A opção de remontar radicalmente o time do Remo cobra um preço alto neste começo de Série C. Depois de um primeiro tempo de boa movimentação e tentativas agudas, com 2 chances de gol, a equipe sucumbiu ao cansaço e aos muitos erros, deixando 3 pontos em Arapiraca (AL), no sábado (20/05) à tarde. A continuar nessa toada, candidata-se a ser (de novo) mero figurante na competição. O Leão ocupa o 4º lugar, mas não passa confiabilidade.
O apenas esforçado ASA (AL) pouco arriscou inicialmente, respeitando o time azulino. Quando percebeu o cansaço e a desarrumação, botou pressão e achou facilidades pelos lados do campo. Insistiu com bolas cruzadas até que o gol saiu em um lance curioso, que teve um “quase milagre” do goleiro Vinícius e a total inércia do sistema defensivo azulino.
A derrota se consolidou porque o Remo não teve forças para manter a transição rápida que fazia no primeiro tempo, quando o estreante Gerson apareceu bem no apoio ao ataque. Edgar e João Paulo tiveram oportunidades, mas o goleiro Carlão fez grandes defesas, evitando o gol.
Até a conhecida limitação criativa do meio-campo do Leão foi um pouco disfarçada pela velocidade com que o time conseguia sair de seu campo. Em várias situações, ficou patente a fragilidade defensiva do ASA (AL), condição que os remistas não souberam explorar nos 45 minutos finais.
Para piorar, o precário condicionamento físico de boa parte da equipe, principalmente dos novos jogadores, comprometeu a cobertura defensiva e limitou as iniciativas do ataque. Edgar, o melhor do time, foi esquecido no lado esquerdo, sem receber bolas para investir em jogadas rumo ao gol.
Com o Remo escalado no sistema 3-5-2, os volantes tinham papel decisivo na partida, mas na segunda etapa abusaram da burocracia, trocando (e errando) passes no meio, justamente o setor mais povoado pelos alagoanos.
Peça nula, Mikael foi substituído por Ronny, que nada acrescentou. Quando Gabriel Lima entrou, substituindo João Paulo, o ASA (AL) já havia chegado ao gol, em lance que confirmou a excelente atuação do goleiro Vinícius e desnudou em todas as cores a incrível lentidão da zaga remista. Em cruzamento de Everton, o goleiro se desdobrou defendendo um cabeceio e um chute à queima-roupa, mas não evitou o arremate de Leandro Kível, aos 12 minutos. Estava sozinho contra o ataque inimigo, pois os zagueiros do Remo não se mexeram para pelo menos atrapalhar a jogada.
Em desvantagem, o Remo buscou forças para reagir, mas em nenhum momento conseguiu dar o bote sobre a defesa do ASA (AL). Gabriel Lima correu, lutou, mas foi atrapalhado pelos erros de posicionamento e passe de Daniel Damião, além da falta de entendimento com Nino Guerreiro e Ronny. O melhor momento foi uma tentativa em bola parada de Tsunami, mas a bola saiu sobre a trave.
Os manuais ensinam que, em situações de aperreio, o jeito é apelar para a bola alçada na área, o popular “chuveirinho”, mas nem isso o Remo fez. Estranhamente, ficou “cozinhando o galo” em seu campo, sem arriscar chutes de fora da área e deixando de incomodar a defesa adversária.
O resultado negativo acende o sinal de alerta quanto às deficiências do time, já expostas na vitória sobre o Fortaleza (CE). O fato mais desconcertante é que o time que disputou o Parazão, reconhecidamente limitado, conseguia ser superior ao amontoado de jogadores escalados neste começo de Série C.
A opção de desmontar o elenco e prestigiar os novatos até agora não se mostrou a mais acertada. Quase todos os contratados desembarcaram em Belém longe das condições ideais, sendo que alguns denotam sérias limitações técnicas – casos de Daniel Damião, João Paulo, Marcelo Labarthe, Mikael e Danilinho, que nem jogou em Arapiraca (AL). As exceções até agora, mesmo sem maior brilho, são Gerson, Nino Guerreiro e Bruno Costa.
Em meio às dificuldades, Josué pode substituir os “importados” que não se encaixaram por Gabriel Lima, Jayme, Léo Rosa e até Rodrigo, que apareceu bem na final do Parazão e que pode cuidar da armação até Flamel voltar – há previsão de que possa jogar domingo (28/05), contra o Cuiabá (MT).
Insistir com os novatos à espera de entrosamento é um risco que o Remo não pode correr!
Blog do Gerson Nogueira, 22/05/2017