Quadro clínico de Carlos Alberto é considerável estável, mas requer cuidados

O Departamento Médico do Remo, formado pelos diretores Henrique Custódio e Jean Klay, realizou uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (31/07) para esclarecer todas as dúvidas sobre a situação do meia Carlos Alberto, internado desde a semana passada.

Na conversa com os jornalistas, que também contou com o presidente Fábio Bentes e o chefe de hematologia do Hospital Porto Dias, Thiago Xavier, foi explicado que o jogador está diagnosticado com aplasia da medula óssea que, em linhas gerais, se caracteriza por uma falha na produção de células sanguíneas. A doença não é comum, é de difícil diagnóstico e sem causa aparente.

Segundo Jean Klay, Carlos Alberto passou por uma série de exames que são considerados de praxe para atletas profissionais antes de assinar contrato com o Remo, há cerca de 3 meses. Na ocasião, não foi evidenciada qualquer alteração considerada anormal.

Titular azulino desde o começo da Série C, o meia teve uma queda de rendimento há aproximadamente um mês. O médico afirmou que acreditava que outros problemas apresentados pelo jogador – não especificados na coletiva de imprensa – poderiam estar ocasionando a mudança de performance, mas no início da semana passada, Carlos Alberto reclamou que estava sentindo cansaço excessivo, onde foram realizados exames que constataram um “resultado crítico”.

“Quando aconteceu o diagnóstico, ele se recusou a internar, disse: ‘Estou bem, vou para o jogo (contra o Atlético-AC), quero viajar’, mas ele tinha que internar. É uma doença silenciosa. Ele corria o risco de um desfecho trágico. Tinha uma alteração tão grave que a preocupação era de que ele poderia vir a óbito no avião”, revelou Jean Klay.

“Com essa alteração no exame de sangue, entramos em contato com a equipe de hematologia do Hospital Porto Dias e a orientação era para uma repetição dos exames. Confirmada a alteração grave, a opção foi por internar em caráter emergencial e iniciar o processo de transfusão. Nos deparamos com a dificuldade de conseguir plaquetas no Hemopa e, em comum acordo, iniciamos a campanha de doação de sangue. A partir daí, corremos contra o tempo para elucidar, de fato, o que estava acontecendo com o atleta”, completou.

Carlos Alberto se encontra estável e deve receber alta médica para retornar para casa ainda nesta quarta-feira (31/07). A opção inicial será pela continuação das transfusões de sangue, mas o meia não poderá mais entrar em campo pelo Leão na sequência da temporada, o que não impede que, no futuro, ele possa voltar a atuar profissionalmente.

“Apesar de estar estável, é necessário que se façam transfusões para ele não sentir cansaço em excesso e não tenha risco de sangramento, por exemplo. Essas transfusões vão manter o linear mínimo para que ele possa viver uma vida normal em casa, mas não são condizentes com a prática da atividade esportiva em alto nível”, informou o médico Thiago Xavier.

“Com o tratamento terminado, ele pode, sim, em um tempo que não consigo dizer agora, retornar a jogar futebol em alto nível”, comentou.

Enquanto segue recebendo transfusões sanguíneas, o meia remista aguardará o resultado de exames mais detalhados – alguns podem demorar cerca de 30 dias – para saber a gravidade e o tipo de tratamento que será usado na aplasia de medula óssea, que pode ser através de medicação ou até da necessidade de um transplante de medula óssea.

“O tratamento é determinado de acordo com a gravidade com o qual o caso passe a evoluir nas próximas semanas. Entre as várias opções, o transplante de medula óssea é uma possibilidade. O primeiro local para se procurar – possíveis doadores – é na família, os irmãos, o pai, a mãe. Ele tem 2 irmãs e será pesquisada a compatibilidade. Caso elas não sejam, a gente vai procurar no banco de doadores”, declarou.

“É importante mencionar que todos nos disponhamos em ser doadores de medula óssea. Se não para o atleta, mas para outras pessoas. No ato de doação de sangue, é perguntado se quer se inscrever para ser doador de medula óssea. Se não for perguntado, diga que quer”, enfatizou Xavier.

O presidente Fábio Bentes afirmou que Carlos Alberto seguirá recebendo tratamento em Belém e que só sairá da cidade caso seja necessário o transplante de medula óssea, pois o Pará não realiza esse tipo de procedimento. Além disso, o clube ainda tratará da situação com a Portuguesa Santista (SP), que emprestou o meia ao Leão.

“Na parte que cabe ao Remo, vamos continuar dando todo o suporte. É importante ressaltar que ele é atleta da Portuguesa Santista (SP) e está emprestado ao Remo, mas vamos entrar em um acordo para dar continuidade após esse período de contrato. Ainda vamos ver os aspectos legais disso, mas não vamos deixar de dar suporte. Carlos Alberto está sendo assistido da melhor forma que existe”, garantiu Bentes.

Globo Esporte.com, 31/07/2019