Com retomada gradativa de alguns serviços em Belém, aumenta a expectativa pelo retorno das atividades presenciais também no futebol. O foco dos clubes, então, está em dar condições para que isso possa ocorrer com segurança no âmbito da saúde. Paralelamente a isso, as comissões técnicas elaboram métodos para recolocar os jogadores em condições de jogo reduzindo o risco de lesões.
Essa é uma missão que recai, essencialmente, no departamento de fisiologia e Erik Cavalcante é o responsável pela área no Remo. Em entrevista disponibilizada pela assessoria de comunicação azulina nesta segunda-feira (08/06), o fisiologista explicou que o trabalho foi desenvolvido em etapas, que já começaram a ser realizadas, mesmo com os atletas ainda em casa.
“A respeito de como a comissão técnica vem trabalhando para tentar minimizar os problemas físicos que o elenco pode apresentar por esse tempo tão extenso da parada, a gente se reuniu e foram montadas planilhas de atendimento para treinos em casa e uma planilha de acompanhamento desses treinos. Diariamente, a gente faz esse acompanhamento pelas planilhas, do que a gente chama de inquérito da preparação física”, comentou.
“São atividades físicas correlacionadas com o que a gente entende como ‘alto rendimento’. Sabemos que é muito longe daquilo que a gente pode entender como carga de treino para esses atletas, mas a gente sabe também que vai estar mantendo um certo nível”, completou.
Mesmo sem serem exercícios de alta intensidade, os treinamentos realizados em casa servem para reduzir a queda de preparo físico causa pelos mais de 60 dias que os jogadores ficaram praticamente sem atividades, período muito superior ao de quando estão de férias.
“Sabemos que são 60 dias parados, mas a gente vai ter ferramentas para verificar isso. São testes fisiológicos e físicos, nas quais a gente vai ver como os atletas estão. Cada atleta está tendo o que a gente chama de contra-turno ou contra-treino. Sabemos disso e esperamos que, no retorno, possamos não ter surpresas, mas os atletas prontos para receber a carga de trabalho, mesmo que cientes de ainda aquém do necessário para a prática do futebol”, ponderou Cavalcante.
Um fator comemorado pelo fisiologista, que irá colaborar com o seu trabalho, será o aumento de 3 para 5 substituições por jogo, implementado durante os primeiros meses da retomada do futebol.
“Isso implica em uma renovação de 50% não somente tática ou técnica, mas física. A gente entende que você vai prevenir alguns problemas, vai cuidar de algumas situações e tornar o jogo dinâmico na sua totalidade. Vai dar ferramentas para que toda a comissão técnica possa mexer no contexto, até porque, via de regra, hoje em dia se tem as 3 substituições muito presas a questões físicas. Às vezes, o técnico não substitui em um momento temendo que depois alguém sinta”, salientou.
Porém, antes da volta dos treinamentos presenciais, algo que sequer ainda se tem data certa para acontecer, Erik Cavalcante explicou que todos os jogadores primeiro serão examinados pelo Departamento Médico do Remo, para avaliações clínicas e físicas.
“No retorno, todos passarão por uma avaliação clínico-médica, que vai liberar para nós quem pode ser avaliado (pela fisiologia). Óbvio, obedecendo os critérios médicos, vamos mudar alguns tópicos de avaliação, mas vamos avaliar para ver o momento do atleta para passar para a preparação física. Após isso, vamos acompanhar diuturnamente esses atletas, ainda com as planilhas e, no clube, com mais algumas ferramentas tecnológicas que vamos continuar aplicando nos atletas”, apontou.
O futebol, no Pará, foi paralisado oficialmente no dia 19/03. O elenco do Remo passou os primeiros meses em férias coletivas e retomou as atividades no dia 11/05, com exercícios repassados remotamente pelo preparador físico Rony Silva. O Leão, assim como os demais clubes paraenses, aguardam a liberação dos órgãos de saúde para poder reintegrar o elenco em trabalhos presenciais.
Globo Esporte.com, 08/06/2020