Primeiro, o impacto da suspensão do Campeonato Paraense por 15 dias. Depois, o “plano B”, dos jogos com portões fechados para o prosseguimento da competição nas 2 últimas rodadas da fase, como forma de evitar prejuízos ainda maiores. São os estragos do assombroso coronavírus.
Afinal, alguns infectologistas acenam com 4 a 6 meses de pandemia no Brasil. Não por acaso, clubes como Flamengo (RJ), Fluminense (RJ), Palmeiras (SP), São Paulo (SP), Corinthians (SP), Santos (SP) e vários outros liberaram seus atletas até dos treinos.
A crise vai se generalizando no Brasil e no mundo. Cenário tenebroso para o mercado do futebol. São muitos os “nós” para serem desatados pelos gestores de clubes e por autoridades públicas.
O que é ruim para todos, é bem pior para os profissionais que vivem do futebol. Se param, sofrem. Se continuam jogando, arriscam a saúde.
O que está acontecendo até parece um pesadelo. Pena que não seja. Com contratos vigentes, se tivessem mesmo que parar, os nossos clubes estariam em uma “sinuca de bico”. Tendo que jogar sem renda, se vêem à beira da caçapa.
Para o infectologista paraense Nagib Abdon, uma das referências nessa especialidade no Brasil, há um exagero neste momento nas medidas preventivas no Pará, visto que não existindo ninguém infectado, agora, não pode ocorrer transmissão.
Nagib, prevê, porém, os problemas hoje tão temidos ocorrendo em abril e maio no Pará. Em abril, o futebol vai ter a reta final do Parazão. Em maio, as primeiras rodadas da Série C, com Remo e Paysandu em ação.
Na opinião do infectologista, é inóqua a decisão de fechar os portões dos estádios e de outros espaços de concentração pública.
“Se não há isolamento social, quem deixa de ir ao estádio, ao cinema ou ao teatro, acaba indo ao shopping ou a outras aglomerações. Dá na mesma”, arremata.
Veremos comemorações de gols sem os abraços? Talvez. Nas disputas de jogo, o contato físico é inevitável. Riscos, por enquanto, nenhum na nossa região, conforme avaliação de Nagib. Teremos futebol em um clima nunca visto por aqui, a partir de sábado (21/03), no Parazão, sem público e com preocupações extras.
Coluna de Carlos Ferreira, O Liberal, 18/03/2020