Val Barreto e Elizeu
Val Barreto e Elizeu

Até a noite da última segunda-feira (03/04), o Remo vinha mantendo uma postura sólida neste início de 2017. Com dificuldades financeiras e focado na reestruturação administrativa, o clube fez o inverso dos últimos anos e apostou em um elenco, em sua maioria, formado por jogadores regionais e das divisões de base, fazendo um investimento mensal em cerca de R$ 290 mil na folha salarial.

Os resultados apareceram: classificação antecipada às semifinais do Parazão, 8 jogos de invencibilidade e a classificação sem sustos na 1ª fase da Copa Verde. Entretanto, o último clássico Re-Pa e as 2 partidas contra o Santos (AP), que resultaram na eliminação precoce da competição regional, acendeu um sinal de alerta que leva a uma indagação: o Remo chegou ao seu limite com o atual elenco na temporada?

Primeiro, o grupo do Remo é limitado quando se fala em número de jogadores. O técnico Josué Teixeira – um dos principais responsáveis pelos bons desempenhos colhidos pelo time até aqui – tem dificuldades para montar uma equipe mais forte em razão das lesões. A saída é colocar mais atletas da base no momento decisivo e sem a preparação ideal. Não é papel dos mais jovens resolver, de imediato, as dificuldades azulinas. Contra o Santos (AP), em Macapá (AP), o treinador não contou com Flamel e Jayme, titulares nas últimas partidas.

Segundo, o Remo tem problemas quando se trata dos volantes disponíveis. Marquinhos, com 31 anos, têm atuado sucessivamente e é normal um desgaste físico. Renan Silva retornou recentemente de uma lesão e não atingiu o ritmo ideal, enquanto que Elizeu ainda não conseguiu a melhor performance. Tsunami, que também atua na lateral, tem se excedido nas faltas. Não é à toa que saiu do Re-Pa e contra o Santos (AP), ainda no primeiro tempo, por ter recebido cartão amarelo.

Terceiro, quase o mesmo acontece com os laterais. Léo Rosa tem sido um dos líderes em assistências a gol no Remo e é o único que atuou em todos os jogos do Leão até aqui. Talvez, por desgaste, tenha caído de produção justamente nos embates diante do time amapaense, levando à inúmeras críticas dos torcedores. Jaquinha ainda não conseguiu a regularidade desejada na esquerda, até porque teve que cumprir 4 jogos de suspensão em competições nacionais.

Quarto, o setor de ataque tem sido deficiente. Além de não marcarem há 3 partidas, os jogadores de frente têm perdido inúmeros gols. Contra o Paysandu, o Remo, mesmo com um atleta a mais desde o primeiro tempo, só foi conseguir furar o bloqueio do adversário aos 44 minutos da etapa complementar. No primeiro encontro com o time amapaense, a equipe azulina pressionou, mas só conseguiu marcar 2 gols. No segundo jogo, Gabriel Lima perdeu inúmeras oportunidades de gol e Edgar foi figura apagada. Para completar, os remistas não contaram com Jayme, lesionado, e Nano Krieger, que segue no Departamento Médico.

Ser eliminado para o Santos (AP), que tem investimentos menores que o Remo, pesou na balança e coloca uma desconfiança no projeto “cabano”, mas que ainda tem créditos pelo que foi conquistado até aqui. A missão de Josué Teixeira é evitar que a queda de desempenho seja estendida para as semifinais do Campeonato Paraense, diante do Independente Tucuruí, que vem mostrando ser um dos times mais fortes do torneio.

Josué reconheceu que o elenco do Remo não conta com tantas opções para suprir as ausências em razão das contusões e suspensões, mas demonstrou ainda manter confiança no trabalho desenvolvido, sem deixar de lembrar que a superação é um dos pontos que faz o atual grupo azulino ser forte. É na disposição e gana pelos resultados que o Leão cresce e passa a ser praticamente imbatível, afinal, até aqui em 2017, só teve 2 derrotas em confrontos oficiais.

“Nosso elenco é reduzido, estamos tendo que mexer no time em diversas oportunidades e isso dificulta para manter uma estrutura, mas não uso ‘bengala’. Ontem (segunda-feira), o André Luis (goleiro) não fez nenhuma defesa (difícil) e perdemos. Tivemos 7 oportunidades claras de gol e deixamos de fazer. Ainda tivemos uma expulsão desnecessária e a lesão do Eduardo Ramos no primeiro tempo. O que me incomodou foi novamente não competir. Já avisamos e cobramos, o nosso grupo só vai vencer lutando e jogando”, disse o técnico azulino.

Globo Esporte.com, 04/04/2017