Fenômeno Azul
Fenômeno Azul

O futebol brasileiro aos poucos está mudando e cada vez mais grupos de investidores estão buscando clubes de futebol para realizar negócios. Cruzeiro (MG) e Botafogo (RJ) são pioneiros na questão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

Em Belém, o Remo possui uma proposta de compra feita pela empresa VL Gold Dubai, administrada pelo ex-jogador de futebol Leandro Rodrigues. O valor ofertado pela empresa ao clube azulino seria de 40 milhões de euros, cerca de R$ 210 milhões, mais acréscimos de 25% do valor em caso de acesso à Série B.

Um documento foi formalizado e entregue a um representante de Leandro Rodrigues no Pará, que não teve o nome divulgado, mas que seria conselheiro azulino e estaria tratando diretamente com o presidente do Condel, Milton Campos.

“Faço gestão de investidores fortes do mundo árabe e temos um acordo de fazer a compra de um clube no Brasil. Trabalho com commodity, intermediação de compra e venda de ouro e diamantes, títulos, criptomoedas. Acredito que o Remo seja a melhor opção de investimento não só no Pará, mas também no Brasil. O Remo, a nível de torcida, possui um potencial que faz o time ir para frente, que sempre sustentou o clube quando esteve em baixa e é bem destoante do cenário brasileiro”, disse Leandro.

“Se pegarmos o Remo, sem observar que ele se encontra na Série C, mas em termos de torcida e potencial de crescimento a nível de futuro, o Remo está igual ou acima de pelo menos uns 6 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro”, disse.

Atualmente morando em Zurique (Suíça), Leandro Rodrigues disse que conhece a relação dos clubes de Belém e afirmou que em algumas situações, pessoas ligadas ao clube como colaboradores, já se intitulam “donos” da instituição pelo fato de ajudar, mas que isso pode mudar com a questão da SAF, que busca mexer com o futebol e os clubes colhendo os frutos da SAF.

“A negociação está bem no início, mas ficamos temerosos, pois já conhecemos o cenário do Estado do Pará, como funciona a parte de diretoria, Condel, investidor que sempre ajudou o clube, mas que já se intitula proprietário e já se intitula mais que o presidente. Sabemos como funcionam o futebol brasileiro e no Pará. Estava conversando com um amigo, de colocar o torcedor do Remo à par do que está se passando, para que ele não seja enganado. É mais fácil passar a informação fidedigna ao torcedor, que é o maior interessado no clube, que existe uma proposta real e que isso pode mudar o futuro do Remo por completo. O cenário do futebol brasileiro na questão de SAF, quem aproveitar agora, vai colher bons frutos na frente”, afirmou.

“Temos pressa, pois não queremos pegar um clube que seja demorado o processo. Muito do meu debate com os investidores do dinheiro é isso. Tudo se dará através da minha empresa, 100% do início ao fim”, completou.

“Caso (o negócio) não seja feito agora e deixe para acontecer (depois), o Remo terá o cenário de 3, 4 ou 5 anos para retornar à Série A do Campeonato Brasileiro. O Remo terá totais condições mediante ao investimento dessa envergadura, se acelerarmos o processo a subir à Série B, daí se equipara ao interesse inicial de investir, que seriam em equipes das Séries A e B”, disse.

Leandro Rodrigues informou que é o dono da empresa VL Gold Dubai e que os investidores – que seriam do mundo árabe – não querem aparecer neste momento, mas que todas as garantias serão dadas por sua empresa ao Remo em tudo que for necessário. A escolha por conduzir o possível negócio pelo Condel, sem passar pela presidência, teria partido do processo político que o Remo vive, após o descenso para a Série C.

“O dono da empresa sou eu. Os donos do dinheiro não querem aparecer. Tudo ocorrerá através da minha empresa. Corre o rito normal e chegará o momento em que o Remo terá que exigir a garantia, uma prova de fundos, que será apresentada sem problema algum, mas é necessário dar início ao negócio. Existem procedimentos, etapas, que é preciso transcorrer”, contou.

“Fizemos a proposta em Belém, através de um amigo que é muito próximo do Remo, consultei ele sobre o melhor caminho e achamos mais pertinente conduzir pelo lado do Condel, que é por onde se determinam as coisas dentro do clube, do que ir pela presidência. Foi por esse lado que avançamos”, revelou.

“Tenho um amigo que está conduzindo essa situação. Ele é uma pessoa envolvida com o clube, sério. Acredito que ele já tenha entregue isso nas mãos do Milton Campos (presidente do Condel) e agora só depende do clube debater entre eles e avançar nas próximas etapas”, continuou Leandro.

Para chegar até o Remo, uma pesquisa de mercado teria sido feita ela empresa, que identificou o Clube do Remo com tendo o melhor potencial econômico, além de ter como base as negociações realizadas no Brasil em relação a SAF.

“Tudo é discutido pelos investidores e por mim. Fizemos uma pesquisa de mercado elaborada por mim, pela minha empresa, para chegarmos a esses termos. Nos baseamos por tudo que já ocorreu no Brasil em termos de investimento em SAF e em outras questões de mercado exterior de futebol”, comentou.

A possível negociação do Remo com a SAF possui algumas metas estabelecidas, além de mudanças no trabalho interno do clube e profissionalização de algumas áreas.

“O projeto é Série A em 2 anos. Só depende da diretoria do Remo. Investimento temos para realizar, potencial técnico para trabalharmos a equipe também temos. Eu ficaria como proprietário do clube, faria a gestão, contrataria pessoas capacitadas, profissionalizaria de fato o futebol e daí para frente. Já tenho algumas questões estabelecidas e uma delas é morar em Belém”, contou.

O dinheiro investido no Remo nesta primeira etapa, caso o negócio seja feito, será dividido em algumas áreas e uma delas seria o estádio Baenão, que passaria por melhorias, além de buscar parceria com Estado na administração do Mangueirão.

“Esse valor é o total. Desse valor sairá uma porcentagem inicial para quitação de dívidas, capital de giro, investimento de algumas coisas de imediato, além de investimento em curto período. Isso é praticamente para ser investido neste ano no clube para ascender à Série B, desde contratações atletas, novo CEO, pessoas capacitadas para fazer a gestão do clube de forma ímpar. O Baenão, com investimento, vai depender muito do governo, de pegarmos e fazer a gestão do Mangueirão para que só o Remo possa jogar no estádio, além do novo CT, temos um projeto bem bacana e elaborado”, falou.

Leandro afirmou que o Remo possui outra proposta de SAF, mas que a concorrente é bem inferior ao que teria sido apresentado ao clube através de seu correspondente. Segundo Leandro Rodrigues, o Remo já estaria em fase de inicial de discussão.

“Meu amigo já está de posse de um documento, não sei se o Milton Campos está de posse disso. O que foi passado para mim é que eles estão discutindo de forma inicial e embrionária. Recebi que o Remo também tem outra proposta, de uma empresa brasileira, bem inferior a nossa e que de fato, ele me transmitiu essa é a melhor oferta que o Remo possui”, disse.

Para o dono da VL Gold Dubai, o fato do Remo ter um número baixo de dívidas ajudou a negociação com os investidores, já que eles não queriam clubes da Série C e com altos valores em pendências. A proposta da VL Gold Dubai foi feita no dia 28/04 e tem validade de 30 dias.

“A proposta é válida por 30 dias. Depois disso, ela perde validade e destinamos a atenção para outro lugar. Isso vale até próximo ao final do mês de maio. Temos muita pressa, pois não é interessante para nós, pegarmos uma equipe da Série C. Só é interessante para nós uma equipe da Série C que tenha potencial de ascender à Série B ainda esse ano”, declarou.

“Para que possamos seguir dando atenção ao Remo, é necessário ser rápido, para que sejam feitos os investimentos necessários ainda esse ano e suba em 2022. Pode acontecer que o Remo não suba por questões técnicas, pode ocorrer, mas isso tudo está dentro dos riscos calculados e não seria por falta de aporte e ação técnica, com o mínimo de estrutura”, afirmou.

A empresa de Leandro também negocia a compra de um clube da Segunda Divisão da Inglaterra e, segundo o empresário, é necessário rapidez para que se tenha investimento de imediato no Remo.

“Estamos com pressa, pois estamos fazendo a aquisição do Swansea (Inglaterra), mas isso é em outros moldes. Só irei deter 10%. É uma conexão extremamente necessária. Não temos muito tempo para gastar com possibilidades que não venham a convergir à concretização. Precisamos de fato fazer acontecer para que no ano que vem já tenhamos a máquina girando”, contou.

Perguntado sobre os motivos do rival Paysandu não fazer parte do leque da VL Gold Dubai, Leandro afirmou que o Remo possui uma projeção melhor de futuro que o clube bicolor e que o Leão estaria à frente em relação a negócios.

“Conheço um pouco mais o Paysandu do que o Remo, em termos internos, mas sinceramente, não vejo o Paysandu à frente do Remo em termos de projeção de futuro. Não quero, obviamente, ofender o carinho que tenho pelo Paysandu, mas meu amor é pelo futebol do Pará. Em termos de negócio, o Remo está bem à frente do Paysandu. Na minha ótica de futebol e por investimento, optamos pelo Remo com muita facilidade”, finalizou.

O presidente do Clube do Remo, Fábio Bentes foi procurado para falar sobre essa proposta. O mandatário azulino desmentiu a situação e afirmou que desconhece o assunto.

“Nunca chegou proposta alguma. Isso é fake! Sequer ouvi falar sobre isso”, disparou Bentes.

O Liberal.com, 04/05/2022

7 COMENTÁRIOS

  1. se for seria epresa tem que fazer e ter clausulas de garantias de despesas de jogadores saindo de um fundo de poço agora é decolar o presidente tem sua responsabilidades e meritos e torcida nem se fala né mano

  2. O Remo praticamente não tem dívida, atualmente com gestão responsável e sua torcida ímpar é um excepcional patrimônio, ou seja, o futebol Remo é um tesouro a explorar e lucrar certo em médio prazo para grandes empreendedores.

    A questão são os sanguessugas do clube que não largam o osso e vão colocar o máximo de dificuldade na transformação do Remo SAF.

    Mas se essa proposta de 210 milhões para a compra do futebol do Remo (direito de exorar a marca, história, torcida…) vier a ser real, é uma questão de a avaliar com muito critério, e se for confirmada que é uma empresa séria e idônea, seria o caso de iniciar uma negociação que garanta um projeto do Clube do Remo SAF como uma organização sólida e lucrativa, resguardando os patrimônios tangíveis e intangíveis atuais do poderoso Leão Azul.

    • Sem entrar no mérito do interessado, mas o valor de R$ 200 milhões pelo futebol do Remo é muito baixo!
      Não é questão de ser contra a ideia de SAF, até porque esse caminho é sem volta, como disse o próprio Fábio Bentes em uma entrevista recente, mas é questão de mensurar o valor real da marca no mercado.
      Atlético-MG recentemente recusou uma proposta de R$ 1 bilhão porque no entendimento deles, o futebol do clube vale mais que isso.
      Esse é o ponto!

      • Exato Remo100%, a proposta financeira é um dos itens de negociação, por isso antes de mais nada a direção do clube precisa saber o valor de mercado do futebol do Remo para avaliar quanto os 210 milhões o corresponde, aí é possível fazer contraproposta com venda parcial, por exemplo.

        Caso seja realidade a intenção da VL Gold Dubai na Remo SAF, antes de mais nada, é fundamental avaliar a idoneidade do investidor e sua capacidade de cumprir com a proposta de crescimento do clube e honrar os compromissos com os stakeholders do Remo.

  3. Ala amigos do Remo 100 porcento, se caso isso aconteça para onde vai o dinheiro da compra do SAF? E quem vai administrar o dinheiro quem comprou o SAF?

  4. Vocês acham que vai chegar alguém pra simplesmente investir 200 milhões pra deixar na mão desses dirigentes que além de não investirem nada no clube, aínda levavam o pouco que tinha.
    O valor é considerável levando em comparação com os grandes clubes do Brasil que estão passando pelo mesmo processo. Dá pra pra modificar sim esse novo modelo de administrar o futebol do Remo.
    E os investidores já querem a resposta em 30 dias caso o contrário vão procurar outro grande clube interessado. Obs: se essa proposta cair nas mãos da mucura eles não vão pensar duas vezes, é pegar ou largar !

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