Revelado pelo Remo em 2010, o atacante Jayme, 24 anos, somente agora está sendo valorizado pelo Leão, que prorrogou seu contrato até dezembro próximo. Depois, o Remo vai propor um novo acordo, a fim de segurar o jovem atacante para a temporada 2018. Entre outubro à dezembro, Jayme vai disputar a Segunda Divisão do Campeonato Paraense pelo Tapajós, de Santarém. Jayme tem convite do Brasiliense (DF) e do Macaé (RJ), mas por enquanto, está dando preferência ao Clube do Remo.
Da mesma turma em que se sobressaíram Yan, Tsunami, Rodrigo, Alex Ruan, Sílvio e Edicleber, na Copa Norte Sub-20 de 2013, conquistada pelo Remo, Jayme não foi bem aproveitado no Baenão, apesar de ter sido artilheiro da competição com 6 gols.
Para uma “prata da casa” disputar posição com “medalhão” do tipo Val Barreto, Leandrão, Leandro Cearense ou Zé Soares, era muita pretensão. No mesmo ano, Jayme foi cedido ao Paragominas e, em seguida, emprestado ao Corinthians (AL), em uma permuta com Thiago Potiguar, que um ano antes tinha “arrebentado” no rival Paysandu, mas ao chegar ao Baenão, revelou-se mais uma malograda contratação.
Entretanto, Jayme não conseguiu se ambientar e acabou deixando o time alagoano. O seu retorno a Belém causou polêmica, pois foi acusado de ter fugido do clube nordestino. O pai de Jayme foi forçado a dar explicações sobre o retorno do atacante ao Pará, alegando que teriam colocado seu filho em um quarto com outros 3 atletas, onde nem ventilador havia no cômodo. “Ele não fugiu, apenas se deparou com aquela situação caótica e decidiu retornar no dia seguinte”, explicou, à época.
Jayme decidiu tentar uma brecha no Fluminense (RJ), mas como não deu certo, seguiu para o FK Teteks, da Macedônia. Na temporada de 2015, de volta ao Brasil, o atacante começou uma andança pelos times intermediários do futebol paraense, até aportar no Baenão, por indicação do ex-treinador Josué Teixeira, que viu suas atuações pelo Pinheirense, na Segundinha de 2016.
Pelo General da Vila, Jayme foi campeão da Segunda Divisão. Feliz ao retornar Remo, onde conviveu desde os seus 12 anos, Jayme conta como foi a temporada que está se encerrando.
“Ter um Remo ‘cabano’ sempre foi algo que pedimos. O trabalho foi bem feito no Campeonato Paraense. Chegamos às finais de forma invicta e estava tudo caminhando bem. Infelizmente, futebol é resultado e o fato de o time não ter conseguido conquistar o título, além de ter sido eliminado na Copa Verde, trouxe a pressão. A diretoria achou por bem trazer o pacote de reforços de fora para a Série C, que não deu certo, pois a forma como isso aconteceu, atrapalhou muito. Foi uma mudança muito radical. Praticamente todo o time foi trocado para a Série C. Isso prejudicou bastante e aconteceu o que todo mundo viu”, assinalou.
A pressão da torcida e da diretoria influenciou no rendimento do time azulino, pois é rotina se ouvir de treinadores, de jogadores, que a Série C do Campeonato Brasileiro não é fácil. Jayme vai mais além, ao dizer que atuar em uma Série C pelo Remo é ainda mais difícil.
“Os jogadores contratados vieram para ajudar, mas a pressão de jogar no Remo causa um impacto para os que não são acostumados. Eles precisam de um tempo para entender o que é jogar aqui. Uma responsabilidade muito grande. Quem é daqui sabe, mas quem é de fora não tem ideia de como funciona essa coisa e às vezes saem falando mal do Remo”, ressaltou.
“É primordial o planejamento para o sucesso. A diretoria tem de contratar jogadores que se identifiquem com o Remo. Os valores locais, o pessoal da base, sabem como é jogar no Remo. Eles precisam ser valorizados. Trazer muitos jogadores de fora não resolve o problema. Tem que mesclar com os da casa. Veja como foi o último jogo do Remo no campeonato, a base foi regional”, lembrou.
Jayme foi um dos jogadores que conseguiram mostrar qualidade na Série C e contou que recebeu 3 propostas de fora do Estado e outras 3 para jogar a Segunda Divisão do Campeonato Paraense.
“Aceitei a proposta do Tapajós, mas a minha prioridade é o Remo. Acertei com a diretoria e vou ficar. Quero ajudar a tirar o Leão dessa situação e conquistar os títulos que faltam no meu currículo”, destacou.
A reabertura do Baenão, segundo Jayme, será um ponto importante na temporada de 2018. Jogar com o calor da torcida vai ajudar o Remo a ganhar dos adversários e fazer dinheiro.
“Com certeza, vai diminuir os custos e dará a oportunidade de jogar de novo com o nosso torcedor ali perto de nós. Aquilo era um caldeirão! O Remo tem que voltar a jogar lá. Se Deus quiser, vamos voltar para nossa casa”, apostou Jayme.
O Liberal, 07/10/2017