O futebol é famoso por consagrar atletas por jornadas extraordinárias e improváveis em momentos decisivos. Como esquecer que em um time que tinha Fernandão e Alexandre Pato, o gol do título mundial do Internacional (RS), contra o Barcelona, de Ronaldinho Gaúcho e companhia, saiu dos pés de Adriano Gabirú? Ou Cocada, que entrou em campo na decisão do Cariocão de 1987, fez o gol do título em seu primeiro lance e foi expulso logo em seguida.
Na história dos heróis improváveis do futebol, um atleta do Remo espera cravar seu nome: Danilinho, quase dispensado duas vezes do clube esse ano e que entrou muito bem no jogo contra o Moto Club (MA).
Contratado pouco antes do início da Série C por indicação do técnico Josué Teixeira, Danilinho chegou ao time com a referência de ter defendido grandes clubes do futebol catarinense, como Figueirense (SC) e Chapecoense (SC). O jogador foi titular na vitória sobre o Fortaleza (CE) e no empate em casa, contra o Cuiabá (MT), na 1ª e 3ª rodadas. A partir de então, não jogou mais, sendo “demitido” do clube junto com Ronny e, posteriormente, reintegrado ao elenco após a chegada de Oliveira Canindé.
Desde então, o atleta vinha apenas treinando e quase não era relacionado. Com as lesões e dispensas na reta final da Série C, Danilinho voltou a aparecer no banco de reservas e, diante do Moto Club (MA), voltou a jogar, ajudando o time a organizar a saída para o ataque e ajudando o time a chegar ao empate.
“Até aqui, nos poucos jogos que joguei, estou invicto pelo clube. Espero finalmente ganhar a sequência no time”, comentou o atleta após o jogo em São Luis (MA).
O Remo tem um jogador com passagem recente que pode ser uma boa inspiração para Danilinho. Contratado junto ao futebol amapaense, Demir não tinha sequer ido ao banco de reservas quando, na última rodada da fase de classificação da Série B de 2002, se tornou titular do time.
Precisando vencer e fazer saldo de gols, o Leão foi punido pelo STJD e mandou seu jogo contra o Guarany de Sobral (CE) em Santarém. Sem opções no elenco, o técnico João Francisco lançou Demir como titular e o jogador fez uma partida histórica, marcando os 4 gols do Remo na vitória por 4 a 2, que garantiu ao time o 8º lugar e uma vaga na 2ª fase do torneio. Demir jogaria mais 1 ano no Leão, marcando alguns gols, mas sem o mesmo brilho daquela noite.
Apesar de ser tratado até como um folclore pelo torcedor, pelas situações em que teve seu nome envolvido, Danilinho é um jogador que o técnico Léo Goiano defende como importante no elenco.
“É um jogador de muita qualidade e a gente tem visto isso. O processo no Remo, desde a minha chegada, é recuperar esses atletas, com o trabalho e motivação. Foi assim com João Paulo, Tsunami e agora com Danilo”, comentou Léo.
“No começo, entendo que, até pela novidade, era um time que, do nada, jogava com 9 jogadores novos. Não apresentei o meu melhor futebol, mas fui crucificado sem jogar e acho isso muito injusto. Ninguém esquece como jogar e sei jogar”, comentou o meia, única opção experiente no banco aos titulares Flamel e Eduardo Ramos.
Danilinho defende que que precisa é de uma sequência de jogos para mostrar isso pra torcida. “A sequência e confiança são tudo para um jogador. Graças a Deus tive a chance de entrar agora e esperamos continuar assim nessa reta final. Porque, para nós, o mata-mata já começou”, disse.
Seguro que vem fazendo bom papel nos treinos, o jogador espera que o trabalho resulte em mais oportunidades em campo. “Ninguém é cego. Tem que jogar quem estiver rendendo, quem não render vai ter de sair do time para não atrapalhar a classificação e prejudicar todo mundo”, comentou.
Diário do Pará, 30/08/2017