O insucesso na Série C não pode ser atribuído ao técnico Léo Goiano, pois o próprio torcedor do Remo acredita que o melhor para o clube é a manutenção do treinador para a próxima temporada. O último comandante azulino no Brasileiro assumiu quando pouco podia fazer: tinha apenas 3 contratações disponíveis e, de quebra, ainda precisou enfrentar problemas financeiros da diretoria com o elenco.
Quando Léo assumiu, na rodada subsequente, o Remo retornou ao G4 e lá permaneceu até o derradeiro confronto diante do Salgueiro (PE), mesmo com alguns tropeços pelo meio do caminho. Um deles aconteceu no duelo contra o Confiança (SE), mas o sentimento de que “ainda dava” veio depois da atuação contra o Botafogo (PB), em uma atuação envolvente, que culminou com o triunfo por 2 a 1.
Em números gerais, Léo Goiano não foi tão bem. Foram 9 partidas, apenas 2 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, totalizando 37% de aproveitamento. Apesar disso, e metodologia do treinador foi elogiada por jogadores e membros da então diretoria de futebol, a exemplo de Marco Antônio Pina, o “Magnata”, que enalteceu o trabalho após acompanhá-lo diariamente durante os treinamentos do time.
“Na verdade, peguei o elenco despedaçado dentro da Série C. Fui o treinador que tive menos oportunidade de contratar e, ainda assim, ficamos no G4 até a última rodada. Nesse jogo (contra o Salgueiro-PE), cheguei com 17 jogadores, sendo que parte era da base. Isso foi determinante para o nosso insucesso. Herdei uma herança muito ruim, mas ninguém me viu falar em fugir do rebaixamento. Quem acompanhou, viu nossos treinamentos com muita intensidade e compromisso, que são os pilares”, explicou.
De férias em Goiânia (GO), onde tem residência fixa, o treinador não esconde o desejo de voltar ao Remo para colocar em prática um planejamento desde o começo, por onde passa, principalmente, a característica individual de cada atleta a ser indicado. Sobre esse tema, Léo é enfático e afirmou o grupo que tinha em mãos não estava em sua melhor forma.
“Acredito que exista essa possibilidade (de voltar). Já manifestei o meu total interesse, até mesmo para fazer um trabalho totalmente diferente, a começar pela escolha dos atleta que, se tivesse montado o elenco, teria escolhido com outras características. Isso também foi determinante. O que posso falar de forma sincera e concreta é que grande parte dos jogadores não estava no melhor momento”, disse.
Confira mais detalhes da entrevista:
Otimismo:
Sou otimista por natureza. Transmiti isso ao grupo sempre, inclusive no último jogo. A gente sabia que era muito difícil, pois não tínhamos as principais peças, Eduardo Ramos, Pimentinha, Dudu, Luiz Eduardo, eram protagonistas, mas segui acreditando que era possível uma vitória simples.
Pimentinha:
Aconteceu que ele treinou normalmente. Parece que a diretoria tinha uma pendência com ele, mas que havia sanado. Naquele momento, ele era o mais importante do elenco e nosso treinamento foi justamente para potencializar o estilo de jogo do Pimentinha. Então, sua saída teve impacto grande no nosso jogo. Isso foi muito ruim. Minha decepção com ele foi grande. Tentei falar com ele depois que fiquei sabendo, mas ele não me atendeu por várias vezes.
Carreira:
Tive desafios diferentes na carreira. Em 2011, por exemplo, assumi o Vila Nova (GO) na Série B e, em termos de status, foi o maior desafio. Agora, desafio que mais me estimulou, certamente, foi esse no Remo.
Torcedor:
O torcedor presenciou tudo o que estávamos tentando fazer. Viu a intensidade dos nossos treinamentos, percebeu as limitações que tínhamos pelos recursos, que nos geraram constrangimentos. O torcedor do Remo é consciente e não é bobo. Ele sabe reconhecer. É justo.
Globo Esporte.com, 24/09/2017