Remo 1x0 Tapajós (Fredson)
Remo 1x0 Tapajós (Fredson)

A notificação extrajudicial encaminhada à FPF pela diretoria do Tapajós, propondo que o Campeonato Paraense seja encerrado somente no final do ano e defendendo o não rebaixamento de clubes, dá bem a medida da situação aflitiva dos clubes do interior que participam da competição. Todos estão de pires na mão e persiste uma divisão quanto à retomada: alguns já desistiram do Parazão e outros contam com a volta dos jogos para compensar o déficit causado pela paralisação.

Sem receita, dependendo exclusivamente da verba de patrocínio pela participação no Parazão, os clubes convivem com problemas para manter os elencos. Além do Tapajós, Paragominas (4º colocado), Águia (5º) e Carajás (10º) tiveram que liberar jogadores para reduzir despesas.

Ao mesmo tempo, há a preocupação com os custos de testes para o novo coronavírus – necessários para o reinício do campeonato – e o dinheiro necessário para a realização dos jogos com portões fechados. O teste custa cerca de R$ 200, o que acarreta gastos em torno de R$ 6 mil para testar elenco e comissão técnica.

É provável que o Parazão seja retomado no final de julho, mas os treinamentos exigirão cuidados extremos pelo menos duas semanas antes da disputa de jogos. O Remo preparou um protocolo de providências, prevendo testes e obediência às normas de distanciamento entre os atletas. O Paysandu segue na mesma direção.

Enquanto não se define a quem caberá bancar as despesas, os atletas revelam preocupação, pois serão os mais expostos nas disputas de campo. O Sindicato dos Jogadores Profissionais, através do presidente Oberdan Bendelac, cobra a inclusão das famílias na programação de testagem.

Na Alemanha, referência para todos por ter sido o primeiro país a retomar atividades no futebol, o controle tem sido severo e abrange familiares dos jogadores quanto a testes e confinamento. As providências incluem também a hospedagem em hotéis para todas as equipes.

Como é impraticável seguir à risca o exemplo alemão, o futebol do Pará vai depender do achatamento do contágio e a consequente diminuição dos riscos para que as competições possam voltar sem maiores transtornos. O certo é que o pós-pandemia é fonte de preocupação geral, tanto para os grandes da capital como para os emergentes do interior.

Blog do Gerson Nogueira, 07/06/2020