Muitos jogadores de futebol possuem histórias curiosas de como conseguiram se tornar profissionais. Desta vez é um que chegou desacreditado por muitos torcedores do Clube do Remo.
Artilheiro neste início de temporada 2021, com 5 gols marcados em 6 jogos, Dioguinho venceu a desconfiança, aguardou uma oportunidade e agora é uma das principais peças do elenco azulino.
Natural de Santa Izabel do Pará, Região Metropolitana de Belém, o meia-atacante de 25 anos iniciou como quase todo jovem que busca o sonho de ser jogador. Em uma equipe de base, veio a primeira chance e logo um troféu para a galeria.
“Lembro que quando tinha 16 anos comecei a treinar lá no Distrito (Industrial, bairro do município de Ananindeua) com o professor Chuvisco, que tomava conta do Independente. Tivemos uma viagem para jogar uma copinha em São Paulo. Fomos até campeões Sub-16”, contou.
Após a competição, Dioguinho ganhou uma chance na equipe de sua cidade natal – o Izabelense. Contudo, a experiência, em dois momentos, não foi tão boa.
“Disputei um Parazão Sub-17 pelo Izabelense e depois parei de jogar bola. Dificuldade para caramba, as oportunidades não estavam mais aparecendo. Depois voltei com 20 anos, fui jogar uma Segundinha. O treinador era o Fran Costa. Joguei um jogo, entrei faltando uns 5 minutos para acabar e até fiz um gol. Foi contra o Vila Rica”, lembrou.
Dioguinho iniciou a carreira em times amadores e disputou torneios em outros Estados. Já passou por testes em clubes grandes de São Paulo, como Santos (SP) e Guarani (SP), mas não conseguiu continuidade. Sem oportunidades para mostrar seu futebol, o meia acabou largando o esporte pela segunda vez. Para ajudar nas despesas de casa, foi trabalhar como cortador de frangos em um frigorífico em Santa Izabel.
“Quando fiz 21 anos, parei jogar bola. Com 22 anos, fui trabalhar. Meu pai arrumou um emprego no ‘Frango Americano’. Passei 1 ano e 3 meses trabalhando lá. Depois, falei que não queria mais trabalhar, queria jogar futebol de novo”, destacou.
Fazendo aquilo que mais ama, Dioguinho chegou para sua 3ª passagem no Izabelense, em 2018. Desta vez, ele mesmo não gerou grandes expectativas pelo Frangão da Estrada, já que imaginou não que conseguiria brigar por uma vaga na equipe diante da concorrência no elenco.
“Larguei meu trabalho e voltei para o Izabelense. Quando fui ver, era Sub-23 a Segundinha e só podiam 5 (jogadores) acima. Quem era o treinador? Lecheva. Na minha cabeça, pensei que não ia jogar também, porque achei que ele iria trazer alguns jogadores dele. Falaram também que iam contratar o Thiago Potiguar, aí disse que não jogaria mesmo”, contou, em tom bem-humorado.
Por sorte, Dioguinho estava errado e a oportunidade veio. Foram necessários 3 coletivos para que ele ganhasse uma oportunidade no time principal.
“Lecheva me colocou faltando alguns segundos para acabar um coletivo e eu fiz um gol. Aí ele se alegrou. No segundo coletivo, ele me colocou meio tempo e quando foi no 3º dia, me chamou e disse que jogaria com ele. Quem me abriu as portas foi o professor Lecheva”, revelou.
Joguei em 3 times com ele. Depois do Izabelense, me levou para Macapá (AP), para jogar a Copa do Brasil pelo Ypiranga (AP). Me levou para Manaus (AM), para jogar a Segundinha pelo Amazonas (AM) e fomos até campeões”, disse.
Lecheva demonstra muito orgulho de ter sido um dos primeiros a apostar o futebol de Dioguinho.
“Fico bastante à vontade em falar do Dioguinho, porque vi ele surgindo. Ele foi fazer uns treinos de teste no Izabelense e logo no primeiro detectei a qualidade dele, separando ele para o elenco que iria disputar a Segundinha. Ele correspondeu altamente as expectativas, tanto que em seguida levei ele para disputar a Copa do Brasil pelo Ypiranga (AP)”, contou.
“Tenho um carinho muito especial por ele e fico muito feliz pelo momento dele. Mesmo diante de tudo isso, está me ligando, pedindo conselhos. Fico feliz dele estar sempre lembrando que tenho um pouco de parcela nesse momento, principalmente pelos conselhos que costumo passar”, afirmou o técnico.
Ídolo no Paysandu por sua trajetória como jogador, Lecheva chegou a dar uma força para que Dioguinho fosse contratado pelo time bicolor. A situação seria quase uma “atravessada”, já que, na época, o meia fazia testes no Remo.
“Tem um fato que fico triste. Um diretor do Paysandu, ou alguém ligado ao clube, me ligou perguntando sobre o Dioguinho. Não tenho por hábito indicar jogadores, principalmente para o Paysandu, onde tenho abertura grande por toda minha história. Fiz pouquíssimas vezes isso, acho que só duas vezes e ambos foram muito bem”, falou Lecheva.
“Na ocasião, Dioguinho estava fazendo uma peneira no Remo quando esse diretor me perguntou. Disse que poderia levar de olhos fechados para o Paysandu, que ele tinha muito potencial. Conseguiram tirar ele dos testes no Remo e chegou até a assinar um pré-contrato com o Paysandu. Isso foi final de novembro, início de dezembro de 2018, se não me engano. Para minha surpresa, quando começaram as apresentações dos jogadores do Paysandu, Dioguinho foi preterido”, lamentou o ex-volante bicolor.
O técnico disse que não sabe o motivo para que Dioguinho tenha sido dispensado.
“Não sei se a comissão técnica que assumiu ou o diretor executivo decidiram não dar prosseguimento no pré-contrato que ele tinha com o Paysandu. Fiquei triste na ocasião, porque ele tinha saído de uma oportunidade, de repente, de ser aprovado no Remo, a pedido de um diretor do Paysandu, mas o clube acabou não honrando o pré-contrato que tinha assinado. Ele foi para a Curuzu, assinou tudo direitinho, mas acabou não ficando. Dioguinho continuou trabalhando comigo, sabíamos que a oportunidade iria aparecer de novo. Trouxe ele para jogar no Amazonas (AM), onde foi um dos destaques do time”, relembrou.
A relação de amizade entre ambos permanece até hoje. Lecheva contou que se tornou uma espécie de conselheiro do meia remista.
“Ele tem esse sentimento de gratidão por mim. Sempre dei muitos conselhos para ele. Está sempre me ligando. Na véspera do último Re-Pa, na Curuzu, pediu conselhos de como jogar um clássico. É um garoto muito humilde, profissional, trabalhador, sem vícios. Fico muito feliz pelo momento que ele está vivendo. Já dei aquele velho puxãozinho de orelha para que não deixe as coisas subirem à cabeça. Sabemos que ele está em um grande clube do Pará, mas futebol é momento. Tem que curtir esse momento, mas não esquecer sempre de olhar para frente”, ensinou.
Dioguinho é representado pela mesma empresa que agencia outros destaques paraenses, como os atacantes Leandro Carvalho (América-MG); Sandro Lima (Gençlerbirligi, da Turquia) e Welthon (Vitória de Guimarães, de Portugal).
Com destaque no Amazonas (AM), Dioguinho chamou a atenção do Castanhal, onde chegou em 2020 cheio de expectativas para mostrar seu futebol.
“(O presidente) Helinho me ligou para ir para o Castanhal, ele ia levar o (meia) Fazendinha, que também estava no Amazonas (AM). Fui, porque, na minha cabeça, jogar o Campeonato Paraense por inteiro faria me destacar. As coisas foram dando certo no Castanhal. Chegamos até as semifinais, conseguindo o objetivo do clube”, contou.
No Japiim, a boa fase continuou. Com 5 gols em 11 partidas no Parazão 2020, o destaque levou ao meia um contrato com o Remo para disputar Série C do Brasileirão e Copa Verde. Foram 17 partidas, apenas 2 como titular e nenhum gol marcado, mas para ele, o que importava era estar no elenco, só aguardando uma oportunidade.
“Quando cheguei no Remo, nem eu mesmo acreditava. Depois de um tempo foi caindo a ficha”, disse Dioguinho.
“Se entrasse com 5 ou 2 minutos para acabar, é como se jogasse 90, foi engraçado. A expectativa era boa. Sempre coloquei na cabeça que se ele (Paulo Bonamigo) me desse brecha, ia jogar”, afirmou.
Inicialmente, o vínculo do jogador seria até o fim da Série C, no dia 31/01. Contudo, o meia teve o contrato renovado até dezembro, com direito a um aumento salarial.
“Uma hora ou outra iria aparecer minha oportunidade. Demorou, mas apareceu. Estou dando continuidade e Deus está só abençoando”, concluiu.
Globo Esporte.com, 12/04/2021
linda demais a história dele
Parabéns DIOGUINHO, sua história de vida é um exemplo pra muitos que, pensam logo no início desistir e não mais correrem atrás dos seus sonhos, a sua estrela brilhará imensamente ainda e dará muitas alegrias ao fenômeno azul e ao clube do REMO.
Os dois irão brilhar na Copa do Brasil e na Série B, Dioguinho e o Remo. Então, ambos podem ter a certeza que o contexto lhes é favorável e o dois ficarão para a história do futebol. e os que contribuíram para isso também serão lembrados, dentre eles Lecheva e Paulo Bonamigo, dentre outros.
Vai firme Dioguinho treina finalizações voce vai ser o cara ….esquece a mucura.
Dioguinho vc é um trabalhador e exemplo pros garotos que querem seguir esse caminho vc mostrou que com respeito seriedade humildade podem alcançar seus sonhos parabéns vc ainda vai para um time da 1divisão.
Parabéns Dioguinho por sua história de superação! Seja muito bem vindo ao Clube do Remo!!!
Ou seja, não fez escolinha, não treinou em base praticamente nenhuma, nem sei se treinou fundamentos, mas está se destacando por seu talento nato! Quando Dioguinhos existem por aí? Que continue humilde e aprimorando seu futebol, já teve uma caminhada muito irregular de ondas e vindas.
Leão de Antônio Baena, não está mais com pressa, agora me lembrei do Wallace, só foi assinar um contrato mais extensivo que o futebol sumiu, não querendo secar o Dioguinho, mas é o Remo sentar e conversar com o rapaz, multa, etc…
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