Nas últimas 5 temporadas, na tentativa de retornar às competições intermediárias do Campeonato Brasileiro, além de voltar a apresentar futebol convincente e competitivo, as gestões que passaram pelo Clube do Remo apostaram na figura do treinador, especialmente com “bagagem”, como ponte para os triunfos no futebol.
Nesse período, Flávio Araújo, Josué Teixeira e Ney da Matta revezaram o posto no comando técnico da equipe. Todos possuíam no currículo acessos e títulos do Brasileirão, mas também adquiriram outro detalhe em comum – o fracasso em suas passagens à frente do Leão.
Um dos fatores que ajudou no insucesso dos profissionais foi o conhecimento bastante superficial do Parazão que, naturalmente, se repetiu nas demais competições. Por isso, Givanildo Oliveira foi a escolha do grupo diretor para tocar o barco azulino no restante de 2018.
Um dos treinadores mais vitoriosos do Brasil, Giva conhece o futebol paraense como poucos. Vencedor do Parazão em 6 oportunidades, ao longo de mais de 10 anos atuando por aqui, o atual comandante do Remo é o maior vencedor de Estaduais do século, com 8 troféus, desbancando nomes como Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho, ambos com 7.
No próximo domingo (01/04), Givanildo entrará em campo na busca pelo seu 9º caneco em tais competições, pela primeira partida das finais do Parazão, diante do Paysandu.
Mesmo apontando pontos fortes no rival, o que, de acordo com o próprio técnico, fará com que o confronto seja difícil, uma estratégia que tem imposto ao longo de toda a sua carreira deverá ser ponto chave para o duelo, que é o trabalho duro.
“O futebol, como tudo na vida, tem que evoluir, senão vamos fazer o mesmo que os caras faziam há anos. Agora, não tem muito mistério. É trabalhar mais que todo mundo, porque sem o esforço as coisas não acontecem. Em todo lugar que vou trabalhar, procuro deixar isso claro. Porque todo time treina, agora você tem que se esforçar mais para render dentro de campo”, explicou.
Considerado o grande responsável pela mudança de postura do plantel azulino, fazendo com que o time apresente bom volume de jogo e equilíbrio tático, o que ocasionou em uma sequência de vitórias, sendo uma delas em cima do próprio Paysandu, Givanildo Oliveira listou dois pontos como fundamentais para a evolução da equipe.
“Conhecer o grupo é importante, porque sem isso não tem como saber o que você tem em mãos. A partir daí, sim, é que é feita a metodologia. A gente procura deixar claro o papel de cada um para o grupo treinar em cima daquilo que eles podem render e que a gente precisa. O resto é esforço, é trabalho”, diz o treinador.
No histórico recente de Givanildo Oliveira, sobretudo nas suas passagens recentes pelo América-MG (2014 e 2016) e no Ceará-CE (2017), uma coisa ficou clara quanto ao seu estilo de jogo: pouca firula e muita entrega, à moda antiga, como um técnico “raiz”.
Contra o Paysandu, no domingo (01/04), o comandante espera essa característica do seu time, pois eventualmente haverá momentos em que a equipe irá desenvolver bom futebol e outros não tão produtivos. Segundo ele, independentemente da postura, o resultado final é o que dará as cartas.
“O que interessa é você ganhar, ser campeão. Tudo depende de resultados. Fui campeão com o Ceará (CE) no Estadual, mas deu 2, 3 jogos no Brasileirão e fui mandado embora. É claro que espero montar um time forte, mas sem o resultado, as coisas não andam”, comentou.
“Para o clássico, é procurar fazer o que temos feito. Só que agora com mais concentração, porque vale o título. Lá (Santarém), tivemos um resultado (derrota) e aqui outro (vitória e classificação). É isso que quero dizer. É sempre melhorar, mas como o foco nas vitorias”, completou o treinador azulino.
Givanildo acumula 37 clássicos Re-Pa, a maioria comandando o time bicolor. Como técnico do Clube do Remo foram apenas 7 partidas. No entanto, mesmo com poucos jogos como treinador do Leão, Givanildo Oliveira nunca perdeu. Foram 5 vitórias azulinas e 2 empates.
A vasta experiência no duelo paraense, no entanto, é apenas uma parte da extensa vivência em clássicos que Giva possui. Na carreira, somam-se inúmeros duelos, sobretudo no Nordeste. O treinador reitera que, embora contenha as circunstâncias normais de qualquer jogo, um clássico é diferente das demais partidas.
“Nesse momento, não interessa. Você pode entrar com qualquer grupo, mas quando se chama Re-Pa, é sempre parelho, pegado, não tem como. Você não pode estar dizendo: vai ser fácil para um ou para outro. Nunca foi e nunca vai ser. É diferente de outro jogo, mesmo sendo um jogo normal. Então, esse vai ser bem disputado”, destacou.
Dentre todos os clássicos no currículo, Givanildo Oliveira apontou o Re-Pa como o mais badalado.
“Já participei de Ba-Vi. Lá (em Pernambuco), o mais forte é Santa Cruz (PE) e Sport (PE). Quer dizer, já participei de vários jogos assim, complicados. Re-Pa é o mais falado, mas não tem esse negócio, é um jogo, mas não um jogo qualquer, porque é um clássico. Se Deus quiser, vamos fazer uma boa partida e ir na busca desse título que é o que queremos”, pontuou.
Diário do Pará, 29/03/2018