Retorno do Rei ao Baenão
Retorno do Rei ao Baenão

Há 4 meses, um grupo de torcedores azulinos se reunia para dar início a uma das principais atividades em benefício do Clube do Remo nos últimos anos. O objetivo da união, na época, era viabilizar formas de arrecadação de recursos para a reforma do estádio Evandro Almeida, o Baenão.

Embora fosse considerado loucura por algumas pessoas do próprio clube, o que começou com venda de copos no estacionamento do Mangueirão em dias de jogos, hoje é o maior progresso dentre todas as áreas da instituição e, na manhã deste domingo (22/10), após uma série de investimentos e planejamento idealizado e executado somente pela torcida, será entregue, com grande festa, a primeira etapa da obra: o tobogã da 25 de Setembro, em evento especial para os remistas.

Contando com 33 organizadores, além da ajuda de centenas de outros azulinos, o projeto “Retorno do Rei ao Baenão”, acabou se tornando mais uma família que o Leão proporcionou. Segundo Raimundo Simão, coordenador geral da iniciativa, apesar do pouco tempo desde o começo das obras, a entrega e a vontade dos torcedores estabeleceram laços que serão eternos daqui pra frente.

“Quando nos reunimos pela primeira vez, quase ninguém se conhecia. Hoje, podemos dizer que somos uma família que só cresce. É mais um ciclo de pessoas que se tornam importantes no seu dia a dia, por dividir com você o mesmo sonho e as mesmas vontades”, destacou.

O projeto é um grande exemplo de que organização e força vontade são grandes elementos para a realização de qualquer tarefa. Aliado a esses fatores, o respeito e a compreensão são fundamentais para qualquer trabalho grupal.

“Todos nós temos nossas diferenças e preferências, mas não temos ciúmes e nem vaidades. Tudo é feito em prol do Remo. Até porque somos torcedores comuns, de arquibancada, que sentem na pele as mazelas. Por isso, não queremos repetir erros, mas contribuir com o nosso amor para reerguer o nosso clube”, comentou outro coordenador, Igor Souza.

Dividido em 10 etapas, o projeto “Retorno do Rei ao Baenão”, é apenas a ponta do iceberg para a comissão de torcedores. Finalizando a primeira parte e com todo o material já disponível para dar início à segunda, a comissão de torcedores tem planos mais ambiciosos para o Clube do Remo, tais como a restauração de outros patrimônios da instituição, como a sede social. Esse é um pensamento futuro, mas que segue sendo elaborado pelo grupo.

“Se conseguirmos deixar o Baenão do jeito que pretendemos e que está sendo feito, vamos continuar. Sede social, náutica, tudo está nos planos. A torcida, nesse momento, é essencial. Por isso, aproveito para pedir que todos saiam da sua zona de conforto, das redes sociais, e que ajudem o clube da forma que acharem necessário”, destacou Raimundo Simão.

“Lidamos com a dificuldade todo o dia, mas o amor fala mais alto. Por isso, é importante que os torcedores se unam. Se não for possível em doação, às vezes um elogio basta para que nós continuemos. Energia positiva e o pensamento que pode dar certo é fundamental”, avaliou a torcedora e membro da comissão do projeto, Monique Portela.

Por ser um projeto ligado à doações, o “Retorno do Rei ao Baenão”, naturalmente, conta com algumas histórias interessantes de contribuições por parte de alguns remistas. Como no caso do torcedor Matheus Duarte, de apenas 11 anos, que decidiu cortar e vender os cabelos para ajudar nas despesas das obras do estádio azulino.

Assim como esta, ocorreram situações semelhantes no que se referem ao esforço de apoiar o movimento. Como no caso do torcedor Francisco Santos que, de acordo com a comissão responsável pelo projeto, transportou algumas sacas de cimento da sua casa, na Marambaia, até o Baenão, com um carrinho de mão. Para Igor Souza, isso reflete que o amor pelo Clube do Remo é maior do que qualquer dificuldade.

“Ao longo do projeto, contamos com momentos únicos de doações. Muitos vieram debaixo de sol, de lugares distantes. Como por exemplo, um torcedor que foi da Marambaia até o estádio de carrinho de mão levando sacas de cimento. Se isso não é amor, não sei o que pode ser”, avaliou.

Outro momento ímpar, ao longo desses 4 meses, foi a doação do torcedor Ricardo Campbell, que homenageou o pai falecido, já que o Remo, entre outros fatores, era uma das suas principais ligações com ele.

“Infelizmente, ele não pode ver essa iniciativa que os torcedores estão fazendo. Sem dúvida, ele iria querer fazer parte disso. Por isso, em homenagem ao seu sentimento pelo clube, fiz uma doação em seu nome, para poder ser um dos responsáveis por essa grande conquista, que é restaurar o nosso estádio”, destacou o torcedor.

No começo do projeto, mesmo com todo o entusiasmo e disposição para dar vida ao alçapão azulino, que chegou ao seu 3º ano sem receber jogos do futebol profissional, ao se deparar com a real situação do estádio após vistoria, a comissão de torcedores chegou a pensar que a restauração seria impossível, devido a tantos estragos que rodeavam o caldeirão do Clube do Remo.

Por outro lado, mesmo sabendo das dificuldades que iriam lidar, os torcedores foram guiados por um sentimento que rege outros 5 milhões de remistas em toda a Amazônia: o amor pelo Leão Azul.

Foi com essa afeição que o grupo entrou de corpo e alma no projeto, mesmo com todos os insucessos e falta de credibilidade que a instituição vivia, correspondente aos fracassos esportivos e administrativos. Tentando dar um motivo de alegria para a torcida, foi definido que, enquanto existisse um sentimento pelo clube, nada iria pará-los.

“No começo, foi muito difícil. Quando observarmos de perto, a tristeza bateu forte, mas sabíamos que o ato dependia apenas de nós. O torcedor do Remo, por isso, precisa ser estudado, pois independentemente do momento, ajuda e não mede esforços”, afirmou Raimundo Simão.

Diário do Pará, 22/10/2017

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns a comissão pela iniciativa de sucesso! Vocês mostram o que é ser Remista!
    A tua torcida vai te levantar Leão!!!!!

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