Pimentinha
Pimentinha

O Remo já disputou 8 rodadas de Série C e seu torcedor não consegue escalar o time. É bem verdade que este é um problema que aflige a maioria dos times da competição, mas cabe considerar que até uma semana antes do Brasileirão a escalação era conhecida por todos. A equipe que terminou o Campeonato Paraense podia não ser um primor de qualidade, mas tinha razoável entrosamento e os jogadores se conheciam.

As mudanças implantadas por Josué Teixeira ainda cobram um preço alto e estão na origem dos problemas enfrentados até aqui na Série C. Josué saiu, mas deixou como herança um arremedo de time, baseado em 8 ou 9 “reforços” indicados por ele e que despedaçaram o sentido coletivo e o conceito de superação que existiam no Parazão.

Oliveira Canindé está no comando há poucas rodadas e tem números razoáveis. Perdeu e empatou fora, ganhou em casa. É do último jogo, contra o Sampaio Corrêa (MA), em São Luís (MA), que devem ser extraídas as lições mais valiosas para o confronto deste domingo (09/07), às 18h, diante do lanterna Salgueiro (PE), no estádio Mangueirão.

A utilização de 3 volantes – João Paulo, Marcelo Labarthe e Ilaílson – não trouxe a segurança defensiva esperada. O Sampaio, mesmo com sérias limitações, pressionou muito e levou sempre vantagem no duelo de meio-campo, principalmente porque os volantes remistas erravam muitos passes.

Eduardo Ramos não encontrou espaço para jogar, como já acontece desde os tempos de Josué. Marcado individualmente, busca os lados do campo, o que reduz sua margem de manobra e prejudica o eixo criativo da equipe.

Está óbvio que, para poder contar com seu camisa 10, o Remo tem que dividir os papéis no meio, de preferência posicionando outro meia para trabalhar na criação e diminuir a pressão sobre Ramos. Flamel é o nome mais indicado, pela experiência e capacidade de reforçar a linha de ataque.

O problema é que Oliveira Canindé, como boa parte dos treinadores, teme se expor defensivamente e acaba adotando estratégia que provoca exposição ainda maior. Quando utiliza volantes limitados, inferioriza o jogo na intermediária, compromete a transição e ainda cede todos os rebotes ao adversário, mesmo quando este não é lá muito qualificado. Contra o Moto Club (MA), essa situação ficou bem clara.

Acima de tudo, para manter volume ofensivo, Remo precisa de forte participação dos atacantes, laterais e meias. Contra o Sampaio, Canindé utilizou Edgar pela esquerda e Luiz Eduardo centralizado. Contra o Salgueiro (PE), o mais provável é que utilize 3 atacantes.

O esquema só dará certo se o ataque funcionar e abrir vantagem no placar, o que deixará a zaga menos sobrecarregada. Como sempre, a lição número um do futebol segue valendo: acertar o pé é o segredo do sucesso.

Blog do Gerson Nogueira, 09/07/2017