Levy
Levy

Natural de Igarapé-Açu, Levy é um dos “peixes grandes” do Remo para a final do Campeonato Paraense. Mergulhado em Re-Pa, o dono absoluto da camisa 2 remista é o atleta mais experiente quando se refere ao “Clássico Rei da Amazônia”.

Após o treinamento desta quarta-feira (28/03), Levy largou tudo para falar de sua carreira, sobre a ligação familiar com o Leão e, logicamente, analisou mais essa decisão de Estadual pelo Remo, contra o Paysandu, que mobiliza os paraenses.

“Entrei no Remo aos 12 anos. Vim para fazer um teste e fui aprovado. O Remo foi o meu primeiro clube na carreira. Antes, só tinha jogado em uma escolinha da minha cidade”, relembrou Levy, sem demonstrar nem metade da timidez de quando calçou as chuteiras pela primeira vez no Baenão.

Marquinhos Belém, campeão da Série C do Campeonato Brasileiro de 2005 pelo Leão e uma das referências de Levy, contou que o jeito “caladão” de Levy, na verdade, era sinônimo de concentração.

“Ele subiu para o profissional no meu último ano de Remo. Era um garoto (16 anos) que chamava a atenção pela personalidade e pela dedicação. Levy sobrava nos treinos físicos. Nunca tirava o pé. Todo treino dele era muito forte. Tinham alguns momentos em que ele ficava observando os mais velhos. Ainda existia um respeito muito grande dos garotos da casa com os mais rodados. Levy cresceu e se estabeleceu no Remo porque trabalhou sempre dando um algo a mais”, disse Marquinhos Belém.

As primeiras chances do menino calado surgiram ainda em 2007, mas foi em 2008, com 20 anos, que Levy conseguiu sua primeira sequência como titular. Jogou, inclusive, como lateral-esquerdo, e teve a oportunidade de disputar sua primeira final de Campeonato Paraense. Foi campeão contra o Águia de Marabá.

A titularidade o acompanhou nas temporadas seguintes. Levy seguiu no Baenão, de forma ininterrupta, até 2010. Na temporada seguinte, começou uma peregrinação por Ananindeua, Tupi (MG), Goiatuba (GO) e São José (RS) em 2011; São Carlos (SP) e Independente Tucuruí, em 2012; e São Francisco e Baraúnas (RN), em 2013.

O retorno à Toca do Leão foi em 2014, com a conquista de mais um título paraense que contrastou com a campanha pífia na Série D do Brasileirão daquele ano. Parte daquele elenco – incluindo Levy – foi emprestada para o Parauapebas, para a disputa da Segunda Divisão do Parazão. O lateral retornou ao Leão em 2015, quando os azulinos conquistaram o bicampeonato.

“Foram essas 3 finais de campeonato pelo Remo e também uma no ano passado, pelo ABC (RN). Fui campeão em todas”, destacou Levy, lembrando seus 4 títulos estaduais em quase 18 anos de carreira.

Diante desse retrospecto, Levy pode ser considerado um amuleto para o Leão em finais e até mesmo em clássicos contra o Paysandu.

“Não sei o número ao certo de quantas vezes joguei Re-Pa, mas acredito que seja algo entre 25 e 30 clássicos. É um jogo que gosto de jogar. É o tipo de partida que eleva a carreira de qualquer atleta. É maior clássico da Amazônia e um dos maiores do mundo”, avaliou.

Se o vínculo contratual entre o lateral e o Remo está firmado até o final desta temporada, a ligação emocional entre eles já passou até de geração.

“Tenho um casal de filhos e ambos são remistas. Vão até para o estádio. Toda a minha família é assim. Até quem era Paysandu virou remista depois que virei profissional”, garantiu o jogador, justificando tanto carinho pelo lado azul-marinho do Pará.

“Foi através do Clube do Remo que pude ajudar minha família financeiramente, foi onde fui revelado e foi onde tive minhas maiores conquistas profissionais. No lado pessoal, ainda tem o fato de jogar na equipe pela qual meus familiares torcem. É uma honra representar milhares de torcedores apaixonados”, concluiu.

Aos 29 anos, Levy agora é apontado como referência pelo garoto Gustavo, mais uma joia da base remista que estreou profissionalmente neste ano. O camisa 2 do Leão já tem um plano traçado para o futuro.

“Pretendo um dia virar técnico”, revelou.

Para este domingo (01/04), o futuro “professor”, que recebeu atenção especial do Departamento Médico azulino por conta de dores na coxa direita, cravou que está apto para jogar e rechaçou qualquer favoritismo azulino por ter vencido os dois primeiros clássicos do ano.

“Estou pronto para o Re-Pa. Quando chega no clássico, não existe mais essa de favoritismo. Os jogos que ganhamos já passaram. A motivação agora é o título. Os dois times entram em igualdade”, concluiu.

O Liberal, 29/03/2018