PSC 1x1 Remo (Eduardo Ramos)
PSC 1x1 Remo (Eduardo Ramos)

Apesar da indicação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no sentido de concluir os Estaduais para, em seguida, iniciarem as competições nacionais, não há convicção que o Campeonato Paraense 2020 terá continuidade. Tudo indica que os dirigentes de clubes e da Federação Paraense de Futebol (FPF) estão diante da maior polêmica do futebol paraense da atual temporada.

Não é possível aplacar interesses diversos nesse processo. Há queda de braço e indefinição baseada no problema da saúde pública. O Parazão está suspenso desde o dia 18/03 em função da pandemia do novo coronavírus. Até então, o Paysandu liderava a competição, classificando-se, de forma antecipada, às semifinais. O Remo estava virtualmente classificado. Restavam 2 rodadas para a conclusão da fase classificatória, além de semifinais e finais.

Há uma série de imbróglios, oriundos dos cuidados com atletas para evitar a propagação da Covid-19. No momento, o principal diz respeito às despesas de custos para testes em massa do elenco, comissão técnica e demais funcionários. A testagem é considerada fundamental para evitar um surto da doença dentro do meio futebolístico.

“Já pensou se um clube perde o seu artilheiro na véspera de um jogo importante e esse contágio ocorreu em jogo contra um clube que teve, por questões financeiras, menos cuidados?”, indagou o presidente bicolor Ricardo Gluck Paul, alertando que esse processo pode acabar nos tribunais desportivos.

Obviamente que a testagem demanda um esforço financeiro que não estava previsto pelos clubes. Um teste individual está na faixa de R$ 200. É impossível estimar uma média dada à diferença de equipes entre os clubes do Parazão. O Paysandu, por exemplo, manteve todo o plantel. O Remo dispensou 7 jogadores, mas pretende contratar mais. O presidente do Carajás, Luiz Omar Pinheiro, já adiantou interesse em que, se retornar, utilizará o mínimo de jogadores possíveis.

Em reuniões anteriores de uma comissão montada para oficializar um protocolo com os cuidados, não se definiu quem arcaria com os custos. A princípio, o problema acabaria “no colo” dos próprios clubes. Aqueles de menor porte já alegaram a inviabilidade de bancar estes custos.

“O Tapajós é contra a retomada do campeonato. Para tomar todos os cuidados, é custo. Quem vai bancar isso?”, questionou o presidente do clube representante de Santarém, Sandicley Monte.

O vice-presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Paulo Romano, argumentou que, a favor da retomada, está a agilidade da competição, mas ainda não estimou como viabilizar os custos.

“A CBF quer que volte. Em uma semana, poderíamos terminar a primeira fase (faltam 2 rodadas). Depois, faríamos as finais em 4 datas. No total, seriam 6 rodadas”, apontou.

O Liberal.com, 07/06/2020