Ricardo Catalá – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)
Ricardo Catalá – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)

O futebol do Clube do Remo voltará às suas atividades a partir da segunda quinzena de dezembro. Pelo menos essa é a previsão para que o elenco de 2024 já esteja em Belém para o início da pré-temporada.

Até lá, o desafio é montar um elenco quase do zero. Atualmente, cerca de 10 jogadores estão garantidos no início do ano que vem, entre remanescentes da temporada 2023 e atletas oriundos das divisões de base.

Por volta de 20 atletas devem ser contratados visando o principal objetivo da temporada que está por vir. O “timoneiro” da nau azulina será o paulista Ricardo Catalá, que volta ao Baenão com a missão de levar o Leão para a Série B, com a responsabilidade de ter a confiança da maior parte da torcida.

Catalá chegou ao Remo no dia 25/05, em substituição a Marcelo Cabo, quando a equipe somava 4 derrotas nas 4 primeiras rodadas da Série C. A campanha daí em diante foi boa, com 55% de aproveitamento, mas que não foi suficiente para a classificação à fase seguinte.

“O torcedor consegue perceber esse amor que tenho pelo que faço”, comentou o treinador, quando perguntado sobre essa sinergia.

Ao contrário da situação encontrada quando foi contratado, há 4 meses atrás, agora ele tem uma folha praticamente em branco diante de si, mas sabe que a responsabilidade não é menor, apenas diferente.

O caminho continua árduo, mas segundo o treinador, a possibilidade de iniciar um trabalho aumenta as chances para se conquistar o fruto esperado no fim.

O Remo sai muito atrás em relação aos adversários da Série C, que já vinham reformulando seus elencos?

O tamanho do prejuízo está muito mais conectado com as nossas ações nesses primeiros 10 dias, porque o tempo que temos até aqui foi bem aproveitado. Fomos eficientes e assertivos nos primeiros dias. Obviamente, que essa conta vai se igualar e a gente vai conseguir brigar em condição de igualdade com todos.

O fato do começo do ano ainda ser regional, não ser ainda o principal objetivo, que é a Série C, minimiza esse prejuizo na busca de reforços?

Sim e não. Sim, porque na minha cabeça, nosso principal objetivo é o acesso. Vamos usar esse período para desenvolver a equipe para que ela chegue na Série C com tudo que precisa para ser uma equipe de ponta na competição. Por outro lado, estamos no Clube do Remo, um clube gigante dentro do seu Estado e dentro das competições que disputa, com uma camisa pesada, que precisa vencer. O desafio é equilibrar esses objetivos, ora um pouquinho mais para o lado, ora um pouquinho mais para o outro, para que a gente consiga fazer as duas coisas, ganhar e se desenvolver.

Isso vai obrigar o trabalho a queimar etapas ou o pensanento é uma preparação voltada, principalmente, para o Campeonato Brasileiro?

Dentro da minha cabeça, o cronograma vai ser seguido à risca, até porque temos convicção do que estamos fazendo e para onde a gente vai. Não faria sentido que o resultado ou que coisas alheias ao que a gente controla, direcionasse e guiasse o trabalho. Temos uma direção, um guia, um norte. É nesse caminho que queremos seguir. Claro, quando cheguei, no ano passado, peguei uma situação muito desfavorável. O objetivo era primeiro salvar o time e depois pensar na classificação.

Você encontrou um time em crise e procurou primeiro acertar a defesa, o que deu certo. Agora, tendo a oportunidade de montar um elenco, o que esperar do time azulino em 2024?

Na verdade, acredito no equilíbrio e foi o que aconteceu. Sob meu comando, fomos a 2ª melhor defesa do campeonato e os números confirmam isso. Fomos a 3ª equipe que mais finalizou, a 2ª equipe que mais criou chances claras. Entretanto, não tivemos um bom aproveitamento. O time criava, mas tinha uma dificuldade nas finalizações. Então, o equilíbrio estava ali, ele já existia. Quando você faz o gol, esse número demonstra o equilíbrio. A ideia é que a gente continue criando muito, concedendo pouco para o adversário, para que a gente seja uma equipe competitiva.

Mesmo sem conseguir a classificação para a 2ª fase da Série C, seu nome foi quase um consenso junto à torcida. Como você analisa essa relação?

Sou um cara que acredito muito em energia e penso que a energia que o torcedor sente é a mesma que a minha. Acho que o torcedor conseguiu perceber paixão, amor e dedicação. Vivi 24 horas no clube, é assim que trabalho, é assim que me dedico. Me dedico à minha profissão, amo o que faço. Quando você ama o que faz, fica tudo muito mais fácil. Acho que o torcedor consegue perceber esse amor, essa energia, esse envolvimento.

Você teve outras propostas enquanto esperava o fim do periodo eleitoral do Remo. Há ainda uma grande ressonância no mercado e na carreira ter um acesso ou título com um clube de massa, mesmo estando longe das maiores divisões?

Na verdade, nem pensei nisso, porque acho que esse pensamento seria de usar o clube. Aí a relação já não é saudável. Na verdade, tenho algumas premissas de carreira. A primeira delas é não ficar pulando de galho em galho. Quero construir uma carreira de projetos. Até hoje, praticamente todos os clubes que passei tive mais de um ano e meio no comando. Isso demonstra longevidade, demonstra um envolvimento com a instituição. Normalmente, entrego resultado, então acredito muito que juntos temos condições dentro do Clube do Remo de construir um projeto vencedor. Quanto tempo isso vai durar? A gente não sabe nunca, mas o que me atrai é a possibilidade de construirmos algo bacana, deixar um legado para o clube do ponto de vista esportivo.

O quanto o Ricardo de hoje é diferente do que chegou para assumir um time em crise na Série C?

A vantagem é conhecer o clube, as pessoas, a cidade. Honestamente, me sinto tão forte quanto no primeiro dia. Se levar em consideração a responsabilidade e o tamanho do desafio do contexto em que cheguei e o de hoje, agora é bem mais fácil do que quando cheguei. Me sinto no mesmo nível de força mental, física e energética. Espero um 2024 especial para que o torcedor se sinta feliz e orgulhoso no final da temporada.

Mais fácil como?

Mais fácil no sentido de planejar, montar o elenco, mais fácil quanto ao contexto. Cheguei no Remo na 5ª rodada com zero pontos, com objetivo de subir. Tudo remava na direção contrária, com dificuldades para contratar, porque o estatuto impedia, com o jogador que fazia a diferença se lesionando (Pedro Vitor). Ainda assim, buscamos o melhor com o que tinha. O trabalho do treinador é esse, não de buscar desculpas e, sim, procurar soluções para os problemas que acontecem a todo instante.

O Paysandu conseguiu o acesso, isso tende a criar uma cobrança ainda maior da existente no Baenão?

Não sei se tem. Honestamente, essa é uma coisa que não tira nada do meu sono e nem me preocupa. A maior cobrança que tenho para o meu trabalho e para mim mesmo é a minha, não é de ninguém. Não sou movido ao que acontece na rua, ao que está alheio ao que controlo. Sou movido ao que controlo. Minha ambição é vencer tudo que for possível, o maior número de vezes. Nesse caso específico, terminar 2024 com o Remo sendo um dos 20 clubes da Série B em 2025. É para isso que vou trabalhar, independente da cobrança de onde ela vier, de como ela vier, em que nível ela estiver.

Para finalizar, o Remo está em obras avançadas no CT. O quanto prejudicou não ter um CT esse ano para trabalhar e o quanto isso vai ser um salto para 2024 ter esse espaço próprio só para treinamento?

A gente precisa do campo do CT, a gente precisa de uma academia melhor. Mais para frente, tem algumas coisas que caminham em paralelo, mas independente do quanto estar pronto no início e do quanto vamos desenvolver esses projetos no decorrer da próxima temporada. Quanto mais o clube fizer um trabalho na direção de desenvolver sua infraestrutura, melhor o Remo vai estar preparado para quando chegar em uma Série B e atrair jogadores, oferecer boas condições de trabalho para quem quer que seja o treinador. Então, esse desenvolvimento tem que ser pensando na grandeza e no crescimento da instituição, não especificamente na temporada de 2024.

Diário do Pará, 19/11/2023

5 COMENTÁRIOS

  1. Boa aquisição do gerente executivo…agora fica a figura do CEO, prometida pelo Tonhao, mais um departamento decente e profissional de analise

  2. Agora o Remo tem q montar um projeto em q os objetivos principais ao postos pela direção do clube ao tecnico, q por sua vez junto com a comissão técnica, apresenta os perfis compatíveis a montagem do elenco relacionadas aos objetivos / projeto. O Executivo, junto com a análise de desempenho respaldado financeiramente pelo clube vai correr atrás dos jogadores em ordem de preferência e capacidade monetária do clube a aquisicao. Tdo isso também olhar atento do CEO q ira não so ser o ponto de controle geral, mas uma ponte entre o Futebol e a Presidência do Clube.

  3. Precisamos crescer nos bastidores com urgência.Acredito que o Tonhao,por ter sido discípulo de Manoel Ribeiro e Dr.Ronaldo Passarinho,consiga esse feito;perdemos muito fora de campo nos últimos anos.

  4. Pelo menos trouxeram um executivo de peso e não aprendiz.
    A única coisa que esta me preocupando é a possível contratação do Camilo, é um bom camisa dez, mas está em final de carreira.
    Espero que o Remo não caia no mesmo erro dos anos anteriores em trazer jogadores velhos e parado.

  5. Critiquei bastante por atitude agora me parece que tudo saiu do anonimato que o pensamento de nova diretoria e ver de fato o glorioso clube do remo em patamares diferentes rumo a grandes títulos e no cenário brasileiro como um clube gigante igual sua torcida chamada de fenômeno azul de fato.

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