Milton Campos, Manoel Ribeiro e Miléo Júnior
Milton Campos, Manoel Ribeiro e Miléo Júnior

O presidente Manoel Ribeiro apresentou oficialmente, na tarde desta terça-feira (24/10), a nova diretoria de futebol do Remo. Ela será gerida pelo deputado estadual Milton Campos, o advogado Antônio Miléo Júnior e o ex-diretor da base, Paulinho Araújo. Destes, os dois primeiros concederam entrevista coletiva na sala de imprensa do Baenão e apresentaram suas metas e objetivos, enquanto Paulinho estava no Mangueirão, observando jogadores na Segundinha do Parazão. O principal desejo do trio é conseguir profissionalizar o “carro-chefe” do clube.

“Entendemos que é o momento para mudar para melhor. Falo hoje principalmente à torcida azulina, que tanto ama e carrega nos braços esse clube. Vamos trabalhar manhã, tarde, noite e de madrugada, em alguns momentos abdicando da nossa família, porque esse clube merece dedicação total. Vamos buscar fazer uma gestão com muita responsabilidade e muito compromisso, lógico que buscando títulos. Haverá uma responsabilidade muito grande, principalmente na questão financeira e com o patrimônio do clube”, explicou Miléo.

Em setembro, com o término da Série C do Brasileirão para o Remo, os então diretores de futebol Marco Antônio “Magnata” e Sérgio Dias entregaram os cargos. Na época, Milton Campos e Miléo Júnior assumiram a missão sentar com jogadores e comissão técnica para acertar suas rescisões contratuais. No meio do caminho, Miléo se afastou, por discordâncias com a presidência e, principalmente, a falta de autonomia. Agora, ele revelou que a questão está resolvida.

“Precisamos do (programa sócio-torcedor) Nação Azul para fazer o futebol forte. Outros setores, como as lojas do clube por exemplo, continuarão sob administração do presidente. Essa autonomia se dará, sim. Faremos uma prestação de contas do futebol, entretanto, tudo reportado ao presidente. Temos que respeitar a hierarquia e assim faremos”, comentou Miléo.

“Faremos o futebol de forma autônoma, sim, mas prestando contas ao presidente e ao Condel. Inclusive, teremos uma pessoa para fazer a organização financeira do futebol, que será o nosso amigo Haroldo (Picanço). É uma pessoa altamente técnica e vai fazer todo o gerenciamento financeiro, as planilhas que tem que fazer, apresentar ao Codir e ao Confis, para que se tenha realmente um futebol autônomo, com entradas e saídas, algo muito transparente, que é isso que vamos pregar e executar”, continuou.

“Quando conversamos com o presidente, e já estamos conversando há algum tempo, entendemos que o futebol é o carro chefe do clube”, disse o dirigente.

“Precisamos fazer um futebol profissional e precisamos de suporte para isso. Então, é inevitável pensar no futebol sem pensar no marketing, no comercial e no Nação Azul fortes. Precisamos ter, principalmente esses três setores, trabalhando de formas coesa e sincronizada. Conversamos com presidente para mostrar que esses setores precisam estar diretamente ligados ao futebol. O recurso do Nação Azul tem que ser destinado ao futebol. É isso que estamos pensando e trabalhando com pessoas comprometidas. Isso é muito importante”, apontou Miléo Junior.

Outro ponto tocado é a necessidade de se conseguir recuperar credibilidade azulina no mercado. Para isso, serão feitos esforços financeiros para pagar atletas e funcionários em dia, fortalecer as atuais fontes de renda e buscar novas receitas.

“Precisamos de credibilidade. Precisamos pagar os jogadores e os profissionais do clube em dia. Isso vai ser uma luta incessante e sei que não será fácil, mas tenho certeza que, com bastante trabalho e luta no dia a dia, agregando pessoas boas, vamos conseguir resgatar. Isso é um ponto chave. A partir do momento que pagaremos os nossos acordos e compromissos, a imagem do clube muda. É impossível fazer futebol sem dinheiro e estamos atrás desses recursos”, salientou Miléo.

A contratação de um executivo de futebol, um novo técnico e a situação do meia Eduardo Ramos foram temas tratados por Milton Campos. A prioridade, no momento, é terminar de negociar a liberação dos atletas que disputaram a Série C para, então, poder traçar o planejamento para a próxima temporada.

“O clube, em nenhum momento, se pronunciou oficialmente e nem disse que já tem treinador contratado ou executivo de futebol. Estamos tomando posse agora. Já fizemos um trabalho um pouco antes, das rescisões. De uma boa parte do elenco já foi feita as rescisões e as outras ainda serão feitas”, informou.

“Não podemos montar um elenco sem saber quanto temos de receita. Por isso, temos agora o Haroldo Picanço como diretor financeiro do Departamento de Futebol. Não podemos mais montar times de qualquer jeito ou dependendo apenas da renda dos jogos”, frisou Campos.

“Quem assume o futebol sabe que as receitas do futebol serão utilizadas para pagar o plantel atual e os funcionários, mas sabe também que vão ser utilizadas para as dívidas do clube. Senão, o Remo não vai sair disso nunca. Quem quer resgatar a credibilidade tem que pagar o que deve. É nosso compromisso. Temos que arrecadar mais do que gastar. Um mau pagador não vai mais ter vez no futebol. O Remo vai implantar essa política de ser um bom pagador”, disse Milton Campos.

Para o comando técnico, Ney da Matta e Tarcísio Pugliesi são profissionais que tem ganhado força nos bastidores. Milton Campos elogiou o primeiro, mas afirmou que só será contratado alguém após a definição do novo executivo de futebol.

“Ney da Matta é um treinador vitorioso. Qualquer treinador que tem histórico vitorioso, principalmente em um campeonato como a Série C, interessa ao Remo. Já conversei com o Ney, falamos de bases salariais e ele fez uma proposta dentro da realidade do Remo, mas também conversamos com outros profissionais. Porém, a nossa prioridade no momento é o executivo de futebol. Já conversamos com 8 nomes. Esperamos até o final do mês fazer esse anúncio”, revelou.

Por fim, a situação do meia Eduardo Ramos segue indefinida. A nova diretoria de futebol irá se reunir com o pai do jogador, Carlos Martins, ainda esta semana.

“Eduardo Ramos tem contratado vigente até o final de novembro. Sempre teve bom relacionamento com o Remo. No momento da briga com o treinador (Josué Teixeira), acabou procurando a Justiça, mas depois conversamos com o seu advogado e fizemos um bom acordo que, infelizmente, devido a situação do clube, não teve as suas parcelas pagas em dia. Ele tem um valor a ser renegociado, um saldo devedor de aproximadamente R$ 450 mil. Conversamos com o ‘seu’ Carlos pela manhã, ele deve chegar a Belém na quinta-feira (26/10) e vamos fazer uma proposta ao atleta para que a gente possa ter um final satisfatório”, declarou Milton.

“Hoje estamos falando de rescisões. Não estamos falando sobre permanência, sobre contratações. Isso só será feito depois da chegada do executivo de futebol e do treinador. Eles vão decidir que tipo de elenco vão querer. O que está na pauta do Remo, nesse momento, é rescindir os contratos de forma satisfatória. Essa é a meta do momento”, finalizou.

Outro assunto tratado na apresentação da nova diretoria azulina foi a recuperação do Baenão. Milton detalhou o projeto que deve ajudar a reabrir o estádio azulino.

“Vamos ao Rio de Janeiro para uma nova reunião com uma empresa que vai ajudar a impulsionar as obras de revitalização do Baenão. Isso foi algo que aconteceu através do deputado Hélio Leite. Ele foi conversar com a emissora que detém os direitos de transmissão da Série C do Campeonato Brasileiro para pedir apoio. A resposta foi que a emissora fez a ponte com essa empresa e o Remo deve ter o Baenão aberto em 2018. Em novembro, essa empresa virá aqui para conhecer a estrutura do clube e formalizar a proposta”, contou.

Globo Esporte.com, 24/10/2017