Baenão
Baenão

Foram 5 anos, 2 meses e 12 dias. O estádio Evandro Almeida – ou Baenão – reabre neste sábado (13/07) depois de um longo período de angústia, esperança e nostalgia para os torcedores do Remo. A equipe enfrenta o Luverdense (MT), pela 12ª rodada da Série C, a partir das 15h.

Em 2014, um setor inteiro do “caldeirão” azulino foi demolido com a meta de transformar o tradicional estádio em uma arena particular moderna, a principal da região àquela altura. O sonho virou pesadelo e a volta para casa, durante um tempo, parecia algo distante no horizonte.

Porém, a espera acabou e, mesmo que seja em condições mínimas para a realização de uma partida de futebol, o momento é histórico para o Leão e de muita euforia para o maior ativo do clube: seu torcedor.

Por que fechou?

No dia 01/05/2014, o Remo subiu ao gramado do Baenão pela última vez em uma partida oficial, pelo Campeonato Paraense – depois até houve um amistoso contra a seleção da Etiópia, em agosto daquele ano, vencido pelo Leão por 1 a 0, durante a folga na Série D.

De lá para cá, deveria ter sido executada uma obra faraônica prometida pelo então presidente Zeca Pirão, em parceria com uma cervejaria multinacional.

O projeto do arquiteto Aurélio Meira previa troca do gramado, novo sistema de iluminação, instalação de alambrados de acrílico e a construção de novos camarotes. A ala nova seria feita no lugar do antigo setor de cadeiras, na lateral da Travessa das Mercês, que foi totalmente demolido. Lá passaria a ter:

  • Um pavimento térreo com 309 novas cadeiras VIPs, bar com 30 m², lojas, “lounge”, sala multiuso e novos banheiros;
  • No piso superior, mais 1.563 cadeiras VIPs, 18 lugares para cadeirantes e 12 para obesos;
  • Em um terceiro piso, surgiriam 3 tipos de camarotes: 26 unidades de 7,4 m², mais 2 de 15,2 m² e outras 2 de 30,8 m², que chegaram a ser comercializados, como forma de viabilizar o início das obras.

Apenas saiu do papel a demolição do setor, a troca do gramado e a substituição dos alambrados metálicos por placas de acrílico, que estavam fora do padrão adequado e posteriormente tiveram que ser trocadas por chapas mais grossas.

O estádio havia perdido seu sistema de iluminação e, em tese, só poderia receber partidas diurnas e vespertinas. Porém, o tempo foi passando, outros setores do estádio foram se deteriorando e a casa remista se transformou apenas em um local para treinamentos ou jogos das categorias de base, com público bastante limitado.

Torcida toma a frente da obra

Enquanto isso, fora das quatro linhas, o Remo viveu momentos de intensa instabilidade política. Foram 3 renúncias de presidentes – Sérgio Cabeça, Pedro Minowa e Henrique Custódio – e um mandato “tampão” de André Cavalcante, que durou 9 meses. Ou seja, desde 2013, apenas Manoel Ribeiro (2017/2018) conseguiu concluir os 2 anos de mandato que garante o estatuto azulino.

Nesse período, apenas ações tímidas foram tocadas para recuperar o estádio, como, por exemplo, a venda de porcelanatos durante a gestão Cavalcante. A ideia seria revestir toda a fachada do Baenão, mas a ação se limitou a uma pequena área.

A turbulência nos bastidores e consequentemente o descaso das gestões com o Baenão fez com que um grupo de torcedores decidisse agir de maneira independente.

Em 2017, foi criado do projeto “O Retorno do Rei ao Baenão”, que consistiu em uma reforma básica e estrutural, dividida em 10 etapas, para que o estádio voltasse a receber jogos oficiais.

Todo o dinheiro arrecadado foi proveniente de doações dos próprios torcedores, que acabou sendo complementado com a ajuda da atual diretoria, que assumiu o Leão em novembro passado.

Estrutura mínima e novas obras no futuro

De acordo com o presidente Fábio Bentes, a reforma para a reabertura do estádio nas condições atuais custaram aproximadamente R$ 1,8 milhões, sendo R$ 1,1 milhões da atual gestão e de R$ 600 mil a R$ 700 mil do arrecadados pelo projeto dos torcedores, mas este valor é estimado já que as ações foram tocadas, em parte, com doações de materiais e serviços, não apenas dinheiro.

Já o montante de responsabilidade do clube foi possível por meio da parceria com uma cervejaria local, além da venda da camisa “Leão de Pedra” e, principalmente, da antecipação da venda de ingressos para o jogo deste sábado (13/07), da reabertura, que girou em torno de R$ 800 mil.

A reforma atual do Evandro Almeida inclui reforço das vigas das arquibancadas; reforma dos vestiários, novos banheiros, instalação de estrutura móvel na ala da Travessa das Mercês, novos hidrantes, compra de extintores, revitalização do gramado e a aquisição de novos alambrados de acrílico, além da instalação de catracas e adequação às normas de acessibilidade e segurança, entre outros pormenores.

Do jeito que está atualmente, liberado pelas autoridades para receber jogos, a capacidade do Baenão é de quase 14 mil pessoas.

Os confrontos no local ainda só podem ser realizados no período da manhã ou até no início da tarde, já que ainda não conta com iluminação artificial (refletores). O projeto para que as partidas voltem a acontecer à noite deve iniciar somente em 2020, com investimento próximo a R$ 700 mil.

Globo Esporte.com, 12/07/2019