O ano de 2017 promete ser de recomeço para o Remo. De diretoria nova, o clube precisa, entre outras coisas, se reestruturar financeiramente e “não dar o passo maior do que a perna”, como diz o ditado popular, algo que vinha acontecendo de maneira sucessiva nas últimas temporadas.
O grupo liderado pelo presidente Manoel Ribeiro definiu que a folha salarial do futebol profissional para os primeiros meses da temporada não ultrapassaria os R$ 300 mil, com a aposta maior nos jovens das divisões de base e jogadores regionais. Os reforços “importados” seriam pontuais.
O técnico escolhido para lidar com esse desafio veio do Rio de Janeiro: Josué Teixeira, de 56 anos, topou o desafio que pode dar um novo rumo para a sua carreira de treinador.
“Trabalhar no Remo sempre foi um desejo. É um clube com uma torcida apaixonada, que é o seu maior patrocinador, e que precisa dessa organização que o presidente Manoel Ribeiro está fazendo. Já tive grandes desafios, mas aqui será diferente, pois era o clube que visualizava, de projeção nacional. Uma conquista no Estadual, no Campeonato Brasileiro, uma Copa Verde, dará ao clube e os seus profissionais um grande destaque”, disse.
O projeto “cabano” ainda não foi consolidado, afinal, o elenco, formado em sua maioria por jogadores do Pará, ainda não disputou uma competição oficial e terá pela frente o Campeonato Paraense, além das Copas Verde e Copa do Brasil. A Série C é uma outra história, mais adiante.
O comandante, natural de Niterói (RJ), acredita que a formação do grupo seguiu os objetivos atuais do clube, mas não descartou outras contratações.
“Acho um projeto interessante, afinal, existem ótimos jogadores na região e que precisavam de um grande clube para acreditar neles. Só existe um grupo ideal quando ele conquista todos os objetivos propostos. Caso surja algum jogador interessante, com negociação favorável ao Remo, poderemos contratar”, disse.
Josué tem 2 títulos estaduais: um pelo Sampaio Corrêa (MA), em 2011, e outro comandando o River (PI), em 2014. As realidades do Nordeste fogem das particularidades do Campeonato Paraense, que é disputado em gramados pesados, encharcados em razão das fortes chuvas, fator que nem sempre acaba favorecendo a equipe mais técnica.
Em Belém desde dezembro, ele já se sente confortável para fazer uma avaliação do que vem por ai no Estadual e do futebol do Pará.
“O Pará é um Estado formador de jogadores, no entanto, pouco aproveitados. É preciso uma evolução nas questões estruturais, como estádio, vestiário e conforto ao torcedor. Aqui se respira futebol. Quanto aos adversários, estou com as informações das montagens dos elencos e a forma de jogar dos treinadores. A expectativa é de fazer um Estadual buscando dois objetivos: consolidar o projeto atual do Remo com jogadores locais e da base, além de retomar o título da competição”, apontou Josué.
O técnico tem a fama de “carrasco” do maior rival do Remo. Com o Macaé (RJ), Josué Teixeira foi campeão da Série C, em 2014, diante do Paysandu, com o Mangueirão lotado. Observando o bom retrospecto contra o time bicolor de maneira normal, o técnico fez uma avaliação da preparação dos adversários, com quem o Leão terá uma luta direta pelo título estadual.
“Isso faz parte do futebol. Inclusive, quando encontro com torcedores do Paysandu, sou tratado com muito respeito por todos e logo me dizem que, desta vez, não vou vencer o campeonato. O Paysandu é um grande adversário, está bem estruturado, possui receitas financeiras fortes, contratou um grande treinador. Modificou um pouco o grupo e contratou jogadores experientes e de qualidade. Quem quiser ganhar o Estadual, terá que passar por Remo e Paysandu”, avisou.
O primeiro clássico Re-Pa de 2017 está marcado para o dia 12/02. Antes, o Remo ainda terá Cametá, Pinheirense e São Raimundo pela frente. Josué sabe da importância da disputa com o maior rival, mas prefere manter a atenção nos primeiros adversários do Parazão.
“Quem vive no futebol sempre se imagina trabalhando em grandes clássicos. Belém tem dois grandes clubes e duas fanáticas torcidas, criando uma grande rivalidade. Jogar um Re-Pa gera uma grande expectativa em todos. É um dos maiores clássicos do Brasil, mas antes tenho 3 jogos difíceis e não posso focar nessa disputa no momento”, declarou o técnico azulino.
O Remo tem mantido uma base no time que realizou 5 amistosos de preparação para o Estadual. A defesa foi mantida com André Luís, Léo Rosa, Igor João e Jaquinha, com exceção da entrada de Henrique na zaga, ocupando a vaga que foi ocupada por Zé Antônio e Tsunami.
No meio, o quarteto com Elizeu, Marquinhos, Fininho e Flamel é o ponto de equilíbrio da equipe. Para a estreia deste domingo, contra o Cametá, Josué revelou que mantém uma dúvida no ataque. A dupla formada por Jayme e Edgar pode ser modificada.
“Está praticamente confirmado, ainda tem uma posição a decidir, no ataque. Ainda vou definir a formação, posso usar um jogador de referência. Meus times são divulgados antes. Apenas quando tenho uma questão tática é que não confirmo”, concluiu.
Globo Esporte.com, 27/01/2017