No ano em que o atacante Gabriel Lima pode render cerca de R$ 1 milhão aos cofres do Remo por conta do interesse de Cruzeiro (MG) e Vasco (RJ), o aproveitamento de garotos das categorias de base no profissional do Leão chamou a atenção.
Em 2017, o Leão viu 5 garotos da base subirem e, destes, apenas o goleiro André Felipe e o zagueiro Luiz Cláudio não tiveram a oportunidade de jogar. Os demais conseguiram, inclusive, atuar como titulares ao menos uma vez: Lucas Victor (volante), Jefferson (volante) e Gabriel Lima (atacante). De todo este grupo, nenhum gerou uma grande negociação e o único que apresentou resultado interessante a médio prazo foi o próprio Gabriel Lima.
Nesta temporada de 2018, por sua vez, o Remo teve a ascensão de 10 atletas, sendo que 5 foram relacionados e apenas 2 jogaram. O dado mais gritante, no entanto, é que 5 garotos foram negociados com clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O zagueiro Kevem e o lateral-direito Gustavo foram vendidos ao Cruzeiro (MG), enquanto que o atacante Hélio, o meia David Lima e o lateral-direito Roni estão emprestados para o Palmeiras (SP).
Terminaram o ano nos planos para 2019: Davi (zagueiro), Felipe (lateral-esquerdo), Miguel (meia), Evandro (atacante) e Dedéu (atacante).
Durante a atual temporada, outros jovens atletas também tiveram chances de treinar com o profissional, mas não conseguiram se manter, como nos casos do volante Belletti, do lateral- esquerdo Vanderlei, do meia David Calleri e do atacante Wallace.
Diante disso, o diretor das categorias de base remistas, Paulinho Araújo, avaliou a duplicação na quantidade de garotos fixos no elenco profissional, o sucesso no mercado da bola com os empréstimos e o baixo aproveitamento deles jogando partidas oficiais pelo profissional.
“O ano foi muito complicado. Envolveu muita gente no profissional e o Netão, que é oriundo da base e conhece todos esses garotos, já foi ter a chance dele muito tarde. Temos talentos aqui dentro do Remo”, garantiu.
Perguntado se o fato de não ter tido os garotos em campo para ajudar o Leão na temporada pode ter sido um prejuízo, Paulinho foi categórico.
“Não dá para dizer que o Remo perdeu. Os atletas foram aproveitados no mercado. Isso abre portas para o Remo com clubes da elite e também os garotos recebem a dádiva de fazer um trabalho de formação profissional diferenciado, tanto no sentido físico, como mental”, comentou.
Confira outros pontos da entrevista com Paulinho Araújo, diretor das categorias de base do Remo:
Qual foi o diferencial para que o bom aproveitamento da base pelo profissional neste ano?
O trabalho foi todo feito a médio e longo prazo. Estamos plantando desde 2013 e os principais fatores de mudança foram: tirar as “panelinhas” e participar de muitas “peneiradas” pelo interior do Estado.
Como funcionavam as “panelinhas”?
Assumi a base em 2013, saí em 2016 e retornei no ano seguinte. Neste período, vimos muitas situações de jogadores com indicações. Conseguimos acabar com isso. Só fica no Remo quem for bem avaliado pela comissão técnica do Remo. Não tem mais o “peixe” de ninguém.
Como foi feito o trabalho pelo interior do Estado?
O Remo organizou e realizou uma “peneirada” no início de 2016 e, desde então, passamos a receber convites das cidades. Fomos a Canaã dos Carajás, Parauapebas, Senador José Porfírio, Ourém, Bagre, Castanhal e Bonito. Só desta última cidade, trouxemos o atacante Amauri, que foi vendido para o Atlético (MG) naquele mesmo ano de 2016. Depois, voltamos lá e trouxemos o Gabriel Lima, que é o que é hoje. Seguimos viajando. Neste ano, foram tantos convites que passei pelo menos 90% dos finais de semana longe de Belém.
Você disse que o Netão poderia ter aproveitado mais garotos da base se tivesse sido colocado como técnico mais cedo. Para 2019, ele deve ser efetivado? Existe um planejamento com esta possibilidade?
Sim, estamos falando sobre isso. Se tudo der certo, pode anotar que 40% do profissional do ano que vem será de garotos criados aqui. Neste momento, pensamos em ter pelo menos 6 para disputar vaga no time titular e 4 mais jovens para compor elenco e ganhar rodagem e amadurecimento.
Quais os planos para os garotos que foram comercializados?
Todos saem daqui em caráter de parceria. A lógica é a seguinte: se o jogador for bem e for comprado, o clube ganha com dinheiro. Se o atleta for devolvido, receberemos um jogador 3 vezes melhor do que estava quando o enviamos. Um exemplo disso é o Hélio, um atacante que está emprestado ao Palmeiras (SP) desde fevereiro e já ganhou 6 quilos de massa muscular. Está um “touro”. Todos os outros estão mostrando evolução.
O Liberal, 14/08/2018
“Se o atleta for devolvido, receberemos um jogador 3 vezes melhor do que estava quando o enviamos. Um exemplo disso é o Hélio, um atacante que está emprestado ao Palmeiras (SP) desde fevereiro e já ganhou 6 quilos de massa muscular”
O Diretor identificou, nessa entrevista, algumas deficiência da formação dos atletas azulinos da base. Por que o garoto não pode ganhar 6 kg de massa muscular na base do Remo?
Por que o garoto não pode receber a “dádiva de fazer um trabalho de formação profissional diferenciado, tanto no sentido físico, como mental” nas categorias de base do Remo??
O Clube deveria estudar essa deficiências e planejar suas metodologias para se aproximar da base dos grandes clubes brasileiros, pois o Remo depende muito da sua base.
O intercâmbio dos atletas em outros clubes é importante, mas o mais importante é estruturar o Remo.
Um dia chegaremos nesse nível, mas você tem que concordar que os times citados possuem estrutura na base melhor que a nossa no profissional! Nossa base não tem nem campeonato para disputar, apenas o Parazão que dura 1 mês e o resto do ano não tem mais nada!
Esse lance da panelinha era realmente um problema. Tenho vários amigos que relatavam esse tipo de prática nas categorias de base do Remo. O cara podia ser muito bom, mas só ficava se tivesse um “peixe”. Torço para que isso não volte a acontecer, pois o Clube do Remo é quem mais perde com essa babaquice. Saudações Azulinas!
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