A história de um clube de futebol dentro da elite do “League of Legends” nacional está próxima do fim. Insatisfeita com o que considera “abandono” da nova gestão do clube do Remo, a Brave, detentora das equipes de esportes eletrônicos, não vai renovar o contrato com o Leão, que expira no dia 01/04.
Fruto do acordo iniciado em 2016, a Remo Brave disputa nesta terça-feira (21/02) o 1° Split do Campeonato Brasileiro de LoL. O acordo entre o clube azulino abraça também equipes de Counter Strike: Global Offensive e Crossfire.
A insatisfação da Brave teve origem na mudança de gestão do Remo. A parceria foi costurada inicialmente com André Cavalcante, ex-presidente remista. Em dezembro do ano passado, Manoel Ribeiro – adversário de Cavalcante – venceu as eleições e assumiu a gestão do clube.
A Brave entende que não recebeu a mínima atenção por parte desta nova diretoria. Vale ressaltar que relação é mediada pela Diretoria de Marketing do clube.
Diretor-geral da Brave, Tiago Sans confirma que a parceria com o Remo não será levada adiante. Uma proposta de renovação da parceria chegou a ser enviada à diretoria do clube nas últimas semanas. O pedido incluía o recebimento de uma luva com contrapartida de cessão de parte dos direitos econômicos dos jogadores. O valor ficou mantido em sigilo, mas os envolvidos afirmam que o montante não supera a folha salarial de um mês do futebol, que gira em torno de R$ 300 mil.
“Tivemos muitos problemas para implantar nosso planejamento, sobretudo nos últimos meses, que evidenciaram nossa necessidade de conversarmos sobre o futuro. Entregamos ao Remo as condições para a continuidade e renovação da parceria, mas não obtivemos respostas. Então, de fato, a parceria está chegando ao fim. Foi uma decisão difícil, sobretudo por conta do apoio incondicional que temos recebido da torcida, mas não conseguiríamos mais continuar empurrando a parceria sem o envolvimento real do Remo, algo que até agora não ocorreu”, decretou Sans.
A diretoria do Remo nega descaso e afirma ainda que não recebeu uma proposta oficial de renovação. Diretor de Marketing do clube, André Margalho diz que desconhece problemas de relacionamento com a Brave e cita uma suposta “supervalorização”.
No início do mês, Margalho afirmou que o Remo enxergava o esporte eletrônico como prioridade e anunciou uma coordenadoria para tratar os assuntos pertinentes ao setor.
“Não estou sabendo de absolutamente nada disso. Não fomos procurados. A não ser que tenham mandado por WhatsApp (a Brave diz que foi enviada por e-mail). A gente trata esse projeto com carinho. Não estou entendendo, desconheço esse tema”, disse o diretor.
“Assim como o Remo é mais que futebol, é também maior que esporte eletrônico. Não vamos ser reféns de ninguém. Estão querendo provocar uma situação pela imprensa. Não ficamos com o pires na mão para jogador de futebol, vamos ficar para isso? Precisa de uma formalização. O que não dá é para supervalorizar as coisas. Se eles acham que devemos ter uma comitiva para ir a São Paulo, estender um tapete vermelho, o Remo não tem condições de fazer isso. Tudo que eles pediram, eles receberam”, explicou Margalho.
Ao todo, no ano de 2016, durante a parceria com o Remo, a Brave, que tem 18 anos de atuação no setor, faturou em premiações mais de R$ 120 mil. O clube também disputou dois mundiais (Filipinas e China) de Crossfire. As equipes já estabelecidas seguem sem alteração em suas estruturas.
A ruptura entre a Brave e o Remo poderá ser percebida ainda no 1° Split do CBLoL. Lutando contra o rebaixamento e com chance muito remota de classificação, a equipe jogará sem as cores do Leão em caso de vaga nos playoffs ou disputa da Série de Promoção. Estas fases serão realizadas após o fim do contrato.
Sportv, 21/02/2017