Rodrigo Santana – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)
Rodrigo Santana – Foto: Samara Miranda (Clube do Remo)

Desacreditados e vivendo um momento de baixa. Foi assim que começou a relação entre Remo e o técnico Rodrigo Santana nesta temporada. Além de trabalhos sem brilho nos últimos anos, o treinador ficou marcado por participar de um ato antidemocrático em 2022 – algo que ele diz se arrepender.

Por conta disso, sua chegada ao clube não era esperada, principalmente pelo momento em que o Leão estava, na zona de rebaixamento da Série C, de onde conseguiu sair com o treinador e nunca mais voltou.

Antes de Rodrigo, o Leão passou longas e terríveis 35 rodadas – desde o final da 1ª fase de 2022 – sem ao menos entrar no G-8 da competição, algo que só foi acontecer na 15ª rodada.

Segundo o treinador, mesmo com a situação delicada do Remo, ele aceitou a proposta azulina “de pronto”, afirmando que se sentia pronto, mesmo sabendo da desconfiança sobre seu trabalho.

“Estava preparado para aquele momento, para chegar, para aquela pressão, uma certa desconfiança, porque eles não conheciam meu trabalho. Com muito trabalho, juntamente com minha comissão técnica, os funcionários do clube, a gente conseguiu dar conta e conseguimos enxergar o mesmo peso de estar na parte de baixo. A camisa também puxa para cima nessa reta final e nos faz voar, principalmente nos jogos em casa”, disse.

Antes dele, o Leão havia somado apenas 4 pontos em 5 jogos. Depois da chegada do técnico, foram 31 pontos somados em 19 jogos disputados, com 9 vitórias, 4 empates e 6 derrotas.

Para essa mudança drástica, Rodrigo tentou identificar o “causador do problema”. O técnico de 42 anos comentou que tem uma abordagem diferente para cada jogador.

“Criamos um sistema de jogo, onde praticamos dentro da semana e vimos eles desempenhando dentro do treinamento. No final, perguntamos se estão se sentindo seguros, se estão bem. Vamos pegando as impressões deles, aí vamos criando uma integração mais fácil entre comissão técnica e jogador. Às vezes, como o jogador não tem a liberdade de chegar e dizer que não está se sentindo bem, as chances de dar errado é maior. Então, nossa comissão procura trabalhar ‘olho no olho’, nunca manda recado para o jogador. Tem jogador que você tem que chamar com mais força, alguns precisam ser chamados para perto. Cada cabeça é um mundo, cada jogador responde de um jeito”, comentou.

“Quanto mais cedo você entender quem é quem dentro do seu vestiário, quem é o líder positivo, o negativo, quem é o técnico, tudo isso você tem que ir mapeando para criar suas armas”, ensinou Santana.

Rodrigo nunca mencionou que o Remo estava lutando contra o rebaixamento, mesmo nos piores momentos. O foco e o discurso sempre foi no acesso para a Série B.

O clube garantiu a classificação para o quadrangular com 26 pontos. Nunca uma equipe havia passado para a 2ª fase com uma pontuação tão baixa. Contudo, o Leão mostrou que não era inferior aos outros times, conquistando o acesso com uma rodada de antecedência.

Diante do retrospecto e a polêmica em que esteve envolvido, Rodrigo Santana encarou o momento vivido no Leão como uma “redenção” na carreira.

“O treinador vive disso, tem que abraçar essas oportunidades, mesmo quando as coisas estão muito difíceis. É evidente que quando o cara está na crista da onda vão existir propostas, vai dar algumas negativas, vai escolher onde quer trabalhar, mas, na verdade, tinha feito um bom Campeonato Mineiro pelo Athletic (MG) e estava no mercado aguardando. Já tive duas situações, duas propostas que não quis ir. Estava em casa, mas como o Remo poderia me proporcionar algo maior, acabei aceitando”, revelou.

A redenção do treinador e do Remo passam pelo apoio da torcida, que lotou o estádio Mangueirão no quadrangular. Mais de 100 mil pessoas apoiaram a equipe nos 3 jogos em casa na 2ª fase. Porém, não é foi primeira vez que Rodrigo teve ao seu lado uma torcida fanática, já que treinou o Atlético (MG), em 2019.

“É a mesma característica. É um fanatismo muito grande. A torcida do Atlético (MG) também é gigante, sabe cobrar bem, sabe viver o clube. Foi mais um clube que me deu uma experiência muito grande, que fez com que as coisas fossem muito mais fáceis de lidar, tanto com imprensa quanto torcida e o dia a dia. É um clube grande, que exige muito preparo para assumir um clube daquele nível. Foi onde também me ajudou a me capacitar para hoje conseguir ter sucesso aqui no Remo”, contou.

Globo Esporte.com, 18/10/2024

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