Com 2019 iniciando, as resoluções para um ano novo azulino tem de ser de muitas melhorias. Se 2018 terminou com alguma alegria para o torcedor do Clube do Remo, foi mais pela infelicidade do rival bicolor do que pelos próprios feitos conquistados em campo. Nesse saldo, se destacam um título estadual e a fuga heroica do rebaixamento para a Série D. É muito pouco, é preciso sonhar mais alto!
Como é comum em toda passagem entre fim de temporada no futebol paraense, se trabalha com “terra arrasada”. A base que permaneceu é mínima e 16 jogadores foram contratados, sendo que essa quantidade deve aumentar ainda para o Campeonato Paraense. O que de principal ficou em relação a 2018 foi a permanência do técnico João Nasser Neto.
Netão veio do futsal, foi analista de desempenho, técnico da base e pegou uma “batata em chamas” quando foi chamado para salvar o Leão da queda praticamente sacramentada para a Série D, que conseguiu evitar ao montar um time surpreendentemente bem organizado em campo para o pouco tempo de treinamento que teve.
O perfil da maioria dos atletas contratados que cabem no bolso azulino deixa claro que o trabalho será mais voltado a um time bem armado e entrosado do que na solução vinda de um grande jogador. Tudo indica que nenhum torcedor irá a campo em busca de uma jogada de craque, mas de uma equipe solidária.
Netão sabe que, a despeito do que tem feito de bom até aqui, será julgado tão logo os jogos comecem e só há dois resultados em casos como esse.
“O que foi feito atrás fica lá, no passado. Começamos uma nova etapa e temos que ganhar. A rotina do futebol é essa, que só fica em clube quem vence. Temos que encarar essa realidade”, reconheceu.
O comandante azulino está ciente que o principal objetivo do ano é a Série C. O mínimo é uma campanha boa, sem aperreios como em 2018, mas o esperado pela torcida é mesmo o retorno para Série B, competição que o Remo não disputa há 11 anos.
“Temos que pensar passo a passo. Os primeiros campeonatos são sempre os mais importantes. Óbvio que há uma competição mais importante, mas para o Remo é uma obrigação se sair bem em todos”, disse.
Acesso para “sair do vermelho” na lista de desejos
Quando a atual diretoria assumiu o Remo para o biênio 2019/2020, só então se deu conta que o buraco era mais fundo do que esperava. O clube foi encontrado com 7 parcelas da Justiça do Trabalho atrasadas, quase 10 do Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), além de acordos que não foram feitos com atletas, entre outros problemas.
As cotas das duas primeiras fases da Copa do Brasil estão atualmente bloqueadas, assim como os patrocínios de Funtelpa e Banpará, ambos apoiadores do Campeonato Paraense. Sem falar que o Remo tem um acordo na Justiça do Trabalho que destina 30% das rendas dos jogos diretamente para as ações ajuizadas no Tribunal. Por fim, os patrocínios das mídias sociais foram também bloqueados parcialmente pela Justiça de São Paulo, pelo não pagamento do empréstimo do lateral-esquerdo Matheus Müller, que defendeu o Leão em 2015.
“A situação não é fácil, mas o Fábio (Bentes, presidente) tem procurado parcerias, soluções para que esses problemas sejam sanados o quanto antes”, comentou Dirson Medeiros, membro da diretoria de futebol do Remo, garantindo que entre os novos dirigentes impera um pensamento idêntico ao dos jogadores, de que o clube está no caminho certo em busca de sua recuperação financeira, estrutural e técnica.
Para Medeiros, há um consenso entre seus pares que o Remo precisa se organizar para poder voltar à Série B para, uma vez lá, conseguir sua estabilidade financeira para pensar mais alto.
“Estou com um pensamento muito positivo para os próximos 2 anos. O elenco está ficando forte e a torcida entendeu nossa proposta. A cada dia avançamos um degrau para nos estruturarmos, subirmos e ficarmos um tempo na Série B”, apontou.
Série B significa um lugar ao sol
Para quem veio com o objetivo de fazer a diferença dentro de campo, o discurso estava na ponta da língua de que o projeto do Remo para 2019 foi o que o atraiu a vir a Belém. Ninguém que foi contratado pode dizer que ainda não está à espera de algum lugar ao sol no futebol brasileiro. De gente que já sentiu o gosto do acesso àqueles está dando os primeiros passos na carreira profissional.
“Vim para cá porque há um projeto bem definido. Isso me atraiu. Acredito que todos que vieram pensam assim, em chegar longe e conquistar títulos”, confirma o lateral-esquerdo Ronaell, que conseguiu o acesso para a Série B pelo Cuiabá (MT), mas acabou não renovando com o clube.
O atacante Alex Sandro, de 23 anos, é um dos que espera a grande oportunidade de se destacar por um clube de massa e alçar voos mais altos. Ele garante que a busca por um 2019 melhor passa pela cabeça de todos que estão no elenco e isso significa se sair bem em todas as competições da temporada.
“O Remo tem que chegar em todas as competições. É um time grande e de torcia imensa. Nós todos aqui temos esse objetivo, que é conquistar títulos e o acesso para a Série B”, comentou.
Ronaell salienta que esse pensamento geral tem feito que o empenho e a dedicação em todos os treinos tenham apenas aumentado a cada dia que passa.
“A prioridade é estar sempre bem para poder ajudar. Teremos quatro competições muito importantes pela frente e é nossa obrigação irmos fortes em todas”, concluiu.
Diário do Pará, 31/12/2018