Fábio Bentes
Fábio Bentes

Fábio Bentes, presidente do Clube do Remo, participou da noite da última quinta-feira (28/05) de uma “live” realizada por uma empresa de consultoria esportiva. Ao longo da entrevista, que contou com representantes da empresa e com o presidente do Paysandu, Ricardo Gluck Paul, o mandatário azulino destrinchou números relacionados ao orçamento do clube, queda e projeção de receitas durante a quarentena e ainda abordou como a pandemia tem afetado o planejamento para a Série C.

A live durou mais de 2 horas e abordou vários temas. O presidente do Remo destacou que a receita mensal, que antes da crise causada pela Covid-19 ficava em torno de R$ 650 mil mensais, agora está abaixo R$ 150 mil.

Com cortes de gastos em vários setores do clube e rescisões com 7 atletas, o mandatário também adiantou ter pré-contrato assinado com 4 jogadores para o Brasileirão.

Confira algumas medidas adotadas pelo Leão para mitigar a crise financeira causada pela pandemia:

Orçamento anual

O Clube do Remo trabalha, hoje, com um orçamento anual em torno de R$ 14 milhões a R$ 15 milhões. Parte disso é executado, mas o previsto é esse. Então, um terço desse valor está comprometido com dívidas trabalhistas, já vai direto da origem para o pagamento da dívida. Cota de televisão do Campeonato Paraense, algumas cotas de patrocínio, aluguel de alguns espaços, então é um dinheiro que não chega a entrar nos cofres do clube, mas está no nosso orçamento, obviamente.

Receita mensal

A gente precisa, dentro da projeção que a gente fez, então, de R$ 650 mil por mês para empatar as despesas correntes, ou seja, as do dia a dia: folha de pagamento de funcionários, de atletas, conta de energia e aquelas coisas para manutenção do clube. Existem outros recursos que giram em torno ao longo do ano mas, na média, a gente precisa de R$ 650 mil por mês.

Suspensão de contratos

Nesse período de pandemia, alguns patrocinadores pediram para suspender o contrato, como deve ter acontecido com muitos clubes por aí; o sócio-torcedor caiu bastante; estamos sem bilheteria, que hoje é a nossa principal fonte de receita. Então, hoje, o nosso faturamento mensal chega em torno de R$ 120 mil, R$ 130 mil, em média. Com algumas ações de marketing que fizemos, conseguimos ampliar isso, mas da receita convencional, daquilo que já estava previsto, só estou conseguindo realizar em torno de R$ 120 mil a R$ 150 mil por mês.

Quadro de funcionários, jogadores e comissão técnica

A gente paralisou aqui no dia 15/03, então o que precisamos fazer aqui: a partir de 01/04, consegui enquadrar os funcionários, que são cerca de 94, na legislação federal: 70% da remuneração deles, de abril e maio, está sendo pago pelo Governo, através daquele programa do decreto; 30% o clube está arcando. Depois, passei a travar uma negociação com atletas e comissão técnica para redução salarial nesse período de pandemia. Conseguimos uma redução de 50% da folha de atletas e comissão técnica. Paralelo a isso, reduzimos outras despesas, suspendemos contrato de prestação de serviços. De todos os contratos que tinha, fiquei apenas com contabilidade e jurídico, porque, enfim, essas demandas são permanentes. Mesmo com esses, reduzi (os valores) em 50% também.

Novas fontes de receita

Com isso, reduzi meu custo/mês de R$ 650 mil para em torno de R$ 280 mil a R$ 300 mil. Ainda assim, o que arrecado não é suficiente, então precisava criar mecanismos de melhorar essa arrecadação e fomos trabalhar em algumas frentes. Uma delas foi campanhas de marketing: lançamos máscaras próprias do clube, já vencemos mais de 15 mil máscaras; lançamos álcool em gel do clube; lançamos dois produtos promocionais de vestuário; e, também, começamos algumas tratativas com CBF, Governo do Estado, Banco do Estado do Pará, que são patrocinadores do campeonato, para conseguir levantar recursos também. Conseguimos arrecadar para fazer frente e estamos em dia com as nossas obrigações, o Remo não tem nada em aberto, nem com funcionário, nem com prestadores de serviços, nenhum tipo de fornecedor.

Bloqueios na Justiça do Trabalho

Temos um agravante: muito desses recursos estavam bloqueados na Justiça do Trabalho. Por exemplo: o Remo passou de fase na Copa do Brasil. A primeira cota já estava bloqueada. Automaticamente, como a ordem de bloqueio era para qualquer recurso oriundo da Copa do Brasil, a CBF teve que enviar a segunda cota também para lá. Fizemos uma atuação na primeira instância, não conseguimos resolver, mas conseguimos liberar na segunda instância. Agora, o recurso do convênio do Governo do Estado, em que foi antecipado o recurso do Campeonato Brasileiro, ano passado foi um valor e a gente conseguiu mais do que dobrar esse ano. Fizemos um plano de marketing, junto com o Paysandu, e apresentamos, dando mais exibição (das marcas). A gente conseguiu mais do que dobrar esse valor. Só que a nossa parte já estava carimbada para a Justiça em R$ 390 mil. Como o recurso foi R$ 1 milhão, a gente negociou e está tentando liberar esses R$ 610 mil. Ainda não conseguimos.

Queda no programa Nação Azul

Tinha algo em torno de 3.500 sócios em dia, hoje está em torno de 1.600, levando em consideração que, desses 1.600, cerca de 1 mil pagaram anuidade lá em janeiro e já usei esse dinheiro. Fiz uma promoção para quem pagasse anuidade lá, até porque estava montando o time e não tinha nenhuma receita inicial, então quem pagasse anuidade fiz um preço promocional lá embaixo. Apenas em torno de 600 sócios pagaram nesse último mês, então está muito baixa a arrecadação de sócios-torcedores nesse período.

Planejamento para Parazão

A gente tem trabalhado com uma austeridade muito grande aqui. Assumimos em novembro de 2018. Um problema que vinha se repetindo ano após anos é que o clube contratava mas não tinha recurso para pagar. O Remo assumia compromissos acima daquilo que poderia pagar. (…) O que acontecia? Acumulava dívida. Era recorrente, então, o Remo ter uma má fama, fama de mau pagador, que trazer para não pagar e não adiantava nada. Montamos folhas salariais dentro das possibilidades que a gente tem condições de pagar. Não adianta se comprometer com folhas de R$ 600 mil, R$ 700 mil, se o que o clube arrecada hoje não dá para pagar isso. Então, começamos o Estadual com uma folha de R$ 300 mil e guardamos uma capacidade de investimento maior para o (Campeonato) Brasileiro, levando em consideração que algumas peças iam sair. É natural fazer algumas rescisões do Estadual para o Brasileirão e a gente inclusive já fez agora, já reduzimos a folha.

Planejamento para a Série C

O Brasileiro é a nossa prioridade, então podemos chegar até a R$ 400 mil (de folha). Já fizemos uma redução de cerca de R$ 80 mil e tínhamos deixado essa capacidade de mais R$ 100 mil, ou seja, iríamos contratar em torno de R$ 180 mil, que dá algo em torno de meia dúzia de jogadores na faixa de R$ 30 mil. Para a nossa divisão, é muito interessante. Ainda assim, seríamos uma das 4 ou 5 folhas mais caras da Série C. Acontece que, com a pandemia, a gente está recalculando isso tudo, a gente não sabe o que vai ser possível fazer. Ainda estamos naquela fase de tatear. Ainda não sabemos quando volta, agora está mais perto de ser no início de agosto.

Mudanças no elenco

Ainda estou na ponta do lápis. Fiz algumas rescisões, o que me ajudou nesse período de pandemia. Fiz as rescisões com 6 atletas, ainda tem um que está em negociação, que a gente leva em sigilo e só divulga quando está concretizada. Estou já com 4 pré-contratos assinados, de 4 jogadores de nível acima, que julgamos que vão dar certo aqui.

Confira a live completa aqui:

Globo Esporte.com, 29/05/2020

1 COMENTÁRIO

  1. Realmente o Planejamento está perfeito. Eu entendi que a Diretoria do Leão só fará seis contratações na faixa salarial de R$ 30.000,00 se nós do Fenômeno atingirmos uma arrecadação de pelo menos R$400.000,00 mensais através do sócio Torcedor, entendo que a decisão é dos Torcedores e pós pandemia voltaremos a ser um dos maiores Times do Brasil em sócio torcedor adimplente algo em torno de 10.000. Só conquistará o acesso a B os Times que tiverem Torcida com pelo menos 4.000 sócio torcedor adimplente. O Leão com certeza terá sócio torcedor adimplente para fazer seis contratações na faixa de R$30.000,00. Como a Diretoria esta fazendo sua parte nós que amamos o nosso querido Clube do Remo faremos com certeza a nossa parte, a Fenômeno Azul apenas deseja que os novos contratados defendam com garra o manto Azul, em Breve a bola vai rolar e está chegando a nossa vez de subir, cada um deve falar por si. É todos por um e um por todos, se de um em um somos mais de 10.000 sócio torcedor então o nosso Presidente apenas revelou que o Leão tem 1600 sócios que mantiveram parcialmente o Clube durante a Pandemia, e a unica maneira de mostrar nossa gratidão a eles é fazer parte dos 10.000 sócio adimplente que é o número de adimplentes que sempre colocou o Leão entre os 15 maiores Times do Brasil.

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