lambança….é lutar pra não cair….
falta é comprometimento com o clube remo falta de salários isso é disculpa.pra boi dirni ..é também falta de planejamento….
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