Até a última sexta-feira (14/08), as 3 principais Séries do Campeonato Brasileiro somavam 52 casos confirmados de jogadores infectados pelo novo coronavírus, com 3 jogos adiados até então. Foi um número que assustou a muitos dos que esperaram tanto pela volta do futebol nacional.
No Pará, em especial Belém, a cidade que recebe os jogos de Remo e Paysandu na Série C, os casos têm diminuído, mas o mesmo não se pode dizer de outros municípios que receberão partidas.
Outra situação chamou a atenção recentemente, que foi a liberação por parte da Comissão Médica da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de 4 jogadores do Atlético (GO), que testaram positivo para Covid-19, para entrarem em campo contra o Flamengo (RJ), quarta-feira (12/08), em Goiânia (GO).
A entidade acatou um recurso solicitado pelo clube goiano. Trata-se de uma nova diretriz baseada em um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do serviço de saúde dos Estados Unidos e que é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na diretriz, especialistas garantem que uma pessoa com o teste PCR positivo para Covid-19, com pelo menos 10 dias assintomática, não estará mais transmitindo o virus, mesmo que um PCR mais recente ainda aponte positivo.
Diretor do Departamento Médico do Clube do Remo, o médico Jean Klay lembrou que algo semelhante aconteceu no Baenão, com uma diferença significativa: não havia jogo marcado logo em seguida.
“No Remo tivemos um atleta que deu positivo pela CBF. Conhecíamos o histórico dele e quando vimos esse resultado, entramos em contato com a CBF e avisamos que pelo nosso inquérito epidemiológico ele teve sintomas entre abril e maio. Foi feita uma revisão e ele foi considerado imune”, disse.
Neste sábado (15/08), pela Série C, o confronto entre Imperatriz (MA) e Jacuipense (BA) foi adiado. Nada menos do que 14 jogadores do time maranhense atestaram positivo. O Imperatriz (MA) ainda não conseguiu estrear na competição, sendo que na 3ª rodada está marcado o confronto com o Leão, no dia 24/08, no estádio Frei Epifânio D’ Abadia.
Entre os jogadores da dupla Re-Pa, há uma unanimidade quanto ao sentimento de segurança dentro de suas quatro paredes, mas esse sentimento muda quando se fala de outros clubes, de viagens. Neste final de semana, o Paysandu visitou o Vila Nova (GO) em Goiânia (GO), uma cidade com um nível de casos bem maior que o de Belém. Os bicolores admitiram certo temor por causa da situação.
“O medo de ser contaminado é gigante, porque perder 14 dias com a quantidade de jogos que estamos tendo é muito ruim. Por isso, todo cuidado para cumprir o protocolo é necessário”, disse o volante PH.
“Infelizmente, esses casos nos outros clubes nos trazem certa insegurança. Aqui, tentamos seguir todas as normas para não sermos infectados. Estamos atentos a todas as notícias e mudanças que estão sendo feitas, esperando sempre que qualquer alteração seja para dar maior segurança”, completou o goleiro Gabriel Leite.
O Remo joga em casa nesta rodada. O Leão encara Ferroviário (CE), que veio de Fortaleza (CE), uma cidade que teve um caminho parecido com a da capital paraense, que aparentemente já passou pelo pior momento.
“Como somos testados toda semana, dias antes dos jogos, não nos gera insegurança no jogo, já que, por regra, todos em campo estão aptos. Estamos seguindo a risca todos os cuidados e precauções necessárias. O que se espera é que todos os clubes estejam fazendo o mesmo”, disse o lateral-esquerdo Dudu Mandai.
Do outro lado da Almirante Barroso, a sensação de incerteza quanto aos adversários é parecida.
“Mesmo com todo protocolo bem feito, ficamos muito vulneráveis por termos contatos com outros clubes, que podem não estar tendo o mesmo cuidado e também em relação às viagens, aeroportos, hotéis”, confirmou o bicolor PH.
“Não sabemos como as coisas estão sendo feitas nos outros clubes. O que podemos fazer é nos cuidar e sermos disciplinados quanto ao protocolo do clube”, finalizou Gabriel Leite.
Um dos membros da comissão que montou o protocolo de segurança e saúde do Parazão, o médico Jean Klay, do Clube do Remo, falou sobre o atual momento do futebol brasileiro com os casos positivos do novo coronavirus e porque acredita ser improvável uma paralisação do Campeonato Brasileiro.
Muitos casos de Covid-l9 têm sido detectados nas 3 Séries do Brasileirão, com jogos adiados. Como minimizar o perigo para as delegações paraenses nas viagens?
O que pode ser feito para minimizar os riscos de uma infecção já está sendo feito, que é o nosso protocolo que vem sendo implementado desde o final de junho. Os atletas estão bem orientados quanto às medidas a serem tomadas nos diversos ambientes para evitar uma infecção. Não tenho dúvida que um dos principais fatores que interfere nesse índice de contaminação é o status epidemiológico da cidade. Em relação a isso, Belém vive um momento de muita tranquilidade, com sinais claros de imunidade de rebanho. Desde o retorno das atividades, não tivemos nenhum atleta positivado. São quase 2 meses sem nenhum atleta com sinais de contaminação, embora não descartemos que isso possa acontecer, mesmo com o risco pequeno, pois ele ainda existe.
Nos jogos no Baenão, na Curuzu e no Mangueirão, pela Série C, o controle e a segurança quanto a saúde são maiores?
Os estádios de Belém seguem o protocolo de saúde e segurança da FPF. É uma situação bem estabelecida, tanto que o Campeonato Paraense voltou com um bom nível de segurança. Como disse, o mais importante é a situação de risco da cidade.
Com poucas rodadas e a quantidade de casos até aqui, você vê risco de paralisação nas competições?
O risco de paralisação não cabe a nós, mas às autoridades. O número divulgado de atletas parece elevado à primeira vista, mas se formos considerar que os elencos têm em média 30 atletas, estamos falando de um universo de 1.800 atletas nas 3 Séries. Nesse universo, um número de 50 atletas infectados dá perto de 3%, o que não é um índice absurdo para uma atividade de contato. Precisamos entender que esses atletas, a maioria deles, são assintomáticos. Isso é muito importante, porque lidamos com um grupo de pessoas que constituem um risco baixo de desenvolver uma forma grave e são pessoas que, uma vez imunes, formam barreiras biológicas. Para o controle da pandemia, quanto mais pessoas com imunidade é melhor para a população.
Diário do Pará, 16/08/2020
O jogo entre Remo e Ferroviário (CE) será no domingo (16/08), a partir das 18h, no estádio Mangueirão, em Belém, valendo pela 2ª rodada da Série C. Esta partida terá transmissão ao vivo e exclusiva pela DAZN. Clique aqui para fazer sua assinatura agora e ganhe 30 dias grátis.
Como em Belém já se tem a “imunidade de rebanho”, talvez, nos jogos de volta, desta primeira fase, lá na segunda quinzena de outubro, depois do Círio, possamos ter a presença de público nos jogos no Mangueirão.
Ainda há um prazo de oito semanas para isto. Vamos torcer para que aconteça.
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