Dirson Neto, Márcio Fernandes e Paulo Mota Filho
Dirson Neto, Márcio Fernandes e Paulo Mota Filho

Márcio Fernandes iniciou seu trabalho à frente do Remo. O treinador só conseguiu assumir a equipe nesta quarta-feira (27/02), já que teve seu voo cancelado no dia anterior, quando estava previsto para se apresentar.

Sem perder tempo, foi a campo no Baenão e observou os trabalhos físicos e técnicos do elenco para tirar suas primeiras impressões. A estreia como técnico azulino será apenas no dia 07/03, contra o Tapajós, mas ele espera utilizar as próximas semanas para colher o maior número de informações que puder.

“Temos que aproveitar o máximo de tempo que temos em mão. Já gostaria de ter estado aqui ontem (terça-feira), mas infelizmente não foi possível porque foi cancelado o voo. Teve muita chuva em São Paulo e foi impossível da gente estar aqui ontem. Chegamos hoje e já fomos trabalhar para conhecer o grupo, ver realmente o que a gente pode melhorar. Digo melhorar não no sentido que estava ruim, mas melhorar porque em tudo na nossa vida a gente pode melhorar. Se está bom, a gente pode melhorar. É dessa forma que a gente pensa”, explicou o técnico, em sua entrevista coletiva de apresentação, realizada após a movimentação.

Treinador do Remo até o último domingo (24/02) e agora coordenador técnico, Netão participará desse processo. Fernandes afirmou que o fato de seu antecessor no cargo ainda fazer parte do clube é muito positivo, já que tem muita informação para repassar.

“Se ele esteve no time até agora, o conhecimento que ele tem da equipe é muito maior que o meu, que estou chegando. Claro que vou colocar em prática muita experiência que consegui no futebol, mas ele pode me ajudar, e muito! Claro que vai ter essa conversa, não só com ele. Já comecei a conversar com partes da equipe para saber algumas coisas, estar a par de tudo. Porque não juntar as forças para se chegar a algo melhor? É isso que vou fazer”, ressaltou.

Fernandes também falou sobre a possibilidade de contratações, análise do mercado e suas primeiras impressões do elenco remista. Confira a seguir:

Novos membros da comissão técnica

Meu auxiliar é meu filho, o Marcinho, e o preparador físico é o André. São pessoas da minha confiança, que são muito profissionais acima de tudo e que me dão um respaldo para que eu possa fazer o melhor dentro do campo para a nossa equipe.

Sem incêndio para apagar

Acho que o profissional que estava aqui (Netão) fez um excelente trabalho. O time está em uma condição muito boa na classificação. A gente sabe que futebol tem dessas coisas. Da mesma forma que ele saiu, também já saí de muitas equipes. Vamos estar juntos aqui. Como já falei da torcida, também falo da nossa comissão. Ele faz parte disso. Todos juntos somos muito mais fortes. Se estava bom com ele, pode ficar melhor com nós dois juntos.

Primeiras impressões do elenco

Sempre, quando há uma mudança de treinador, há uma motivação acelerada dos jogadores. Até comentei com a nossa equipe e algumas pessoas falaram: “Pô! A intensidade não estava assim”, mas não foi porque mudamos alguma coisa. Não tem nem tempo para que isso ocorra. O que mudou foi o treinador. Mudou e mudou a cabeça (dos jogadores). O ser humano é muito estranho. Porque das vezes que se muda um comportamento por uma simples troca de treinador? Temos que ter esse espírito sempre.

Hoje houve muita disputa, muita correria, todo mundo querendo mostrar. Por quê?

Porque passou a todos terem uma chance. Quem não estava jogando, viu, na troca de treinador, uma chance de poder jogar. Amanhã (quinta-feira) vou ter uma conversa com o elenco e vou passar para eles que quero esse espírito sempre, independente de ter chegado hoje ou no mês passado. Temos que estar sempre com o “olho de tigre”, sempre querendo mais e procurando melhorar.

Aposta na juventude

Não importa se é novo ou experiente, se tiver melhor, é o que vai jogar. Não tive medo de colocar muitos jogadores que hoje estão famosos no cenário mundial, casos de Neymar, Paulo Henrique Ganso, André, Rafael, Elano, Robinho, Diego. Foram todos jogadores que passaram comigo e subiram para o profissional. Tive a oportunidade de trabalhar com esses jogadores, colocar alguns no time, nunca com medo de ter que tirar um mais experiente, mais velho. Isso faz parte do treinador. Tem que fazer isso, senão um jogador vê que está dando o seu melhor, mas nunca tem chance e realmente ele cai. Quero que o grupo esteja sempre alerta e sempre treinando com muita intensidade, para que a gente possa ir trocando a hora que for necessário.

Saída da Aparecidense-GO

Quero deixar bem claro. Quando aconteceu isso, a saída foi única e exclusivamente dependência minha. Não me senti à vontade. Fiquei um tempo no curso de treinadores da CBF, cheguei muito em cima do campeonato e chamei os diretores. Falei: “Acho melhor vir outro profissional, não estou realmente à vontade para continuar o trabalho”. Chegamos a um acordo e saí. Estou vindo para o Remo com muita vontade de fazer acontecer uma coisa que o clube está sedento, uma subida para a Série B, coisa que conseguimos no Vila Nova (GO). Foi fácil? Não, foi difícil também. Tivemos muitos obstáculos, mas quando a gente tem vontade e acredita no trabalho, as chances são maiores.

Necessidade de reforços

Fiz o primeiro treino hoje (quarta-feira), então ainda não detectamos se precisamos disso ou daquilo. A gente está indo em cima de informações, procurando informações de todo lado para que possamos acelerar esse processo. O tempo não é tão grande assim para que se possa ficar observando tanto. O Remo é uma equipe grande, que tem uma torcida exigente, que quer uma movimentação, algo de imediato. Nossa diretoria está trabalhando muito para que a gente possa trazer algum jogador, mas quero que você entenda que não adianta trazer simplesmente por trazer. A gente tem que trazer jogador que tenha qualidade, tenha uma experiência. Tem jogador que pode chegar aqui, botar a camisa do Remo e não vai fazer mais nada. Não tem ainda a personalidade para vestir uma camisa tão pesada quanto a do Remo. É por isso que a gente tem que ter muita calma, muito tato e conhecimento para conseguir trazer aquele jogador, pois o momento não é fácil.

Olho no mercado

Quando termina os regionais, você até se surpreende com o tanto que jogadores que ficam à disposição, mas o (Campeonato) Paulista é o que termina mais perto do Brasileiro e é o que dá uma condição de contratar jogadores melhores, porque a Federação banca muito mais os times do que em outros regionais. A condição financeira dessas equipes é muito maior do que uma outra, de outro Estado. Por isso eles conseguem levar jogadores melhores. Para a gente trazer esses jogadores, só terminando o campeonato. Estamos procurando. Vamos tentar seduzir esse jogador, tentar tira-lo antes, mas falo para vocês que não é tão simples assim.

Globo Esporte.com, 27/02/2019