Presidente do Remo nega negociação da SAF: “Começou errado”

Nas últimas horas, o torcedor do Leão foi surpreendido com a informação de uma suposta negociação que envolveria a compra do futebol azulino. Segundo informações, a empresa VL Gold Dubai, do ex-jogador Leandro Rodrigues, teria proposto o valor de 40 milhões de euros, cerca de R$ 210 milhões, mais acréscimos de 25% em caso de acesso à Série B.

O documento já estaria formalizado e entregue a um representante do empresário no Pará, que seria membro do Conselho Deliberativo do clube e estaria tratando diretamente com o presidente do Condel remista, Milton Campos.

“Não chegou absolutamente nada na minha mão e nem tenho como falar de algo que desconheço totalmente”, disse Campos.

O presidente Fábio Bentes também negou qualquer tipo de procura por parte da empresa.

“Você acha que algum grupo sério viria e não reuniria com o presidente do clube? Iriam falar com um amigo do amigo, que vazaria para a imprensa sem ter nada sequer tratado?”, indagou o mandatário azulino.

Bentes também informou que se a proposta vier de fato a ser formalizada, o clube está aberto para analisar e ver as possibilidades de negociação.

“Não tenho nem como comentar muito de algo que nunca chegou oficialmente no clube. Estou até assustado, pois tem a entrevista de um possível investidor, mas em nenhum momento, ninguém procurou a diretoria, nem por intermediário ou até mesmo diretamente. Não tenho ciência”, criticou.

No entanto, o presidente azulino frisou que, como executivo do Clube do Remo, sua obrigação é avaliar, caso haja uma proposta ou mesmo o início de uma abordagem para esse fim.

“Se for uma coisa real, concreta e vierem procurar o clube, vamos analisar, pois nosso papel é analisar e avaliar com quem tem que se verificar, mas dessa forma já começa errado. Pela imprensa, dando até entrevista e falando a respeito de uma coisa que nunca chegou no clube? Já começou errado. Até que se prove ao contrário, é fake!”, prosseguiu.

A revolução no futebol brasileiro está apenas começando. Cruzeiro (MG) e Botafogo (RJ) já deram o ponta pé inicial. O Vasco (RJ) realiza estudos e deverá enviar o projeto ao seu Conselho Deliberativo.

Para Fábio Bentes, esse é o futuro dos clubes e aqueles que não se atualizarem ficarão para trás, como aconteceu com o Clube do Remo há alguns anos, quando o cenário futebolístico mergulhou na profissionalização.

“Queremos entender qual seria o modelo mais adequado, caso o Remo vire SAF. Qual seria a colocação do Remo nesse novo jogo que está surgindo no futebol? Tenho uma opinião, que é que daqui a alguns anos, quem não se transformar em SAF, vai perder espaço, assim como quando começou a era da profissionalização no futebol, no início dos anos 2000. Quem não se profissionalizou, perdeu espaço. Foi o que aconteceu com o Clube do Remo, que demorou e perdeu espaço no mercado nacional”, destacou.

No início de abril, o Conselho Deliberativo azulino realizou uma reunião extraordinária entre todos os seus membros no Salão Nobre da Sede Social, no qual, através de pauta única, foi explanado para todos os presentes o projeto da Sociedade Anônima do Futebol. O clube também contratou uma assessoria especializada para fazer um estudo e verificar a viabilidade do futebol do Remo se tornar uma SAF.

“Mais da metade dos times que estão na Série A e alguns do estão na Série B, também estão em processo de transformação em SAF. No Brasil, isso virou sinônimo de um investidor vir e comprar, mas não é só isso. Tem também várias possibilidades e mecanismos que abrem várias portas e reduzem cargas tributárias, gerando uma série de facilidades. Não só os clubes endividados, mas também alguns saneados estão em processos. No nosso caso, estamos estudando a lei. Já fizemos o primeiro debate e agora estamos passando pelo processo de análise interna do clube através de uma consultoria”, disse.

“A consultoria está analisando toda a documentação e situação do Remo, como endividamento, patrimônio, potencial e capacidade de arrecadação, para elaborar um diagnóstico e ver quais as possibilidades e caminhos de acordo com a nossa realidade. A partir disso tudo, aí sim, depois disso tudo, vamos debater todos os caminhos”, apontou.

“Não tem nada certo. Tudo está longe de uma definição. Esse é o começo dessa discussão e acho até que começamos tarde, pois outros clubes estão discutindo há tempos e somente agora estamos iniciando esse processo de transformação”, finalizou.

Diário Online, 04/05/2022